Chamada de ‘neguinha’, estudante é impedida de entrar em casa noturna na zona sul de São Paulo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Da PONTE

Jovem ainda enfrentou problemas para registrar ofensa racial em duas delegacias; De um PM, ela ouviu: “Você é parda. Negro é aquele que nasce bem escurinho”

Por André Caramante 

“Essa neguinha não entra aqui hoje!”

Essa foi a ofensa racial que a estudante Thayla Elias Alves, 22 anos, afirma ter sido disparada contra ela por uma hostess (recepcionista) da Villa Mix, no bairro da Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo e considerada uma das mais badaladas casas noturnas da cidade.

O incidente aconteceu por volta das 23h45 de 5 de dezembro, uma sexta-feira, quando Thayla, sua prima, a estudante de direito Natália Timossi, e Debora de Castro, foram impedidas de entrar na Villa Mix. O caso é investigado pela Decradi (Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), da Polícia Civil de SP.

A alegação da equipe de recepcionistas da Villa Mix para impedir a entrada das jovens foi a de que as identificações delas não constavam em uma lista de convidados, mas as três têm e-mails nos quais está registrado o envio prévio de seus nomes para a inclusão na lista.

De acordo com as jovens, quando apresentaram seus documentos para entrar na Villa Mix, mesmo sem consultar a lista de convidados, uma das hostess da casa noturna disse que elas não constavam na relação de nomes e as três foram retiradas da fila de entrada por um segurança.

Fora da fila, as jovens apresentaram o e-mail enviado com seus nomes à casa noturna a Denis Iugas de Sousa, que se identificou como gerente da Villa Mix, mas ele também impediu o acesso das três jovens à boate.

“Enquanto estávamos esperando a definição sobre nossa liberação ou não, vimos várias pessoas entrando sem que os nomes delas fossem consultados na tal lista”, contou Thayla.

Foi também enquanto esperavam a definição sobre a entrada na Villa Mix que as duas jovens que acompanhavam Thayla ouviram uma das hostess da casa noturna dizer para uma colega de trabalho: “essa neguinha não entra aqui hoje”.

As duas envolvidas no diálogo são brancas, com cerca de 1,70 m de altura e magras. Uma delas, a apontada como a responsável pela ofensa racial contra Thayla, é loira. A outra é morena.

Dificuldade para registrar B.O. 

Logo após a ofensa racial, Thayla, Natália e Debora resolveram ir ao 96º DP (Brooklin), distante 1,2 quilômetro da Villa Mix e onde não havia delegado para registrar o boletim de ocorrência sobre a ofensa racial.

No 96º DP, as três jovens foram mandadas para o 27º DP (Campo Belo), distante 2,2 quilômetro da delegacia do Brooklin. Quando chegaram no segundo distrito policial, Thayla, Natália e Debora ouviram de um investigador da Polícia Civil que deviam voltar à casa noturna e, na porta da Villa Mix, ligar para a Polícia Militar. Foi o que as jovens fizeram.

Thayla afirmou que foi a delegada Eliane Tome F. Lima, plantonista do 27º DP, quem deu a ordem para o que caso não fosse registrado imediatamente e para que as três jovens voltassem à Villa Mix para chamar a PM.

Drible nos PMs

Quando dois PMs chegaram à casa noturna, a hostess que barrou as três jovens entrou na Villa Mix dizendo aos policiais que iria chamar o gerente, Denis de Sousa. Foi essa mesma mulher quem disse a frase para atacar Thayla. Após 20 minutos plantados na porta da casa noturna, os PMs souberam que as hostess haviam ido embora.

Na conversa com os PMs, Denis de Sousa disse que as hostess não eram funcionárias da Villa Mix e, como eram terceirizadas, ele não tinha como fornecer os nomes das profissionais que estavam à porta da casa noturna naquela noite de sexta-feira.

Após serem driblados pelas hostess e por Denis de Sousa, os PMs levaram Thayla, Natália e Debora novamente ao 27º DP, onde um escrivão registrou o boletim de ocorrência de injúria racial. Até a finalização do documento, a delegada Eliane Lima não havia tido contato as três jovens, segundo Thayla.

Somente quando Thayla pediu para assinar o boletim de ocorrência após a chegada de seu advogado, o que aconteceu em cerca de dez minutos, é que adelegada Eliane Lima resolveu falar com a jovem para dizer que não iria esperar. “Eles não queriam me deixar ler o boletim de ocorrência”, disse Thayla.

