As hidrelétricas e o meio ambiente

Coluna Econômica – 24/04/2007

A grande conclusão do 41º Fórum de Debates do Projeto Brasil, sobre “Energia: o Desafio de Suprir a Demanda Elétrica” é que as hidrelétricas continuam sendo imprescindíveis. Não apenas para suprir o país de energia, mas para garantir um fornecimento a preços competitivos.

Segundo o Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério das Minas e Energia, Mário Zimmermann, entre 2007 e 2010 estarão sendo finalizados os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental de nove usinas hidrelétricas, em um total de 25.768 mw de potência. Há outras dez usinas sendo inventariadas até 2010, com um total de 32.950 mw de potência.

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E aí começam a entrar as opções que o país terá que adotar nos próximos anos. Grande parte do potencial hidráulico está na região Amazônica. No caso da hidrelétrica do rio Madeira -segundo os participantes do Seminário—, devido à correnteza do rio, haverá condição de utilizar uma tecnologia que não exigirá grandes reservatórios. A área inundada será mínima e inferior (como proporção área inundada/mw) a das PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas).

Mas e se questões ambientais impedirem as hidrelétricas do Amazonas? Hoje em dia -segundo dados do MME–, 84% da energia elétrica é renovável, 15% é térmica (óleo, diesel). Se forem construídas as usinas do Amazônia, em 2016 a proporção será de 69% de energia renovável, 29% de térmica.

Sem a usina do Madeira, mais as UTEs (Usinas Termoelétricas) de ajuste, em 2016 a proporção estaria em 64 e 34% respectivamente.

Sem as demais usinas do norte, em 2016 a proporção estaria em 56% de energia elétrica renovável, 42% de energia térmica poluente.

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A questão central, portanto, é como viabilizar a construção das usinas amazônicas, sem comprometer o meio-ambiente.

Diretor de Meio Ambiente da Construtora Norberto Odebrecht, Sérgio Leão fez uma comparação entre a metodologia de defesa do meio ambiente adotada por organismos internacionais (Banco Mundial, BID, IFC) e o Brasil.

Há uma diferença básica de atuação. No caso dos organismos internacionais, exige-se uma licença ambiental e, depois, os planos e programas são de aprovação mais simplificada. As obras são acompanhadas por visitas trimestrais ou semestrais, analisadas, e há flexibilidade para ajustes no plano original. Por exemplo, se há erros nos dados sobre população atingida, ou sobre características da fauna e da flora, corrige-se e compensa-se, se for o caso.

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No caso do IBAMA, há uma excessiva rigidez no processo inicial de aprovação, e quase não há acompanhamento na execução. Há um problema sério para quem aprova esses planos: pela lei, o técnico do IBAMA que assina um parecer aprovando determinado projeto, será responsável por ele até o final dos tempos, ou da sua vida. Essa circunstância torna a todos extraordinariamente cautelosos – com justa razão. Como não há também muita segurança técnica por parte dos analistas, acaba-se incorrendo em um sem-número de exigências que atrasa em muito a aprovação.

Exige-se uma licença prévia, uma licença de instalação, outra de operação, mais projetos específicos prévios para flora, fauna, supressão de vegetação, em um todo infindável.

O que se propõe é a mudança da metodologia para tornar a aprovação mais rápida, e a fiscalização mais eficiente.

Para incluir na lista Coluna Econômica

Luis Nassif

29 Comentários

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  1. Nassif,

    O que há é um
    Nassif,

    O que há é um verdadeiro terrorismo por parte desses ambienalistas. Isto virou meio de vida com a geração de empregos públicos bem remunerados. Eles não vão largar esse osso nunca. Por causa de um ninho de periquitos, exigem o desvio de uma estrada. Por causa de alguns bagres, vão causar outro apagão. Lula apesar de preocupado (ver Painel da Folha, de hoje), não consegue decidir nada, como é sua carasterística. Com tantos recursos hídricos, não tem cabimento outra forma de produção energética, todas desfavoráveis.

  2. Nosso modelo é do país “do
    Nosso modelo é do país “do faz de conta”. Como pode um técnico, por mais experiente e preparado que seja, assinar sozinho um relatório de atividades multi disciplinares, é lógico que haverá muita insegurança ao fazê-lo, exigindo-se coisas desnecessárias e não enxergando outras necessárias. Os modelos internacionais parecem uma solução mais eficaz, pois, permite ajustes ao longo do projeto e prevê uma fiscalização no acompanhamento da obra.

