A busca do desenvolvimento

Coluna Econômica – 12/06/2007

Aos poucos, lentamente, dolorosamente, o país vai se dando conta das questões essenciais para o desenvolvimento. Esses últimos anos foram desanimadoramente estéreis. Uma nação inteira foi amarrada a um modelo de liberalização financeira terrível. Numa ponta, colocou a salvo da Receita todo grande capital nacional. Na outra, abriu o flanco para a livre entrada e saída de dólares, colocando a política monetária refém dos humores do mercado internacional.

***

Hoje em dia, as decisões de investimentos são comandadas por Armínio Fraga, Gustavo Franco, Luiz Fernando Figueiredo, André Lara Rezende, justamente os analistas que ajudaram a moldar esse modelo.

Desde sempre, tinham em mente criar o campo mais adequado para um setor do qual eles seriam atores principais, depois que saíssem do governo. É isso que explica a ênfase em transformar o país em “investment grade” – em país livre de riscos. É bom para o país? Não necessariamente. Significará mais dólares entrando, apreciando o Real, sufocando a indústria interna.

Para eles, é o céu, porque aumenta estupendamente a oferta de recursos lá fora, turbina seus negócios, seus fundos de investimento, e a uma taxa menor.

***

Nesses anos todos, os argumentos em favor desse modelo foram manipulados de forma grosseira pela mídia. Em cada ato de política econômica é possível encontrar pontos positivos e pontos negativos. O bom analista tenta somar as duas partes e tirar a resultante: se ajuda ou não no desenvolvimento.

A retórica desses analistas consistia apenas ou em apresentar só os benefícios, sem explicitar os custos; ou então criar uma fantasia vaga sobre o paraíso que seria alcançado quando o país se tornasse “investment grade”.

***

Dentro desse quadro, o que é relevante? No meu livro “Os Cabeças de Planilha” critico o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e seu seguidor, Luiz Ignácio Lula da Silva, por não terem percebido os grandes fatores portadores de futuro, aqueles itens que realmente contam na construção de um país.

Não é necessário ser nenhum gênio para intuir sobre isso. Tudo o que permite trazer indústrias, tecnologia, inovação, tudo o que abre mercado e facilita a produção interna é bom para o país. Ponto.

Quando houve a crise da Coréia, muitos previram que o milagre coreano tinha acabado. Não acabou por uma razão simples: o país conservou empresas fortes, tecnologia aprimorada, conhecimento, educação e visão estratégica clara, permitindo unir a todos em torno de um projeto de reconstrução.

***

Em geral, esses jogos de poder recorrem muito a ideologias sem pé na realidade. O importante é o foco no resultado final. Em determinados períodos, é necessário abrir a economia para se atingir esses fins. Em outros períodos, talvez seja necessário uma defesa das empresas locais.

Ponto central é alicerçar essa produção em fatores internos, através da inclusão social, da educação, dos investimentos em inovação, das modernas formas de gestão.

O país sairá desse atoleiro quando aprender a colocar os fins acima dos meios.

Para incluir na lista Coluna Econômica

Luis Nassif

33 Comentários

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  1. O modelo economico atual
    O modelo economico atual favorece obviamente o capital especulativo e financeiro…estamos na era desse tipo de capital…o velho Marx tempos atras ja alertava para os perigos do “capital portador de juros” que nada produz de concreto…em uma frase brilhante do capital(que eu nao lembro exatamente qual era) o velho barbudo deixa claro que o movimento do capital especulativo se da na forma D-D’, ou seja, essa categoria de capitalista obtem seu lucro(transforma D em D’) sem ter a menor preocupacao com o que acontece no meio do caminho…o que ocorre de permeio pouco importa….Gustavo Franco devia ter lido Marx…

  2. Se o Brasil conseguir
    Se o Brasil conseguir derrubar os juros da Selic para média dos juros internacionais e abaixo dele se confirmar o “grau de investimento” dará continuidade ao atual crescimento do PIB, comprovando que já iniciamos um ciclo virtuoso do Crescimento do PIB.

    Este cenário abrirá espaço para reforma tributária, na medida que o Monumental superávit primário de mais 4% do PIB poderá ser reduzido ou até zerado depedendo das condições da dívida pública e o ritmo de crescimento do PIB e viabilizar um aumento e o aumento dos investimento do Governo colaborando para um forte crescciemtno da tazxa de investimento.