Quando o advogado de Thayla chegou ao 27º DP, a delegada Eliane Lima já não estava mais na delegacia e, segundo o escrivão, “havia saído para uma diligência”. Ainda no 27º DP, antes de não conseguir assinar o boletim de ocorrência, Thayla enfrentou outra questão envolvendo a cor de sua pele. Ao preencher documento sobre o atendimento feito na porta da Villa Mix, um PM escreveu que a estudante era parda. Ao informar ao PM que é negra, Thayla ouviu dele: “Você é parda. Negro é aquele que nasce bem escurinho”

Do 27º DP, sem o boletim de ocorrência, as três jovens e o advogado foram para a Corregedoria Geral da Polícia Civil, onde registraram queixa pela maneira como foram atendidas na delegacia. Passava das 6h da manhã do sábado (6/12).

Thayla garante que, apesar das dificuldades para que a polícia agisse, ela irá até o fim para que a hostess e a casa noturna Villa Mix sejam responsabilizadas pelo que aconteceu na noite de 5 de dezembro.

“Eu sei que minha luta para não deixar esse ato racista impune poderá contribuir para que outras pessoas não passem pela mesma coisa. Me senti angustiada quando passei por aquilo tudo, mas não vou deixar de ir atrás da lei”

Racismo X Injúria Racial

Atualmente, a Decradi tenta localizar e intimar a hostess da Villa Mix apontada como responsável pela frase racista contra Thayla.

O inquérito policial na Decradi foi aberto para investigar o crime de injúria racial, que é quando a ofensa discriminatória é dirigida a uma pessoa, atacando sua honra, sua autoestima com elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Na injúria racial, o autor pode pagar fiança e responder o crime em liberdade.

Thayla acredita que a frase da hostess da Villa Mix foi um crime de racismo, baseado na ofensa discriminatória dirigida a um determinado grupo ou coletividade. Thayla crê ter sido impedida de entrar na casa noturna por ser negra. Racismo é crime imprescritível e inafiançável.

Racismo institucional

Carmen Dora de Freitas Ferreira, presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB –SP (Ordem dos Advogados do Brasil), também crê que a hostess da Villa Mix praticou racismo.

“Ao chamar a moça de neguinha, essa recepcionista ofendeu a raça da jovem. O boletim de ocorrência e o inquérito policial deveriam apurar o crime de racismo. Não podemos mais tolerar que as pessoas sejam excluídas pela cor da pele. Isso é nocivo. Seria injúria racial se a recepcionista tivesse dito alguma ofensa como macaca, preta suja ou algo tão baixo quanto”, explicou a advogada Carmen Ferreira.

Ao analisar a atitude do PM que atendeu ao chamado de Thayla na porta da Villa Mix, quando ele quis descrevê-la como parda e não como negra nos registros da Polícia Militar, a presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP foi direta ao constatar novo ato racista.

“Sabe o que esse policial militar fez contra essa jovem? Ele praticou racismo institucional. E isso também é nocivo”, disse Carmen Ferreira.

Villa Mix nega discriminação racial

De acordo com a assessoria de imprensa da Villa Mix, “por conta da correria do fim de ano”, os responsáveis pela casa noturna não poderiam se manifestar sobre a investigação da Decradi sobre o possível crime de injúria racial contra Thayla.

Em nota, a assessoria de imprensa da Villa Mix informou:

“O Villa Mix adota como política apenas liberar pessoas que estejam com nome na lista e realmente os nomes das três moças não constavam.

Pelo averiguado, não ocorreu qualquer tipo de injúria criminal por parte de qualquer funcionário do Villa Mix, inclusive os clientes são respeitados e bem tratados para que retornem ao estabelecimento.

Foi conversado com a hostess, ela afirmou que não cometeu qualquer tipo de ofensa racial. Pelo contrário. Ela tratou as clientes educadamente, entretanto, as clientes ficaram indignadas que os nomes não estavam na lista e a casa já estava atingindo a lotação máxima.”

Secretário da Segurança Púbica não se manifesta

Procurado desde quarta feira (17/12) pela reportagem para se manifestar sobre os problemas enfrentados por Thayla para registrar na polícia a ofensa racial que sofreu, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, respondeu a apenas uma das sete questões enviadas à assessoria de imprensa da pasta.

Grella Vieira não respondeu as seguintes questões:

1º – Por qual motivo Thayla não pôde registrar boletim de ocorrência no 96º DP? Onde estava a autoridade policial responsável pelo plantão do 96º DP?

