Globo ironiza globais que acreditaram nas lorotas da Globo

Do O Globo

As previsões furadas de dez artistas para a Copa do Mundo

Por Mariana Filgueiras

Convidados a escrever contos exclusivos para O Globo em 2012, inspirados no bordão “Imagina na Copa!”, dez artistas têm seus textos revisitados agora: a maioria errou feio

RIO — Há dois anos, o bordão “Imagina na Copa!” ganhou as ruas do Rio. Num misto de pessimismo e incredulidade, os cariocas faziam as mais desastrosas previsões sobre a realização da Copa do Mundo na cidade, principalmente em relação ao trânsito, segurança pública e obras inacabadas — não sem motivo, é bom que se diga. Foi quando O GLOBO propôs a dez artistas que escrevessem contos exclusivos brincando com a frase “Imagina na Copa!”, num exercício futurista e assumidamente escrachado de como seria o Rio de Janeiro agora, em junho de 2014.
Nomes de perfis distintos, como o escritor e compositor Aldir Blanc, o jornalista e apresentador de TV Zeca Camargo, o ator e diretor Michel Melamed, o escritor e compositor Fausto Fawcett, a escritora Carola Saavedra, o escritor Flávio Moreira da Costa, a atriz Maria Clara Gueiros, o dramaturgo e humorista Fernando Ceylão, a escritora Adriana Falcão e o diretor Matheus Souza.

É curioso voltar aos textos dois anos depois (leia ao lado), e perceber como quase todo mundo deu com os burros n’água, mesmo em tom de brincadeira. O escritor e compositor Fausto Fawcett acreditou que o Rio viraria um engarrafamento infinito e que os protestos nas ruas seriam apenas os das mulheres desnudas do Femen; a escritora Adriana Falcão apostou numa inflação ainda mais surreal do que a que acontece, de fato, com pãezinhos da Rio­Lisboa custando mais de mil reais.

O dramaturgo, ator e diretor Fernando Ceylão achou que ninguém fosse aos estádios, e que as pessoas ficariam trancadas em casa, hipnotizadas pelas redes sociais.

— Embora saiba que hoje o ser humano passa mais tempo olhando para baixo do que para frente, por causa do celular inseparável, entendo que isso é parte de nossas vidas e não uma doença como muitos apontam. É assim que as coisas são agora, e acho curioso observar que as redes sociais viraram um paralelo com o jogo e seus comentaristas. A gente tem o Galvão, o Arnaldo, o Ronaldo e o Casagrande comentando as partidas, mas isso não basta. Precisamos do celular ali do lado para acompanharmos segundo a segundo o que cada pessoa do mundo tem pra comentar. É tipo o óculos do Robocop, que aponta todos os angulos de uma situação — brinca Ceylão.

Das poucas previões certeiras foram a do escritor Flávio Moreira da Costa, que escreveu uma divertida ata da Copa, onde constavam mais de “20 mil cusparadas em campo” (só o argentino Messi já deve ter dado umas dez mil…) e a da da atriz Maria Clara Gueiros. Ao comentar o excêntrico penteado de Neymar à época, ela soltou um… “Imagina na Copa!”

— A Copa chegou. A casa não estava arrumada, levamos umas broncas da FIFA. Quase ficamos de castigo. Imagina, todo mundo sem televisão e sem vídeo game! A FIFA é brava. Esse negócio de Padrão FIFA não é brincadeira, não. Aliás, esse negócio de Padrão FIFA é brincadeira… Acho que o legado dessa Copa deve ser estabelecer um padrão de qualidade de verdade pra tudo. Nosso país tem que funcionar bem, como o Neymar. Que tal adotarmos o Padrão Neymar? Ai, meu Pai! O cabelo… Sabe que eu to achando até bonitinho?

Redação

11 Comentários

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  1. É importante que a

    É importante que a vira-latice da mídia e de seus apoiadores & apoiados seja exposta a 1000%, que não se perca uma única chance de expor e lembrar esse malfeito. Eles devem pagar pelo que fizeram por diversos motivos. O primeiro deles é pq prejudicaram o Brasil e os brasileiros. Tanto na esfera econômica como naquela, sem-preço, da autoestima nacional. O segundo é que são maus profissionais tanto os da imprensa quanto os da academia e menos votados. Ou objetividade não é o dever básico dos profissionais da informação pública?? Se apanharem bastante talvez não “esqueçam” o que fizeram e não façam de novo.

    E não nos esqueçamos: essa mídia que está aí, bem como essa oposição política majoritária que temos, ambas vivem exclusivamente da vari-latice. Sem despertar essa disposição atávica à negatividade que está enraizada na cultura nacional, eles não têm fundo de comércio. Não sabem fazer imprensa objetiva nem tem proposta para o progresso do país. Vivem da desgraça e por isso sua única “ferramenta” é produzir desgraças imaginárias para nos preparar para as desgraças reais que provocaram e que querem voltar a provocar.

    Com todos os defeitos e tergiversações que estamos carecas de saber, os governos petistas conseguiram resgatar parte da autoestima nacional. Mas ao fazerem isso, mexeram justamente nas fundações do edifício da hegemonia política e cultural sob a qual repousa a dominação dessas elites pouco esclarecidas e de pequeno calibre moral. Não é por acaso que fomentam escândalos. É ao mesmo tempo sua arma mais forte e, a rigor, a única que dispoõem. E a raiva contra os petistas e seus apoiadores fica também fácil de ser compreendida.

  2. A Globo atrás dos bois de

    A Globo atrás dos bois de piranha para esconder a linha editorial escolhida pela direção para a cobertura pré-copa.

    Um lixo, tanto os seguiram o clima criado pela Globo quanto a direção e seus jornalistas que foram os que mais repercutiram a “determinação” dosaa seus patrões.

  3. A Globo sabe,

     que ainda tem muita gente no Brasil, com miolo mole; não pensa, não quer educação de qualidade, trabalhar dignamente, gerar impostos, ver o sorriso alheio, é pra essas pessoas que a emissora faz toda sua programação, qualidade, ela só tem de visual, o resultado; a gente vê nas ruas, quanto ainda tem de vira-latas nesse país.

  4. O meu “Imagina depois da

    O meu “Imagina depois da Copa” se fixa no desespero da Luiza Mel com a quantidade diluviana de “vira-latas” abandonados depois de 23 de julho. 

  5. Os desdobramentos da realização da copa do mundo

    Creio que em função da penetração do tema futebol, infinitamente maior dos que os temas de economia e política, é muito provável que haverá uma significativa redução do poder de influência da maior parte grande mídia,  principalmente nas próximas eleições.

    Pode ter sido um erro fatal de avaliação.

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