    Creio que neste cenário o Biodiesel pode desempenhar um papel importante para viabilizar uma nova fonte de energia totalmente Brasileira e ainda o aumento da renda no setor rural.

  3. Esse grupo
    Esse grupo ideológico-financeiro congregado a partir da gestão Marcilio Marques Moreira no Governo Collor conseguiu uma proeza histórica : travar o desenvolvimento material, cultural, educacional e politico do País, transformando a construção de uma plataforma de exploração financeira do território como único objetivo do Estado brasileiro, com exclusão de todos os demais. Para isso contou com o auxilio entusiasmado da mídia, que elegeu conceitos como “risco-Pais”, “investment grade” em símbolos nacionais, como a bandeira e o Hino . Nesse longo periodo o mercado financeiro modernizou-se à altura do de Londres e Nova York e a infra-estrutura física e educacional do País regrediu por falta de investimentos públicos, enquanto a arrecadação atingiu níveis escandinavos, com todo o excedente destinado a remunerar o endividamento público que era zero à época que esse grupo passou a dar as cartas na politica economica.
    De zero transformaram em mais de 600 bilhões de dólares, sendo eles os principais beneficiarios. É o endividamento público que lastreia tudo, das alavancagens às arbitragens, do rentismo à atração do capital volátil.
    Alías, um aspecto da continuada valorização do Real pouco lembrado : a dívida pública federal aumenta em dólares a cada dia, já que os titulos vinculados ao dolar desapareceram milagrosamente assim que o dolar começou a rolar escada abaixo. Todos os atos e passos da polica monetária, todas as decisões do Conselho Monetário Nacional, , portarias, resoluções, circulares e declarações convergem para a mesma plataforma : tornar o País melhor para a “Patria Financeira”, não importa a que custo para a Sociedade real que está no andar de baixo. A questão é única e exclusivamente politica, não tem nada de economica. É assim porque o Poder politico quer que seja assim. E não coloquem a culpa nos americanos. O grupo ideológico-financeiro é exclusivamente brasileiro e predominantemente carioca, inclusive nos que estão em Wall Street.
    Enquanto a mídia distrai a população com CPIs irrelevantes, o manejo das dívidas públicas interna e externa, uma questão que vale cem CPIs somadas, passa batida, com emissões, trocas, retiradas de papéis, em operações muitas vezes inexplicáveis, que parecem serem preparadas “a la carte” para atender a determinado fim, gerando estupendas comissões para vender, para recomprar, para trocar, em um carrossel sem fim mas com um propósito bem definido.
    O País está a espera de um Governo que enfrente esse grupo, o que é hoje pràticamente a única grande questão politica nacional.
    Lembremos que Nestor Kirchner levantou a Argentina do chão, ao qual foi levada pela Pátria Financiera, enfrentando esse grupo, que lá era tão forte como aqui, recolocando a economia produtiva na sua natural precedência sobre o mercado financeiro. Com isso relançou a Argentina no caminho do crescimento, saindo das ruinas onde foi jogada por esse grupo de alienação do interesse nacional, que aqui continua a bancar a politica economica.

  4. NO geral, concordo com suas
    NO geral, concordo com suas posições. Considere que nos últimos anos a taxa Selic vem andando sistematicamente dois pontos acima da avaliação do mercado, segundo estudos de Holland e Bacha.

  5. Aos jornais interessa dólar
    Aos jornais interessa dólar baixo porque seu maior custo (papel) é dolarizado. Depois que a ideologia pega, vira efeito-manada. Repetir clichês é fácil. Não precisa explicar porque é padrão: todo mundo fala a mesma coisa. Além disso, você acorda de manhã, pega dez relatórios de bancos, liga para sua consultoria predileta, e tem garantido o comentário do dia. O manual tem clichês para cada situação. Se você investe contra o clichê, tem que ter domínio sobre o que está falando, porque está indo contra a maioria. Reduz obviamente a demanda por palestras, porque você passa a ser visto como “pensamento dos anos 80”. São esses alguns dos fatores.

  6. Nassif, acho que mais do que
    Nassif, acho que mais do que tudo é o constante interesse em ganhos presentes, sem o planejamento estruturado de um objetivo de longo prazo para o país. As elites ganham no curto prazo e para eles basta. Como você mencionou, nossa mídia não ajuda muito… Parafraseando o Cristóvão Buarque: “a educação é a saída”. Mas também acho que precisamos mais de líderes interessados em desenvolver o Brasil como nação em vez de ficar retirando a féria diariamente.