2º – Por qual motivo a delegada Eliane Lima ordenou que Thayla voltasse à casa noturna onde foi ofendida para acionar a PM? Esse é um procedimento padrão da Polícia Civil de SP?

3º – Qual o número da apuração preliminar aberta na Corregedoria Geral da Polícia Civil de SP para investigar a conduta da delegada Eliane Lima? A delegada já foi ouvida pela Corregedoria? O que ela afirmou, caso tenha sido interrogada? Solicito, por favor, que a Secretaria da Segurança Pública viabilize entrevista com a delegada.

4º – Por qual motivo os policiais militares que foram à casa noturna não conduziram a recepcionista que ofendeu Thayla para o 27º DP?

5º – Em caso de possível crime de racismo ou de injúria racial, qual é a orientação que o senhor dá para as vítimas? Como o secretário da Segurança Pública de São Paulo determina que as vítimas de racismo ou injúria racial ajam para ter seus direitos preservados?

6º – Quantas pessoas foram presas em flagrante por racismo no Estado de São Paulo neste ano?

Por meio de sua assessoria de imprensa, Grella Vieira só respondeu ao questionamento da reportagem sobre quantos boletins de ocorrência foram registrados por injúria racial e por racismo, em 2013 e neste ano, no Estado de São Paulo.

Segundo levantamento da Decradi, em 2013, foram registrados 36 boletins de ocorrência por injúria racial e outros 15 por discriminação/preconceito. Neste ano, de janeiro até 2 de setembro, foram 38 por injúria racial e 16 por discriminação/preconceito.

Grella Vieira não informou o total de casos registrados no Estado de São Paulo nas delegacias que não são especializadas como a Decradi.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

32 Comentários

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  1. O quer fazer?

    É possivel que isso seja a política do dono e do administrador e que o dono da balada seja amigo do delegado e das autoridades que circulam na região. O negócio é torcer para o juiz também não ser amigo, se for o contrário, o processo não vai dar em nada. 

  2. O quer fazer?

    É possivel que isso seja a política do dono e do administrador e que o dono da balada seja amigo do delegado e das autoridades que circulam na região. O negócio é torcer para o juiz também não ser amigo, se for o contrário, o processo não vai dar em nada. 

  3. “Quando você for convidado

    “Quando você for convidado pra subir no adro
    Da fundação casa de Jorge Amado
    Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
    Dando porrada na nuca de malandros pretos
    De ladrões mulatos e outros quase brancos
    Tratados como pretos
    Só pra mostrar aos outros quase pretos
    (E são quase todos pretos)…”

    Caetano Veloso

  4. Caso um tanto confuso

    Não entendi exatamente o procedimento que seria adotado pela boate para que as pessoas possam entrar. Esse é o cerne da questão. O que levou as três meninas a acharem que o nome delas estaria numa suposta lista exigida pelo estabelecimento para que as pessoas possam entrar no recinto?

    A matéria não esclareceu esse ponto como deveria. Pelo que eu entendi, a três tinham um email que teria sido enviado à boate solicitando a inclusão do nome delas na lista. Algo aí não está batendo, porque se as pessoas são convidadas, quem deve enviar o email é justamente a boate e não quem está interessado em participar do evento, sob pena de garar uma situação da pessoa estar se auto-convidando, o que parece ser estranho e não combina com a noção de convite.

    De qualquer forma, parece-me temerário comparecer a uma boate sem saber exatamente se o seu nome já constava na lista de convidados, sem ter uma confirmação oficial, principalmente quando o estabelecimento supostamente exige isso.

    Tem que saber de que forma a boate convida as pessoas e como é feita a confirmação prévia, por parte delas, de que os nomes estão na lista de convidados. A materia não esclarece este ponto. As alegações das três meninas de que outras pessoas entraram sem a confirmação de que os nomes delas estariam na lista de convidados, apesar de ser um indício de discriminação, pode ser contornada se a boate confirmar que as pessoas que entraram estavam na lista. Fica a palavra delas contra a dos administradores da boate,sendo das meninas o ônus de provar que quem entrou não estava na lista de convidados (não basta apenas alegar que não houve confirmação em alguns casos, pois vários motivos poderiam dispensar isso, tais como o fato de serem pessoas conhecidas dos empregados da boate, por exemplo). Dificilmente elas conseguirão provar que teve gente que não entrou que não estava na lista de convidados. A única chance delas de provar a discriminação racial é conseguir provar que efetivamente foram convidadas para participar do evento em caráter oficial pela boate, o que exatamente as levou a acreditar que estivessem conviadas. Se conseguirem provar isso, pode ser que caracterize a discriminação racial.

