Líderes das forças armadas se reúnem com a presidente

Jornal GGN – Ontem, sexta-feira (12), dois dias após a entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, as três autoridades mais importantes das Forças Armadas se reuniram com a presidente Dilma Rousseff em Itaguaí (RJ) para inaugurar o prédio principal do estaleiro de construção de submarinos do Prosub. O relatório, no entanto, não foi discutido entre eles. Ainda assim, durante a coletiva de imprensa, o almirante Julio Soares de Moura Neto, comandante da Marinha do Brasil, disse que a comissão “cumpriu o papel dela”, mas que ainda não havia tido a oportunidade de ler o trabalho detalhadamente. “[A Comissão Nacional da Verdade] fez um relatório sobre o qual nós ainda não tivemos oportunidade de nos debruçar”.

CNV cumpriu papel e relatório será analisado, diz comandante da Marinha

Por Idiana Tomazelli

Do Estadão

Almirante Julio Soares de Moura Neto afirma que Forças Armadas vão se ‘debruçar’ sobre documento produzido pela Comissão Nacional da Verdade sobre crimes da ditadura

Rio – O comandante da Marinha do Brasil, almirante Julio Soares de Moura Neto, disse nesta sexta-feira, 12, que a Comissão Nacional da Verdade (CNV) “cumpriu o papel dela”. O grupo apurou crimes e violações de direitos humanos no período de 1946 a 1988, com foco na ditadura militar (1964-1985).

Nesta sexta, dois dias após a entrega do relatório final da comissão – que gerou protesto entre militares da reserva e da ativa -, as três autoridades mais importantes das Forças Armadas se reuniram com a presidente Dilma Rousseff para a inauguração do prédio principal do estaleiro de construção de submarinos que integra o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) em Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro. O relatório da CNV, porém, não foi tratado.

“É realmente a primeira vez que encontramos com a presidente (depois do relatório), e esse assunto não foi tocado com ela. Nos limitamos a falar sobre a inauguração do prédio”, disse o comandante da Marinha, em entrevista coletiva após a cerimônia.

Líderes das forças armadas se reuniram com a presidente Dilma mas não trataram do assunto

Mais cedo, ele recebeu a presidente no novo prédio acompanhado pelos comandantes do Exército, general Enzo Peri, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Juniti Saito. O ministro da Defesa, Celso Amorim, chegou na comitiva da presidente, que também contou com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

“(A Comissão Nacional da Verdade) Cumpriu o papel dela. Fez um relatório sobre o qual nós ainda não tivemos oportunidade de nos debruçar”, acrescentou o almirante. Segundo ele, as Forças Armadas aguardam orientações e determinações da presidente tomadas a partir da leitura do texto, entregue à Presidência da República há dois dias.

“As Forças Armadas estão aguardando o que ela disse, que ela vai se debruçar sobre o relatório. Talvez saiam algumas orientações e determinações. Também vamos nos debruçar sobre relatório”, afirmou o oficial da Marinha.

 

Redação

8 Comentários

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  1. Postura exemplar do almirante Júlio Soares de Moura Neto…

    Postura exemplar do almirante Júlio Soares de Moura Neto. Não cabe aos militares darem ordens à presidência, o que cabe aos militares é cumprirem ordens. Em democracias autênticas os militares não interferem na política, eles apenas cumprem o seu papel de proteger os cidadãos nacionais, e não oprimir os civis desarmados como fizeram na ditadura militar.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=nSIcGUwmQDA%5D

    1. Sei não, camarada Wilton, a

      Sei não, camarada Wilton, a minha sensação foi extamente oposta a tua. Para mim, não houve qualquer aceno ao fato de que as Forças Armadas, tal qual o Instituto de Educação Técnológica de Petrolina, são instituições públicas submetidas a uma hierarquia que vê, no (a) Presidente da República, o seu chefe supremo. A minha impressão foi a de que o recado do almirante Júlio Soares para presidente era: vamos ler (ou não!) depois vamos comunicar o que pensamos à Presidente. Não é possível que ele não parta do pressuposto de que o Estado já reconheceu tais crimes, mesmo que o nosso STF, teime e “re-anisitiá-los”, 

  2. Uma reacao totalmente

    Uma reacao totalmente descomplexada.  Eh tudo que nao aconteceu no desfecho da Satiagraha (opa, mudei de assunto mas ainda estou com o outro post atravessado na garganta).

  3. SOBRE A CONDENAÇÃO DOS DITADORES

    Eu acho que uma condenação, ao menos simbólica, como a do Pinochet, seria de grande valor para nossa democracia; mas também acho que devemos confiar essa decisão à Presidenta, seus assessores, e demais poderes do país; que devem compreender a situação de forma mais profunda.

    Os próprios ditadores, que extrapolaram os limites do tolerável, se tiverem consciência e arrependimento, sabem que isso seria bom ao país, que sofreu um grande atraso em virtude da ditadura.

    Creio que seria muito nobre, se a iniciativa partisse deles mesmos. Aí sim criaríamos uma nova e gloriosa página em nossa história. Porque as forças armadas não podem ser atingidas pelos erros de particulares. Devemos limpar isso definitivamente de sua imagem, para que as pessoas nunca mais falem em regime militar, mas sim em regime ditatorial.

    Devemos honrar, e zelar pelo nome dos diversos militares que se opuseram ao golpe. Assim como a maioria esmagadora deles, que foi enganada pelos americanos da época, como João Goulart; e aderiu na última hora, apenas para evitar o envio de tropas americanas ao Brasil, num gesto muito acertado.

    Até porque, teríamos uma imensa honra, se amanhã ou depois um militar viesse a se candidatar, como um dos maiores militares de nosso país, o Marechal Lott, e fosse eleito presidente. Ali sim poderíamos dizer que teríamos um governo militar, mas democrático. É preciso compreender uma coisa, que precisamos condenar quem errou, para que a história não condene nossas forças armadas, que estão muito acima desses homens.

    Mas, como disse, melhor seria que a iniciativa partisse deles mesmos. Por isso entrego o problema nas mãos de quem tem conhecimento mais profundo a seu respeito, e terá maior sensibilidade para conduzir a questão.

  4. Hoje começa a minissérie sobre o bispo Dom Pedro Casaldáliga,

    “Descalço na terra vermelha” na TV Brasil, às 21:30.

    A premiada minissérie em 3 episódios é baseada no livro homônimo de Francesc Escribano. Dirigida pelo espanhol Oriol Ferrer, é uma coprodução da TV Brasil e das espanholas TVC e TVE , além de Raízes Produções e Minoria Absoluta.

     

     

    http://odia.ig.com.br/diversao/televisao/2014-12-13/minisserie-conta-a-historia-de-bispo-que-lutou-contra-a-ditadura-no-brasil.html 

  5. Não sei aonde alguem viu nas

    Não sei aonde alguem viu nas consideraçoes do oficial da marinha algum tipo de reconhecimento sobre a funçao isenta da Comissao Nacional da Verdade  ( deles )

    No meu ver ele foi respeitoso dentro do limite que a situaçao permitia mas nao ví nada no sentido de apoio ao trabalho da comissao ou reconhecimento posterior das forças armadas sobre qualquer episodio ocorrido durante a ditadura militar…

     

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