  7. Concordo, ampliando a sua
    Concordo, ampliando a sua lista para todos os Banqueiros,
    que ampliam seus rendimentos devido
    a alta taxa de juros que mantém seus lucros recordes.

  8. Na verdade falta muito pouco
    Na verdade falta muito pouco para o Brasil sair do atoleiro. Tudo q falta, é o povo sair da frente da tv, em um domingo de futebol, e protestar em frente a assembleias e camara de deputados, como fazem franceses, qdo queimam carros de luxo q pertencem aos favorecidos e acomodados. Sem luta, não existe vitória

  9. Há uma diferença básica entre
    Há uma diferença básica entre brasileiros e americanos: estes, em qualquer circunstância, agem de acordo com interesses do seu país e do povo americano, ainda que os seus próprios interesses sejam contemplados; aqui encontramos sempre pela frente les-pátria, quinta-coluna como os citados por Nassif, além dos históricos sanguessugas das elites brasileiras. Haja sangue, suor e lágrimas para satisfazer tanto apetite egoista, mesquinho e cruel.

  10. Prezado Nassif: Gosto muito
    Prezado Nassif: Gosto muito do seu trabalho, mas, francamente, este texto não está à sua altura, em especial, pela conclusão contraditória. Ou seja, se você identifica as estratégias de economistas influentes do Brasil bem como o suporte de argumentos favoráveis “manipulados de forma grosseira pela mídia” peca ao concluir que “o país sairá desse atoleiro quando aprender a colocar os fins acima dos meios”. Ora fica claro, que os fins já estão definidos pelas ações por você diagnosticadas. Assim, o desenvolvimento virá, tão somente, quando a visão que você propõe seja compartilhada como objetivo (fim) pelos atores que, como você bem expõe, realmente influem e fazem diferença no Brasil. Não é uma questão de meios. Pense nisso. Um abraço.

  11. sobre comentário do
    sobre comentário do Gustavo:

    “Mas, há algo ainda mais importante: o percurso teórico de Marx não foi interrompido na análise do modo de produção capitalista, tal como ele aparece na forma D – [FT + T + MP] – M – D’.

    Seu verdadeiro lance de gênio foi ter percebido que o capitalismo não se deteria aí, pois a acumulação realizada assim força o capital a entrar e sair permanentemente de sua forma líquida, imobilizando-se sucessivamente em “coisas”.

    É uma forma de acumulação arriscada e que contém em si, do ponto de vista do capital, muito tempo morto.

    Ao deixar a forma D, o capital não tem garantias de que ressurgirá ampliado em D’. Inúmeras causas, analisadas em detalhe em O capital, podem impedir o desfecho exitoso do processo.

    Marx concluiu que o capital procuraria ampliar suas possibilidades de acumulação na forma D – D’, na qual ele nunca deixa de existir como riqueza abstrata.

    E anteviu, com grande ousadia: quando essa forma se tornasse predominante, a civilização do capital entraria em crise. ”

    Caminhos da transformação
    (uma abordagem teórica)
    César Benjamin

  12. Se acredito em apreciação do
    Se acredito em apreciação do câmbio (digamos 15%), posso aplicar em ativos nacionais sabendo que, quando retirar dinheiro do país, terei um ganho adicional de 15% que minimizará meu risco.

  13. Nassif, o Armínio Fraga,
    Nassif, o Armínio Fraga, Gustavo Franco, Luiz Fernando Figueiredo, André Lara Rezende fizeram o trabalho deles enquanto estavam no governo e continuam fazendo na iniciativa privada. O problema foi que elegemos o Lula para mudar as coisas e ele aderiu ao populismo. Não dá pra comparar FHC com Lula porque um era oposição ao outro. Nesse ponto, a única coisa que podemos fazer é criticar o Lula.

  14. Caro Nassif,

    o que o
    Caro Nassif,

    o que o quarteto de economistas que você cita fez foi acabar com a inflação sem, no entanto, ter eliminado seu fato gerador: o déficit público causado pela elefantíase do estado brasileiro. Não haverá desenvolvimento no Brasil enquanto não se atacar esse mal. Ponto.