    1. Argolo, isso é comum. Tem

      Argolo, isso é comum. Tem boates que trabalham no sistema de “lista amiga”, em que vc envia o seu nome e o dos amigos pelo email/facebook e fica registrado numa lista. Normalmente é pra ganhar desconto na entrada, mas tem umas que barram quem não estiver na lista

    2. Oi, Argolo, tudo bem?A

      Oi, Argolo, tudo bem?

      A Thayla e a Natália são minhas sobrinhas. A Natália já tinha ido algumas vezes no Villa Mix e o procedimento sempre foi enviar email para pôr o nome na lista. Mesmo assim ela confirmou com eles.

      Desta vez ela foi acompanhada da Thayla e da Débora, amiga da faculdade e o imbróglio só aconteceu por causa da presença da Thayla, que é negra. A Natália é sua prima, mas é considerada branca pelos padrões brasileiros. Pele clara e cabelos lisos, filha de mãe negra (minha irmã) e pai italiano.

      O racismo/injúria racial, se configura pelas palavras da hostess, testemunhado pela Natália e pela Débora.

      Abração.

       

      1. Bem, se esse era o procedimento, caracterizou racismo

         Entendi a situação. Atente agora para o seguinte: existem dois crimes aí. Comprovar a injúria racial praticada pela hostess não será tanto o problema, pois pode ser feito por meio de prova testemunhal. A questão é que comprovar a injúria racial levará ao crime mais grave de racismo, caracterizado quando se negou a entrada da pessoa ofendida pela hostess por ela ser negra ou ter assim sido interpretada pelo agente do crime de injúria racial, uma vez que ela estava previamente convidada, segundo os padrões adotados pela boate, e mesmo assim foi barrada. Neste caso, cria-se todo um contexto favorável à conclusão de que foi a discriminação racial o que provocou a constrangedora situação da menina ter sido barrada. O caso é grave e as medidas judiciais cíveis e penais devem ser tomadas para punir os culpados.

        Meu comentário anterior se prendeu ao crime mais grave, o de racismo, capitulado no art. 8º da Lei nº 7.716/1989.

  5. .

    Acho que constar de lista ou não pouco vem ao caso. O tratamento recebido pela garota foi racista e este é o ponto. 

    Chamar alguérm de neguinha por carinho ou intimidade é uma coisa, chamar nas condições relatadas é outra completamente diferente. 

    Por sinal, uma moça belíssima, como revela a foto.

    1. Vem ao caso porque são dois crimes diferentes

      Injúria racial é fácil de comprovar: basta que uma testemunha diga que a hostess chamou uma das meninas de “neguinha”. A frase “a neguinha não entra”, por si só, não comprova, necessariamente, o crime de racismo, neste caso concreto. A injúria racial está comprovada pela frase, mas não o crime de racismo, uma vez que ter chamado de “neguinha” mostra o desprezo pela condição étnica da pessoa, mas não é suficiente para comprovar, com convicção, que essa foi a verdadeira causa de ter sido barrada se a menina não estivesse dentro das regras adotadas pela boate. Se essa fosse a situação, seria um uso ilegal de um termo dentro de uma ação supostamente legal da boate, já que o nome dela não estaria na lista de convidados. Ou seja, se ela não estivesse na lista de convidados, ela seria barrada de todo jeito, se as regras fossem cumpridas, independentemente de supostamente ter sido chamada de “neguinha”.

      Já o crime de racismo ou discriminação racial, previsto no art. 8º da Lei nº 7.716/1989, não dependeria propriamente do uso pejorativo do termo “neguinha”, apesar da injúria racial favorecer à conclusão de que a menina não entrou em razão do racismo, desde que também ficasse comprovado que ela estava dentro das regras adotadas pela boate. Esse ponto é fundamental para comprovar o racismo, neste caso concreto. O resto só sustenta satisfatoriamente a acusação de injúria racial, caso não fique comprovado que ela estava na lista de convidados ou que agiu de acordo com as regras adotadas pela boate.

