BNDES dará ênfase a projetos de inovação de automóveis

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Da Agência Brasil

O fim da expansão do setor automobilístico, que vem ocorrendo nos últimos meses, motivará o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a dar ênfase aos financiamentos para as montadoras que apostem em projetos de reengenharia, inovação e criação de modelos, disse o chefe do Departamento de Indústria Metalmecânica e Mobilidade do BNDES, Haroldo Prates, em entrevista à Agência Brasil.

No entanto, ele ponderou que os investimentos para implantação de fábricas e ampliação da capacidade produtiva continuarão ocorrendo. Segundo Prates,  os pedidos de empréstimo das montadoras para renovação da frota de veículos ocorrem com ou sem cenário de crise. “Se a empresa não modernizar o veículo que está vendendo, o consumidor vai comprar do concorrente”. Esse tipo de investimento e de financiamento do banco é algo mais perene. Não há  relação direta com a demanda, mas mostra grande correlação com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços fabricados no país.

Segundo ele, o incentivo a novos projetos não é novidade, já que fazia parte da programação tradicional de financiamentos do banco. “De três em três anos, normalmente, a montadora troca o modelo. Esses projetos as empresas trabalham usualmente conosco na linha de financiamento”, disse.

Nos últimos anos, o BNDES deu destaque aos financiamentos de projetos que apresentavam a maior demanda do mercado, que eram as ampliações do parque de produção das montadoras e a aprovação de novas plantas automobilísticas. As aprovações de financiamentos do BNDES para o setor automotivo somaram R$ 3 bilhões em 2014, até novembro. O valor inclui projetos de ampliações, desenvolvimento de novos produtos e exportação. Desde 2008, empréstimos do banco para o setor somam R$ 45,6 bilhões.

Prates observou que o setor automotivo brasileiro passou nos últimos dez anos por grande crescimento. Em 2013, o país foi o quarto mercado mundial de automóveis, caindo no ano passado para a quinta posição. “Por conta do grande crescimento do Brasil, várias montadoras entraram com pedidos de expansão, alguns financiados pelo BNDES. Houve um ciclo de expansão de capacidade grande no Brasil”.

O gerente do departamento de Indústria Metalmecânica e Mobilidade do BNDES Bernardo Hauch lembrou que muitos investimentos feitos ao longo dos últimos quatro ou cinco anos visaram à construção de novas fábricas. “A gente percebeu que, mesmo com a queda recente [das vendas], nenhum desses investimentos foi paralisado ou descontinuado em função dessa queda de demanda. Na minha visão, é uma aposta no longo prazo”.

Os investimentos projetados para o setor automotivo entre 2015 e 2018 alcançam R$ 59 bilhões, mostrando estabilidade em relação aos R$ 58 bilhões projetados entre 2010 e 2013. “Não tem quedas substanciais no investimento”, comentou Hauch.

O BNDES considera os investimentos em reengenharia automotiva prioritários dentro da linha de inovação. Em termos de desembolsos, os investimentos do plano de engenharia são os mais relevantes  apoiados historicamente pelo banco. Comparando o setor automotivo com outros setores da economia, observa-se que ele tem um perfil grande de inovação. “Em relação à receita, as empresas investem em pesquisa muito mais do que outros setores da economia”, disse Prates.

Bernardo Hauch completou que a indústria automotiva contribui para o investimento em inovação no país. Levantamento do BNDES apurou que o setor investiu cerca de um quarto do que toda a indústria investiu em inovação nos últimos anos. Hauch observou também que o perfil das empresas se alterou, com expansão do quadro de engenheiros acima do que havia nos últimos cinco anos. A quantidade relativa de engenheiros nos quadros das montadoras subiu de 3%, em 2008, para 4,3%, em 2012, com aumento de 53%, revela o estudo do BNDES. “Mostra uma mudança de perfil”. Com isso, muitas montadoras têm condições de projetar carros globais, com tecnologia nacional, reduzindo a dependência externa.