  15. Em embemática entrevista no
    Em embemática entrevista no Programa Roda Viva da TV Cultura, há muitos anos, André Lara Resende afirmou que a estabilidade era boa para todos, quem podia ser contra a estabilidade?
    Essa grosseira simplificação da realidade omite o principal : é boa a que custo? No limite pode-se destruir um País para chegar à uma estabilidade de cemitério.
    A partir dessa falsa premissa, de que a estabilidade é boa para todos, sem qualificar em que proporção e a que custo, construiu-se todo o discurso da atual politica economica.
    Ao exagerar a valorização da moeda concentra-se toda a riqueza do País nas mãos dos detentores de liquidez, que são primordialmente os bancos, fundos de investimento, administradores de fortunas e grandes empresas com alta disponibilidade de caixa.
    Esse porcesso leva à desmesurada valorização dos ativos dentro do País, beneficiando os detentores desses ativos. Ao fim tddo esse incremento de valor é uma transferência de riqueza do conjunto da socieade para os donos de ativos, concentrando a renda e a riqueza em um grau inédito no País. Empresas e shoppings que valiam 20 ou 50 milhões de reais há pouco tempo, hoje falam em IPOs de 500, 600 milhões de reais com a maior naturalidade, outros já pensam em um bilhão de reais para construtoras que não são mais do que simples grifes, não tem patrimonio, não valem mais do que um vigésimo dessas cifras.
    Toda esse febre é produto da valorização da moeda que atrae investidores para comprar ativos supervalorizados.
    Resultado : a renda do capital, històricamente entre35 e 40% do PIB no Brasil, hoje chega a 70%, o trabalho que carrega tudo nas costas fica com 30%.
    Estabilidade é isso ai. É um bisturi que pode salvar ou matar um País, depende com que propósito foi estabelecida e como é manejada.

  16. Desenvolvimento qdo? Milhoes
    Desenvolvimento qdo? Milhoes se reunem em parada gay, enquanto ninguem vai para a rua protestar contra corrupção e promessas do governo. Salve-se quem puder.

    Juliano, Houston, TX

  17. Desenvolvimento qdo? Quando
    Desenvolvimento qdo? Quando Bush foi ao Brazil, dezenas de milhares sairam as ruas para protestar. O que o sucesso alheio tem a ver com o nosso fracasso? Milhoes se reunem em parada gay, enquanto ninguem vai para a rua protestar contra corrupção e promessas do governo. Em vez de se comemorar o dia anual do orgulho gay, deveria de ser celebrado o dia anual da indignação e vergonha de nosso país corrupto. Mas isso não seria um bom deal para as centrais sindicais e a união nacional dos estudantes, que recebem dinheiro do Lulismo para ficarem de boca fechada. Salve-se quem puder.

    Juliano, Houston, TX

  18. Andre escreveu:
    “Resultado :
    Andre escreveu:
    “Resultado : a renda do capital, històricamente entre35 e 40% do PIB no Brasil, hoje chega a 70%, o trabalho que carrega tudo nas costas fica com 30%. ”

    Tal estatistica ee fatualmente incorreta. Nao houve nenhuma mudanca na distribuicao de renda entre capital e trabalho de similar magnitude no Brasil — pelo menos nenhum trabalho academico que eu tenha visto sugere algo neste sentido, ou vagamente similar com o que voce descreveu.

  19. Meu Caro Nassif:

    Como
    Meu Caro Nassif:

    Como sempre, brilhante sua exposicao sobre a evolucao dos negocios dos sanguessugas. O unico erro talvez, seja o final: o pais sairá deste atoleiro quando prender os sanguessugas. Ninguem colocou os fins do pais acima dos meios. Colocarm-se os fins pessoais acima dos meios do pais.
    E isto é muito grave porque nao e trata de quebrar uma vidraça com uma tijolada. Nesta caso, eu poderia afiramr (exemplo): foi o Nassif que jogou o tijolo. Porem no caso dos sanguessugas estao as explicaçoes esotericas, complicadas etc…que explicam porque nao foi este tijo que quebrou aquela vidraça. Deu para entender? Reitero minha admiraçao pela clareza da analise.