      Em outras palavras, para o crime de racismo ficar comprovado neste caso, desde que fique devidamente excluída qualquer outra explicação, é suficiente ficar comprovado que, mesmo estando de acordo com as regras adotadas pela boate para entrar no evento, a menina foi barrada. A única explicação seria a discriminação racial, fortalecida pelo termo pejorativo “neguinha” que foi usado pela hostess da boate. O racismo estaria comprovado, neste caso, mesmo que o termo “neguinha” não tivesse sido usado, já que a menina barrada é afrodescendente, sendo importante, para consolidar a acusação, excluindo outras possíveis explicações (antipatia individual, por exemplo), que também ficasse comprovado que outras pessoas da mesma etnia não entraram, ainda que constassem na lista, ou, dentre as que conseguiram entrar e que estavam na lista de convidados, nenhuma era visivelmente afrodescendente. Comprovar que pessoas não visivelmente afrodescendentes entraram na boate sem estarem na lista de convidados também ajuda a evidenciar o racismo.

      Se uma pessoa visivelmente afrodescendente tivesse conseguido entrar, em qualquer hipótese (i.e., estar ou não na lista de convidados), isso enfraqueceria a acusação, já que o agente do crime de racismo, por uma questão de lógica, não iria diferenciar um afrodescendente de outro, admitindo como premissa, óbvio, que a hostess teve contato com todas as pessoas que entraram na boate (fora isso, sobra a hipótese de um afrodescendente ter conseguido entrar porque a hostess, supostamente racista anti-negro, por algum motivo qualquer, não se deu conta de seus traços étnicos, não estava controlando atentamente a entrada das pessoas na hora que ele conseguiu entrar etc). Se isso aconteceu, se algum afrodescendente conseguiu entrar mesmo quando a hostess sobre a qual pesa a acusação de racismo estava controlando a entrada das pessoas todo o momento, não houve racismo em termos penais, mas antipatia individual somada a uma grave injúria racial momentânea. Portanto, todos os afrodescendentes teriam que ser barrados, em qualquer hipótese (i.e., estando ou não na lista de convidados), para que o racismo ficasse muito bem demonstrado. Tudo isso pode ser objeto de prova testemunhal, produzida por ambas as partes, frise-se. O juiz decide com quem está a razão analisando as provas.

      Como se observa, a situação penal não é tão simples assim de ser comprovada. A discriminação surge justamente disso, de estabelecer a equivalência entre as situações e demonstrar que não havia motivos para o que foi feito a não ser o racismo. O dolo tem que ficar muito bem demonstrado. Estamos falando de crime de racismo aqui e o rigor deve ser observado na hora de aplicar a lei. Tem que ficar provado o racismo, de modo a excluir qualquer outra hipótese para o que aconteceu, sob pena de não gerar qualquer condenação. Na dúvida, o réu deve ser absolvido. Quando se fala de prova, é disso que se está falando.

  6. Bom eu pensei que esse

    Bom eu pensei que esse comportamento de não querer registrar boletins fosse apenas nas delegacias das periferias.

    Minha cunhada foi assaltada a mão armada,por um inviduo de moto,foi tentar fazer o boletim,eles a desetimularam falaram para fazer pela internet e ainda a ameaçaram por desacato.fui tentar fazer um sobre uma ameaça que sofri eles falaram para ir a delegacia das mulheres,mais não era violencia domestica.

  7. ???

    “As duas envolvidas no diálogo são brancas, com cerca de 1,70 m de altura e magras. Uma delas, a apontada como a responsável pela ofensa racial contra Thayla, é loira. A outra é morena.”

     

    Não seria tal afirmação também uma forma de racismo ?..

  8. ???

    “As duas envolvidas no diálogo são brancas, com cerca de 1,70 m de altura e magras. Uma delas, a apontada como a responsável pela ofensa racial contra Thayla, é loira. A outra é morena.”

     

    Não seria tal afirmação também uma forma de racismo ?..

    1. Verdade..

      Identificar as pessoas para a polícia citando a altura de 1,70 é realmente discriminatório… rsrs

      Esta frase que você pinçou é a resposta à pergunta “como eram as moças que a ofenderam”, que foi inserida no BO, para fins de identificação das pessoas. Se ela soubesse os nomes, teria citado os nomes e não as características físicas. Retrato falado também é baseado neste tipo de informação.

      Não tem nada a ver com dedo apontando a pessoa e bradando “essa neguinha não entra aqui…”

       

  9. Fico intrigado como é que

    Fico intrigado como é que esse tipo de casa tem clientes. Pela narrativa que merece toda credibilidade é um ambiente AGRESSIVO de inicio, ANTIPATICO, DESCRIMINATORIO, o que será que faz jovens quererem ir a esse muquifo e outros assemelhados? A primeira condição de um estabelecimento de lazer é a simpatia da recepção, já não frequento casas noturnas há muito tempo mas os bares de meus anos juvenis eram extremamente acolhedores, o PLANO´S da Rua Oscar Freire, o BLEND da Pedroso Alvarenga , O BAR da Jeronimo da Veiga, todos com musica de otima qualidade, que lista?