  3. Em nosso país há uma serie de
    Em nosso país há uma serie de exigências descabidas para implantação de uma hidrelétrica,
    Preferem fiscalizar quem tem responsabilidade com o meio-ambiente do que ir para Amazônia fiscalizar a derrubada da floresta por grileiros que não tem planejamento ambiental é claro e devastam uma área bem maior que todos os reservátorios previsto na construção das hidrelétricas.
    Devemos nos preocupar com quem está fora da lei.

  4. Nassif,
    Uma questão técnica
    Nassif,
    Uma questão técnica para discussão. Dizem que as hidrelétricas têm baixo impacto ambiental porque não emitem gases do efeito estufa. Independentemente de outros impactos sociais e ambientais, como a eliminação do seqüestro de carbono pelas árvores, qual a emissão de metano oriunda da decomposição da floresta inundada ? Ainda não há estudos conclusivos, mas seguramente é uma emissão significativa que contribui com o aquecimento global.

  5. Nassif, concordo parcialmente
    Nassif, concordo parcialmente com a sua análise, mas acredito que o modelo ideal seria uma análise inicial apurada (não significa necessariamente demorada) e uma fiscalização (monitoramento) eficiente. Acho as duas coisas imprescindíveis; a facilidade na etapa inicial tem a conotação de que o projeto tem que ser aprovado, o que muitas vezes não é possivel em função de não termos garantias de compensação satisfatórias, ou de alternativas locacionais do mesmo. O que se ve hoje é que a grande maioria dos empreendedores (se não a totalidade) vêm no processo de licenciamento apenas um entrave burocrático e legal, contratando um aparato apenas para driblar o mesmo; por outro lado um governo desestruturado que muitas vezes não possui qualificação para analisar e fazer a gestão ambiental do seu território.

  6. O processo teria sido mais
    O processo teria sido mais rápido se as empresas interessadas não falseassem os relatórios de impacto ambiental. Mas Brasil é assim mesmo pois se alguem descobre a sacanagem este passa a ser o chato que está atrapalhando e retardando o crescimento. O impacto de uma usina é inevitável e precisa ser bem mensurado, mesmo sendo uma en

  7. Ja estamos acostumados,
    Ja estamos acostumados, nestes rincoes, a infindaveis discussoes e nenhuma tomada de decisao. Muitas delas ligadas ao Meio Ambiente. Como alguem comentou ai embaixo, ninguem esta ligando para a depredacao despudorada da floresta amazonica, mas ficam preocupados com alguns km 2 que vao ser inundados, emperrando o desenvolvimento. Seria bom, entao que dessem outra sugestao para evitar os apagoes futuros. Aqui em Ribeirao Preto esta em discussao a anos a internacionalizacao do Aeroporto Leite Lopes, emperrado pela lei Ambiental. Nao se muda, nao se faz, nao se decide. E nos assistimos a tudo isso de boca fechada.

  8. Prezado Nassif

    Não dúvidas
    Prezado Nassif

    Não dúvidas dos absurdos que estão sendo cometidos neste país, em nome dessa tal preocupação ambiental.
    Os gringos devem se deliciar e morrer de rir ao constatarem que nem precisam fazer esforço algum para atravancar nosso desenvolvimento, pois o nosso pessoal dá conta do recado sozinho e com louvor.
    É o Brasilzão de sempre, salvando periquitos e bagres, enquanto metade da população vive abaixo da linha da miséria, e os espertalhões criando suas dificuldades pra venderem suas soluções, e manterem intactos seus empregos no governo.
    Sou obrigado a relembrar seu artigo de semanas atrás: Temos dado um azar danado com esses nossos governantes, que além de medíocres, ainda conseguem emplacar auxiliares da pior estirpe.
    Vai ver, a coisa está emperrada porque as concessionárias não chegaram a um acordo quanto ao “pedágio” do pessoal do meio-ambiente. Tudo aqui tem que ter o tal pedágio.
    É uma Vergonha.

  9. Concordo com o Luciano,que
    Concordo com o Luciano,que postou seu comentário criticando o provável excesso de zêlo,na análise dos projetos na Região Amazonica,entretanto não se vê este rigor na fiscalização(quase que inexistente)dos exploradores de madeira, que estão destruindo sem nenhuma preocuoação com sustentação ecológica aquele região.Claro que teremos que estar atentos para que nenhum empresário movido somente pelo lucro,desrespeite nosso meio ambiente,porem não dá pra ser políticamente correto,e perder o bonde da história,quando todas as ações convergem para o correto aproveitamento daquilo que a natureza nos deu,e do qual podemos tirar proveito,respeitando as leis e conservando a natureza.