  20. Meu caro Economista : O
    Meu caro Economista : O cálculo da particiapção do trabalho no PIB não é matéria de estudo acadêmico e sim das Contas Nacionais, portanto é apurado pela mesma Instituição que calcula o PIB, no caso do Brasil é o IBGE.
    Na ultima apuração, de 2006, o trabalho ficou com 31,7% já como resultado da correção metodológica da apuração do PIB, que elevou o crescimento no ano passado de 2,8% para 3,7%. Na metodologia anterior o trabalho participava com 25,7%. Para se ter uma idéia da participação declinante do trabalho na renda nacional, em 1994 o trabalho tinha 40%, em 2002 36,1%, entre 2002 e 2005 a participação do trabalho no PIB caiu 3,7%, já na nova metodologia. Como comparação, nos EUA o trabalho participa com 60% e o capital com 30%, na França o trabalho com 52% e o capital com 35%. A queda da participação do trabalho no PIB do Brasil é uma tendência declinante ininterrupta desde 1994, significando que o Plano de Estabilização ampliou deliberadamente a fatia do capital na renda nacional em detrimento do trabalho. Isso não é uma opinião, é a estatística oficial do País.

  21. Caro Andre,

    Na sua mensagem
    Caro Andre,

    Na sua mensagem anterior, voce escreveu:

    “\”Resultado : a renda do capital, històricamente entre35 e 40% do PIB no Brasil, hoje chega a 70%, o trabalho que carrega tudo nas costas fica com 30%. \”

    Muito obrigado pela sua mensagem mais recente por ter desmentido a frase supra-citada.

    Quanto a trabalhos academicos, existem sim economistas com PhD e emprego publico fazendo pesquisa e publicando artigos sobre a medicao da renda do capital e do trabalho no Brasil – varios destes economistas baseados nos departamentos de economia de nossa capital.

  22. Devo estar escrevendo em
    Devo estar escrevendo em aramaico ou grego arcaico. O que eu disse é que para se constatar como se compõe o PIB de um País na divisão da renda não é necessário compulsar estudos acadêmicos, basta verificar os próprios números que entram na composição do cálculo do PIB, disponíveis no site do IBGE e recepcionados no site do Fundo Monetário Internacional, http://www.img.org. Eu não disse que não existem trabalhos acadêmicos sobre o tema, disse que não é preciso ir tão longe para se informar sobre o assunto, tratam-se de simples estatísticas nacionais de cada País. Quanto às aproximações de porcentagens, é recurso para simplificar a grafia e o entendimento, não vou usar filigranas detalhistas de dados para ilustrar um raciocínio, é normal arredondar e apoiar a conclusão em grandes números, não precisamos ir aos mínimos dos mínimos detalhes.
    Parace que o prezado leitor curte complicar para confundir os raciocinios dos temas mais simples.
    Quantos aos PhDs já tenho idade suficiente para não me impressionar com títulos e pompas acadêmicas, especialmente em economia.

  23. Nassif, quando este blog vai
    Nassif, quando este blog vai ser sonoro? Porque gostaria que fosse bem alto o som dos meus aplausos para o Andre. Ele não só matou a cobra como mostrou o pau para o enrolado e(bota minúscula nisso)conomista.
    eheheh

  24. Felicio, pode guardar teus
    Felicio, pode guardar teus aplausos…

    André escreveu:
    “Devo estar escrevendo em aramaico ou grego arcaico. O que eu disse é que para se constatar como se compõe o PIB de um País na divisão da renda não é necessário compulsar estudos acadêmicos, basta verificar os próprios números que entram na composição do cálculo do PIB, disponíveis no site do IBGE e recepcionados no site do Fundo Monetário Internacional, http://www.img.org.”

    (1) Bonito blefe, favor mostrar para mim onde tais números estão localizados no sítio do FMI.

    André escreveu:
    “Eu não disse que não existem trabalhos acadêmicos sobre o tema, disse que não é preciso ir tão longe para se informar sobre o assunto, tratam-se de simples estatísticas nacionais de cada País.”

    (2) Você está repetindo um preconceito comum de não-economistas: a idéia que no IBGE existe um termômetro ou um ultrassom que mede as variáveis econômicas. Infelizmente não é o caso. Nós sabemos com uma razoável certeza quanto o preço de um litro de leite aumentou ou quantas toneladas de soja foram embarcadas no Porto de Paranaguá. Entretanto, existe muita incerteza sobre, por exemplo, a parcela da renda nacional que vai para trabalho. Uma resposta honesta de quem conhece a literatura põe a parcela da renda nacional brasileira remunerando o trabalho entre 30 e 60 por cento.