    Imagine ter que enviar nome para entrar numa lista, que coisa ridicula e absurda, estou fora desse mundo esquisito.

  10. lembro dos meus 12, 14 anos

    lembro dos meus 12, 14 anos que não voltam mais, lá na minha poços de caldas nada turística enem cidade hidromineral estância de banhos medicinais da corte e dos ricos das terras brasilis. tão somente cidadezinha do interior paulista no meio do nada na passagem para outro lugar de importância administrativa na vastidão das terras brasilis.

    minha grande aventura adolescente, entre outras da vida besta provinciana, era ficar na frente do clube da cidade nas noites de baile de gala. ficar observando, assuntando, espiando, mexericando, jogando conversa fora e se inteirando de tudo: tenho faro jornalístico preguiçoso…

    certa vez, a entrada senhorial empertigada do clube de baile barrou o jovem nelsinho preto, pedreiro e jogador de futebol muito popular. ele discutiu e logo a turma felliniana dos boas vidas da cidade ficou do seu lado racial e fizeram a observação crítica na bucha:

    por que o nelsinho preto não pode entrar no baile da cidade porque é de cor se lá dentro já se encontram bailando bailantes o médico doutor da cidade, um mulato escuro vistoso que desceu da bahia com diploma e família, todos pardos e também lá está o novo diretor do ginásio estadual, também mulato sestroso pé de valsa com bigodinho galante a la cinema americano?

    o tempo fechou. foi chamado o presidente e sei lá quem mais do clube para conversar com os insurgentes. foi chamado o delegado e o juiz que se encontravam no baile de gala. muita discussão e alarido. os boas vidas revolucionários engrossados por outros liberais e populares citadinos contra as autoridades e os senhores doutores da cidade.

    no fim, não teve jeito e chegaram no impasse: ou os pretos bacanas de dentro do clube eram convidados a se retirarem por não estarem de acordo com o estatuto social do clube ou então nelsinho preto tinha o direito também de entrar no clube como convidado e participante do evento dançante.

    no fim, nelsinho preto entrou e bailou como todo mundo. 

    doravante, todos passaram a entrar no clube em dia de baile da cidade. somente não entrava quem não estivesse com traje adequado ou estivesse muito bebado ou fosse de menor ou outra ocorrência de monta, mas, foi abolido do estatuto social do clube da cidade a questão da cor socioeconômica.

     

     

    1. jc.pompeu

      isso é do tempo onde na minha Soterópolis ” preto não entrava no Clube Bahiano de Tênis nem pela porta da cozinha” Gilberto Gil..mas a Casa Grande tem tido contestações crescentes, ainda bem..

  11. 50 anos atrasados

    Triste realidade de São Paulo e do Brasil. Um apartheid transparente, quase invisível, e o povo se conforma com ele. Não há movimento negro significativo e combativo. Pior: não há qualquer consciência de grupo comum.

    O negro no Brasil é quase um expatriado se refletirmos sobre toda a violência e intimidação a ele impostos pelo estado/elites. Além disso não tem a devida representatividade política e social. Não fosse pelo esportivo, cultural e religioso, seria pior ainda.

    Se comparamos com os EUA são uns 50 anos de atraso ou mais. Recentemente, 500 mil pessoas (!!!!!!) estiveram na rua em New York devido a um único homicídio. É um tapa na nossa cara.

    Isso infelizmente não vai acabar a menos que a transgressão da lei seja usada como protesto. O judiciário pende para o lado agressor. A polícia também.

    Se cada espelunca que protagonizasse episódios racistas graves fosse devidamente depredada e o povo fosse às ruas, tudo seria bem diferente.

  12. Rs..Pelo menos ela  teve a

    Rs..

    Pelo menos ela  teve a atitude de denunciar já que isso

    acontece diariamente, principalmente em tais regiões

    de SP.

    Obs. Uma das coisas mais tacanhas é ser rseguido por

    seguranças!.Se voce é negro

    é quer  viver momentos insólitos de um “rolê ” no shopping

    Iguatemy” em qualluqer horário.

  13. Racismo

    Thayla, deve processar a funcionária terceirizada por injúria e processar também a casa noturna por danos morais e pedir uma indenização bastante alta, para que esses empresários de casa noturna qualifiquem melhor seus funcionários e parem de pensar apenas nos seus lucros.Atitude lamentável também dos policiais envolvidos no caso. Faltou sensibilidade e profissionalismo a essas pessoas, que são pagas através dos impostos recolhidos de nós cidadãos.