  10. Getúlio Vargas ,com muita
    Getúlio Vargas ,com muita propriedade
    dizia , para um interlocutor que exigia dele ações firmes e sumárias:”Um ditador,ao contrário do tu pensas ,não pode tudo”. Menos ainda ,um presidente constitucionalista. Os liames criados pela constituição,leis ordinárias,ações propostas por ONGs,públicas e um sem número de táticas protelatorias,neutralizam qualquer poder. Reflitam : se os chineses tivessem os mesmos entraves que temos aqui, com a construção de Três Gargantas,que exigiu entre outras medidas,o maior deslocamento populacional em tempos de paz,certamente arruinaria seus projetos de desenvolvimento industrial,e abastecimento as populações rurais daquela região secularmente mergulhada num atraso medieval. Certos projetos nacionais, repousam há onze anos sem solução,no setor energético.
    Há entraves de toda ordem.Desde as picuinhas paroquiais,passando pelas ideológicas,indígenas e as ambientais.Afinal ,quem se quer verdadeiramente salvar?Ou, a estratégia é comprometer o futuro,paralisando o presente?

  11. Sr. Nassif,

    Acrescento duas
    Sr. Nassif,

    Acrescento duas novas opiniões e uma hipótese ao debate:

    1. Não se trata apenas de apressar a liberação de licença. Certamente trata-se de apressar o processo. Mas trata-se também de dizer NÃO, quando o projeto for irracional (como foram Balbina e outros). Hoje em dia o licenciamento é extremamente moroso, o que gera aumentos irracionais de custo, e sempre resulta em aprovação (com duas exceções em centenas de casos, segundo eu sei).

    2. As UHE são discutidas sempre em termos “das necessidades do país”, de “sua importância para a oferta energética do país”. Mas há ganhadores e perdedores. Ganham os empreiterios e grandes fornecedores. Perdem as populações diretamente afetadas, em geral os mais pobres. Funcionam como enclaves, respondendo a necessidades de outras regiões e deixando rios mortos e populações famintas na origem. Foi o caso de Tucuruí. Pode ser o caso do Madeira.

    Hipótese: A ausência de investimento não é consequência da resistência de IBAMA ou do MMA, mas resultado de um modelo de oferta defeituoso, que não induz investimentos e que premia os investidores num quadro de escassez. Mas a autoria do modelo é Roussef – Tomalsquim, fortes e bem cotados no Planalto. E IBAMA e MMA, além de mais fracos, são bodes expiatórios convenientes.

    abraço,

    Carlos.

  12. Meu Caro Nassif, muita água
    Meu Caro Nassif, muita água já rolou e muito mais vai rolar sem o fundamental aproveitamento energético que NECESSITAMOS. O falso discurso ambientalista, que já tornou-se terrorismo ambiental adquirido sem avaliações sérias pela mídia de massa, tem o propósito claro de interromper o desenvolvimento dos novos líderes do futuro, e evitar a disputa por reconhecidamente finitas fontes de energia fóssil. Os xiitas do ambientalismo estão sendo pagos por organizações e fundos absolutamente poderosos, e que têm interesses de dominação historicamente inconfessáveis. Por favor, leiam e divulguem os relatórios disponíveis no portal http://www.alerta.inf.br.

  13. Grandes intervenções no
    Grandes intervenções no ambiente, hidrelétricas incluídas, mas também a implantação de uma indústria, de um grande loteamento, o desassoreamento de um porto, enfim as alterações produzidas pelo homem no espaço terrestre, requerem muito bom senso dos analistas do setor público e também dos profissionais do setor privado envolvidos na elaboração dos estudos. E cada vez mais do próprio empreendedor em busca das certificações ambientais. Normalmente são intervenções necessárias, fundamentais para um grupo, mas que podem prejudicar outros. Trata-se então de discutir a minimização dos impactos e a compensação dos danos causados. E ter consciência de que nem sempre é possível fazer isso. No final das contas, é o modelo econômico aceito pela sociedade quem acaba definindo tudo. Quanto as pessoas estão dispostas a ceder do seu conforto em função de um ambiente mais preservado?