    André escreveu:
    “Quanto às aproximações de porcentagens, é recurso para simplificar a grafia e o entendimento, não vou usar filigranas detalhistas de dados para ilustrar um raciocínio, é normal arredondar e apoiar a conclusão em grandes números, não precisamos ir aos mínimos dos mínimos detalhes. ”

    (3) Aqui nosso amigo está faltando com a verdade. Não critiquei nenhum arrendondamento. Vejamos o que ele escreveu: \”Resultado : a renda do capital, històricamente entre35 e 40% do PIB no Brasil, hoje chega a 70%, o trabalho que carrega tudo nas costas fica com 30%. \” É simplesmente incorreta a afirmação de André que a parcela da renda do capital passou de 35-40 por cento do PIB para perto de 70 por cento do PIB no Brasil. Foi isso que critiquei na minha primeira resposta. Por exemplo, qualquer pessoa que presta um pouco de atenção à literatura sobre distribuição de renda no Brasil sabe que nos últimos 15 anos, a renda está se tornando menos concentrada ou pelo menos nao esta piorando.

  25. Meu caro leitor Economista
    Meu caro leitor Economista (que se esconde sob o anonimato) : O caro colega blogueiro inisiste em uma tese curiosa : que o IBGE não é confiável, portanto será preciso esperar por estudo de um PhD de sua confiança para se aferir se a renda do trabalho no PIB caiu vertiginosamente de 1994 para nossos dias..
    Minha resposata :
    1.Se o IBGE não mede as Contas Nacionais a partir de que matéria prima estatística um acadêmico vai tirar suas conclusões?
    2.A credibilidade nacional e internacional do IBGE não é contestada sèriamente. O orgão é bem antigo, há décadas levanta o Censo e as Contas Nacionais, base de todas as estatítisticas que O Brasil envia aos orgãos multilaterais que recebem esses números como bons e válidos. Mais ainda. A qqualidade dos dados submetidos pelo IBGE é internacionalmente elogiada, o orgão é tido como um dos centros estatísticos de primeira linha entre os grandes emergentes, muito mais confiável do que os da China, India e Russia, até pela tradição.
    3.A metodologia usada para o levantamento do Produto Interno Bruto é aquela internacionalmente aceita. Portanto o IBGE não precisa de termometros e ultrasons, como canhestramente o prezado blogueiro sugere, para medir o PIB. Existem métodos estatísticos para isso, não há que se aguardar instrumentos máficos.
    4.Sugiro a leitura do relatório sobre a declinante participação da renda do trabalho no PIB em “The Globalization of Labor” no World Economic Outlook, de abril de 2007, emitido pelo Fundo Monetário Internacional. http://www.imf.org.
    Há tambem uma boa entrevista do Prof.Darcio Garcia Munhoz, da Universidade de Brasilia, no boletim do Conselho Regional de Economia da 1ª Região, onde o entrevistado aponta a queda da renda do trabalho no PIB entre 1994 e 2006, como de 42,5% a 29,5%. A revisão metodológica (que é normal para qualquer centro estatístisco) do inicio de 2007, modificou ligeiramente esses dados, como já apontei no post inicial. Pra conferir vide
    http://www.corecon-rj.br
    Mas para maior conforto do ilustre blogueiro, me calço na entrevista do inuspeitìssimo Prof.José Marcio Camargo, de orientação neolobiral monetarista ultraortodoxa, professor da PUC-Rio e sócio da Tendência Consultoria, que diz ipsis literis ” O aumento do desemprego a partir de 1994 tem papel fundamental na troca de posiçõesentre o capital e o trabalho na distribuição do PIB. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Amosyta de Domicilios (PNAD) a taxa de desemprego passou de 4% da força de trabalho para 11%, ou seja, foi um aumento muito importante que reduziu a renda do trabalho”. O prof.Camargo é um entusiasta do Plano Real e da politica economica atual, não está torcendo sua apreciação do fato que estamos discutindo, apenas constata.
    Portanto, se o douto blogueiro insistir na tese de que o IBGE não sabe calcular o PIB, só lhe resta ir ao Porto de Paranaguá e conta a soja embarcada, saca a saca, pois como diz em seu post, o IBGE não sabe fazer isso e então ninguem pode saber nada sobre o PIB.