  14. DISCRIMINAÇÃO COM O

    DISCRIMINAÇÃO COM O CLIENTE

    Villa Mix

    São Paulo – SP Segunda-feira, 13 de Outubro de 2014 – 16:16

     

    Boa tarde, 

    Durante a semana programei com algumas amigas, de comemorar um aniversário no Villa Mix, Vila Olimpía, e fiquei horrorizada com o desrespeito ao cliente.

    A casa cobra R$ 80,00 de entrada, sem estar na lista, nomes na lista R$ 40,00, por este motivo liguei no estabelecimento para saber qual o procedimento para incluir os nomes na lista, recebi a orientação que deveria enviar os nomes para um e-mail x, e que não haveria confirmação e os nomes automaticamente estavam na lista, recebi apenas a confirmação de entrega do e-mail.

    Na porta da balada a recepcionista informou que os nomes não estavam na lista, informei todo o acontecido e a mesma disse que o procedimento era o correto, mas que eles estavam com um novo sistema e que este deveria ter o nome na lista para gerar a comanda, informei que tinha prova do envio dos nomes, e a moça mesmo assim disse que seria impossível, preguntei mesmo se eu pagar os R$ 80,00, valor inteiro..eu não consigo entrar? A mesma disse que não! 

    Saímos da fila indignadas, gastamos.. tempo, dinheiro, sem falar da humilhação. 

    E notamos que algumas pessoas não eram nem questionadas sobre a lista entrando na casa direto! 

    Eles estavam selecionando pessoas, acho tudo muito engraçado por que as mesmas pessoas ao qual eles deixaram entrar, estavam consumindo bebidas alcoólicas fora do estabelecimento, para não ter que gastar dentro! Eu e minhas amigas tínhamos dinheiro, para pagar a entrada e consumir no local e fomos barradas? 

    Nunca mais volto neste lugar! E de agora em diante alerto a todos, para que frequente outro lugar!

     

    http://www.reclameaqui.com.br/10376945/villa-mix/discriminacao-com-o-cliente/

  15. Desrespeito, Má conduta,

    Desrespeito, Má conduta, Discriminação, Falta de EDUCAÇÃO

    Villa Mix

    Araraquara – SP Domingo, 20 de Maio de 2012 – 00:42

     Quero deixar explicito o meu inconformismo com a “conceituada” casa Villa Mix. De acordo, com informações obtidas via telefone na tarde deste sabado 19/05 sobre o funcionamento da casa, a atendente ao telefone, informou que existe uma “tal” lista [editado pelo Reclame Aqui] que você encaminhando um e-mail tem um desconto obtido. Pois bem, cfme orientações encaminhei um e-mail com meu nome para lista. Para minha surpresa , chegando ao local, fui informada que meu nome não constava na “tal” lista e, que a entrada na casa custava R$ 100,00 com consumação de R$ 60,00. No entanto, querendo só saber os motivos que meu nome não estava na lista, fui deixada de lado até o “gerente”nos atender. Não tinha interesse no desconto, pagaria os R$ 100,00 realmente só queria um esclarecimento do porque meu nome não estava lá. Aguardando por uns minutos a chegada do gerente, falei com uma “funcionaria loira” que me medindo disse que sem nome na lista não teria como entrar já, contradizendo o que a outra funcionária me disse e, que o tal sistema manda as listas atualizadas. Mantendo minha ótima postura e EDUCAÇÃO, uma qualidade que as funcionárias da casa não tem, me dirigi a ela dizendo que pagaria o valor de R$ 100,00 e, se poderia me liberar para retornar a fila. Para minha grande surpresa não pude, já que a mesma disse que SEM NOME na lista não tinha como entrar na casa, neste tempo o “tal gerente” chegou e, perguntando a funcionária da porta disse que realmente não poderia entrar nem pagando qualquer valor. Minha pergunta senhores: DUVIDO que todos que estavam na fila e mesmo chegando tinham seus nomes em lista. E porque não pude pagar qualquer valor para entrada na casa. Discriminação? Preconceito? Me admira muito esta casa de shows ter esta postura ou melhor não ter postura nenhuma. Lendo todos as outras reclamações semelhantes a da casa só consigo chegar a uma conclusão: Em pouco período de tempo essa casa não existe mais, porque se depender de mim NUNCA MAIS indico para ninguém, nem para amigos nem para inimigos.