Haroldo Prates disse que isso fortalece também a cadeia de fornecedores nacional. “Em vez de trazer um modelo importado, que é feito lá fora, você faz um projeto aqui e ele vai trabalhar em conjunto com fornecedores locais”. Os recursos liberados pelo banco para pesquisa e desenvolvimento (P&D) e engenharia na indústria automotiva representam cerca de 25% do total desembolsado para inovação no acumulado 2008/2013.
 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. Um banco de desenvolvimento

    Um banco de desenvolvimento que usa dinheiro da sociedade brasileira, vai ajudar empresas de capital estrangeiro.

    O que acham? 

    É inacreditável, mas no Brasil onde seu povo é tratado a porrada, tudo pode desde que seja para os ricos e para os estrangeiros.

  2. Um banco de desenvolvimento

    Um banco de desenvolvimento que usa dinheiro da sociedade brasileira, vai ajudar empresas de capital estrangeiro.

    O que acham? 

    É inacreditável, mas no Brasil onde seu povo é tratado a porrada, tudo pode desde que seja para os ricos e para os estrangeiros.

  3. CHEGA DE CARRO!

    A economia nacional não pode apenas girar ao redor do carro. Parecia uma fórmula perfeita, privilegiando sindicatos metalúrgicos e mantendo a economia relativamente aquecida, mas, abusaram demais. Já era para ter mudado com Dilma a matriz de transporte urbano nacional.

    Simplesmente o Brasil já não comporta mais carros e, se comportar, não será por muito tempo, ainda sacrificando a nossa qualidade de vida e o tempo e estresse gasto no trânsito. O dilema é a matriz de transporte, que deveria ser orientada para trem de ferro (carga e passageiros), metrô, trens de alta velocidade, transporte fluvial (rios e costeira), no campo e na cidade.

    A economia familiar não pode girar apenas em função do pagamento da casa própria e do carro, que consome a grande maioria da renda do brasileiro de classe média. O foco no transporte coletivo de qualidade irá desonerar o bolso dos brasileiros e permitirá que uma boa parte da sua renda seja dirigida ao lazer, cultura, turismo, gastronomia, esporte e outras atividades, que possuem maior capilaridade na distribuição dos recursos dentro do país.

    Os metalúrgicos? Vão trabalhar na Santa Matilde (ou similar) revitalizada, fazendo locomotivas e vagões.

  4.  Caro Nassif, montadoras não

     Caro Nassif, montadoras não precisam de incentivos. Elas trazem os produtos prontos de fora e montam aqui. Tratam consumidores com desprezo ao arbitrarem preços surreais por produtos envelhecidos ou simplificados (famosa “tropicalização”). Já passou o momento de extinguir a socialização dos supostos prejuízos desse setor. O estado deve se afastar para que ocorra um choque de capitalismo, concorrência, que hoje não existe. O que se assite é o dinheiro facil do BNDES para um cartel viciado.

  5. Desde que voem, é lógico!

    No filme O Quinto Elemento a grande novidade é que naquele futuro os carros já voavam, enquanto no Brasil até agora nada!

    transportes-quinto-elemento

    Em BH, sem carro voador não tem inovação que dê jeito!

    Carros que voam nesse filme se originaram de desenhos de Mézières, criador francês de quadrinhos, informa a Wikipedia, que também nos diz que O Quinto elemento foi co-escrito e dirigido por Luc Besson.

    Na wikipedia

    http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Quinto_Elemento 

    E mais carros voando em

    http://www.adaobraga.com.br/propostas-do-governo-aos-prefeitos-e-governadores-para-melhorar-o-transporte-publico-e-privado/

    Acorda, BNDES!

  6. Até aonde eu sei, todas essas


    Até aonde eu sei, todas essas inovações das montadoras tem as patentes registradas nos seus países de origem. É isso

    que nós estamos patrocinando a juros subsidiados através do BNDES ? 

    Será que a Presidenta sabe disso ?

    Gringo

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