  26. Caro André,

    Está ficando
    Caro André,

    Está ficando cansativo debater com você.

    Vamos por pontos:

    André escreveu:
    “O caro colega blogueiro inisiste em uma tese curiosa : que o IBGE não é confiável, portanto será preciso esperar por estudo de um PhD de sua confiança para se aferir se a renda do trabalho no PIB caiu vertiginosamente de 1994 para nossos dias.”

    Incorreto. Qualquer estimativa de institutos estatísticos são exatamente isso, estatísticas, com margens de erro.

    André escreveu:
    “1.Se o IBGE não mede as Contas Nacionais a partir de que matéria prima estatística um acadêmico vai tirar suas conclusões? ”

    O IBGE coleta, transforma e analisa dados. O produto final, assim como os produtos intermediários são disponíveis para o pesquisador externo.

    André escreveu:
    “2.A credibilidade nacional e internacional do IBGE não é contestada sèriamente.”

    Ninguém está duvidando da credibilidade do IBGE aqui.

    André escreveu:
    “3.A metodologia usada para o levantamento do Produto Interno Bruto é aquela internacionalmente aceita. Portanto o IBGE não precisa de termometros e ultrasons, como canhestramente o prezado blogueiro sugere, para medir o PIB. Existem métodos estatísticos para isso, não há que se aguardar instrumentos máficos. ”

    O colega não parece entender metáforas.

    André escreveu:
    “4.Sugiro a leitura do relatório sobre a declinante participação da renda do trabalho no PIB em \”The Globalization of Labor\” no World Economic Outlook, de abril de 2007, emitido pelo Fundo Monetário Internacional. http://www.imf.org.”

    Não existe em tal estudo nenhuma referência a uma queda na participação da renda do trabalho no PIB no Brasil. Se estiver enganado, e o colega puder encontrar tal referência, favor mencionar o número da página.

    André escreveu:
    “Há tambem uma boa entrevista do Prof.Darcio Garcia Munhoz, da Universidade de Brasilia, no boletim do Conselho Regional de Economia da 1ª Região, onde o entrevistado aponta a queda da renda do trabalho no PIB entre 1994 e 2006, como de 42,5% a 29,5%. A revisão metodológica (que é normal para qualquer centro estatístisco) do inicio de 2007, modificou ligeiramente esses dados, como já apontei no post inicial.”

    André, em seu post original você disse que a renda do capital era da ordem de 35-40 por cento do PIB, agora é da ordem de 70 por cento do PIB.

    O douto blogueiro ainda está esperando que você mostre o link no sítio do IBGE ou do FMI contendo a evidência que aconteceu uma grande mudança na distribuição de renda no Brasil. É um desafio. Ou você mostra os dados, ou admite que estava hiperbolizando (gostei desse neologismo!).

  27. Meu caro Economista anonimo :
    Meu caro Economista anonimo : Não vou entrar no seu desafio primário. Citei anteriormente todas as fontes onde qualquer economista medianamente informado sabe se econtrarem os dados do PIB. Não é necessário eu lhe ensinar os passos para navegar no sitio do IBGE, no subsitio Contas Nacionais e no sub-sub-sitio Composição do PIB. Vc sabe perfeitamente e finge não saber que tais dados básicos são recepcionados nos Country Profiles tanto do Fundo Monetário Internacional como no do Banco Mundial. Quanto ao não reconhecer a tendência de queda da participação do trabalho no PIB desde 1994 , citei o insuspeito depoimento do Prof.José Marcio Camargo, em entrevista ao jornal VALOR de 6/12/2004, reproduzida no site do Ministério do Planejamento http://www.clipping.planejamento.gov/br, se isso não é suficiente não há mais o que fazer para que o ilustre economista entenda a questão.
    Se o prof.José Marcio Camargo, emérito e intransigente defensor da atual politica economica, sócio da Tendência Consultoria, linha de frente do monetarismo nacional, baseado em dados do IBGE que cita na entrevista, reconhece essa queda, o prezado blogueiro diz que duvida e quer que eu prove mais o que?
    Se o debate está cansativo para o preclaro leitor, como deselegantemente apontou, a sugerir que eu sou quem lhe causa cansaço, posso lhe garantir que para mim aqui se encerra esta realmente cansativa discussão de quem duvida da Lei da Gravidade e exige provas.

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