    http://www.reclameaqui.com.br/2955231/villa-mix/desrespeito-ma-conduta-discriminacao-falta-de-educacao/

  16. Discriminação e

    Discriminação e constrangimento

    Villa Mix

    São Paulo – SP Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2014 – 16:17

     Na quarta-feira do dia 10/12, fui ao villamix com uma amiga para entrar na lista vip do promoter Celsinho, porém, apesar de chegarmos na casa às 23p0 e irmos para a”fila” (leia-se tumulto) da entrada vip, a hostess Samanta não liberou a nossa entrada, sempre nos mandando “aguardar”. Minha amiga e eu chegamos e fomos direto para a fila, ficando bem na frente, encostadas na faixa de limitação da entrada, bem em frente ao segurança, de modo que, por lógica, seríamos as próximas a ser liberadas por já estarmos bem na entrada. No entanto, a Samanta, sem qualquer razão aparente e justificável, não nos liberava, mesmo nós afirmando que estávamos na lista vip de um dos promoters, o que facilmente seria comprovado, uma vez que o promoter Celsinho estava nas escadas e iria confirmar nossa entrada. Mas a Samanta apenas liberava quem os outros promoters “puxavam” da fila, liberava meninas que chegaram bem depois de mim e da minha amiga, haja vista que essas meninas eram “puxadas” do fundo daquele tumulto todo, passando à nossa frente. Aguardamos por 1p0 naquela fila, sempre indagando à Samanta por que não nos liberava, mas a mesma não dizia nada e continuava nos ignorando e liberando a entrada de outras meninas que chegaram depois de nós. Quero ressaltar que minha amiga e eu chegamos dentro do horário de entrada da casa, tanto é que milhares de meninas que chegaram depois entraram na lista vip, além disso minha amiga e eu temos o tal “perfil” da casa, tanto o é que já fomos várias outras vezes à casa, sempre entrando na lista vip e com vários promoters diferentes, ou seja, sempre estávamos dentro dos requisitos que a casa impõe para liberar a entrada vip. Estávamos com roupa adequada (nada de vulgaridade, transparências ou decotes exagerados), estávamos de sandália fechada e salto alto, somos magras, portando documento de RG, maiores de idade e, o principal, estávamos na lista de um dos promoters, e, mais uma vez ressalto, a hostess Samanta completamente nos ignorava, não liberava a entrada por motivo inexistente. Foram liberadas, inclusive, algumas meninas com documento falso, pois, como estávamos bem na frente da fila, vimos toda a movimentação de entrada e algumas meninas foram paradas e seus documentos questionados, mas que depois de “insistirem” um pouco, acabam sendo liberadas. A intenção não é tornar isso “caso de polícia”, e entendo que o Villa Mix é uma das melhores casas noturnas de SP, sendo uma das mais bem frequentadas e é por isso que queria entrar, como tantas outras vezes já fiz, mas nunca fui vítima de tamanho descaso e desrespeito por parte da hostess da casa, ou de qualquer outra casa noturna também de nível A de SP, nas quais eu também sempre entro vip em lista de promoters, os quais, inclusive, são promoters do villamix e dessas outras casas. Tenho certeza que não sou a única a reclamar por não ter conseguido entrar na casa, mas repito, tinha o nome na lista vip do promoter Celsinho, estava devidamente trajada, já entrei várias outras vezes na lista vip, o que confirma ter eu o perfil da casa, portanto injustificável o comportamento da hostess em ignorar quem está na fila há mais de 1h, sem qualquer razão, liberando tantas outras pessoas que chegaram bem depois. Gostaria de poder continuar frequentando o Villa Mix, acho a casa com uma ótima estrutura, um som muito bom e com público interessante, mas repenso ir novamente e correr o risco de ser submetida novamente ao constrangimento, descaso, desrespeito, e até à humilhação, por ficar horas aguardando na fila, dentro dos padrões da casa, e mesmo assim ser impedida de entrar na casa por uma hostess despreparada (a reclamação contra ela era bem intensa na fila, era o que se ouvia). A casa Villa Mix deve se preocupar em quem é seu “rosto”, os seus prepostos, como a casa é vista e falada. Qualquer funcionário que possa desabonar sua imagem deveria ser revisto e repensado para continuar naquela função. Nem sei se essa mensagem será lida e/ou respondida, porém eu faço minha parte, exponho a situação que vivenciei totalmente desnecessária e injustificável.

    http://www.reclameaqui.com.br/11071099/villa-mix/discriminacao-e-constrangimento/

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