  14. É “se forem”, mesmo, Luiz
    É “se forem”, mesmo, Luiz Eduardo. Se não forem é que a proporção aumenta mais em favor das não renováveis.

  15. A minha opiniao ee q haa
    A minha opiniao ee q haa outras alternativas q deveriam ser estudadas, como por exemplo a energia nuclear, eolica, e mesmo a solar (estimulando residencias a colocar as placas solares na rede de energia). Li a reportagem do NYT sobre os danos da barragem no Oregon… ee algo a se pensar. Gostaria q o Estado estimulasse mais as pesquisas cientificas nos ecosistemas p/ saber realmente qual ee o impacto ambiental destas obras.

  16. Qual idéia melhor que os
    Qual idéia melhor que os terrorista ambientais tem para suprir a energia hidrelétrica, essa balelá de energia solar.
    Hidrelétrica gera empregos e é admirada em todo mundo só em nosso país que deixamos de contrui para não pertubarem os vaga-lumes, Querem ser perfeccionista o desenvolvimento tem seu custo esse das hidrelétricas são os menores entres outros.

  17. Sou obrigado a rir. Está
    Sou obrigado a rir. Está escrito no texto:

    ….em um total de 25.768 mw de potência. Há outras dez usinas sendo inventariadas até 2010, com um total de 32.950 mw de potência..

    O êrro também é irônico. Explicando:
    O ´m´ minúsculo é o submúltiplo mili. O ´M´ (maiúsculo) é o MEGA .

    No texto 25.768 mw = 25,7Watts e 32.950 mw = 32,9 Watts.

    Essas usinas vão acender no máximo um lâmpada de 40 Watts.

    Isso tudo é um tremendo engodo. Em 2016 haverá o milésimo Fórum à luz de vela.

  18. Conforme o texto:

    ´entre
    Conforme o texto:

    ´entre 2007 e 2010 estarão sendo finalizados os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental de…´

    Vamos fazer uma analogia elementar: Eu estou em frente ao meu terreno para construir uma casinha. Não tenho onde morar. Só tenho em mãos o ante-projeto para a construção da casinha em terreno duvidoso. O céu está escurecendo e tá vindo um tremendo temporal.

    I don´t believe, Oh my God!

    Esse Fórum é prá inglês ver.

  19. Acho que devemos de deixar de
    Acho que devemos de deixar de cinicos, quanto ao problema das hidrelétricas, no mundo todo se usa usinas nucleares, elas são seguras, os desastres acontecidos e connhecidos foram os de Chernobyll (acredito que é assim que se escreve) na Ucrânia, que deu-se mais pela falência do Estado Soviético, já que não mantinha condições econômicas financeiras para a manutenção e conservação das usinas nucleares, o outro caso ocorrido, foi nos EEUU, mas sem maiores conseqüências, os sistemas de manutenção estavam em perfeitas condições e o problema foi resolvido sem que houvesse radiação.
    O Brasil já dispõe de tecnologia de enriquecimento de uranio, temos duas usinas em funcionamento, bem esiste o liga/desliga por falta de uma políttica que prefere investir em obras faraônicas, e deixar os equipamentos ao relento, destruíndo-se e desperdissando dinheiro. O lixo atômico, produzido pelas usinas nucleares é de pequena quantidade e podem ser feitos depósitos subterrâneos para armazenamento seguro. O que tem que acabar é esse jogo peseudo-ambientalista, que está mais interessado em negar oa País o desenvolvimento e pesquisa independente dos países detentores da tecnologia e que não lhes interessa repassar o conhecimento, e assim perderem o monopóliov do poder nuclear. O Brasil é um país pacífico e ja aderiu ao tratado de não proliferação de armas nucleares, estão porquê não pensarmos nessa possibilidade, pois as outras possibilidades ,como a nergia aéolica e solar são de alto custo e irregulares, pois dependem de condições de ventos favoráveis e dias ensolarados, e com quequeno aprovenmitamento,

  20. Nassif,
    Com inspiração neste
    Nassif,
    Com inspiração neste post, pra vc que também é músico, sugiro uma paródia do Raul Seixas: “Vamos alAgar o Brasil”
    pq alugar já não tem mais utilidade

  21. Caro Nassif. Você tocou num
    Caro Nassif. Você tocou num ponto nevrálgico de toda burocracia brasileira, e pelo qual sempre me bato. São muitas requisições de documentos e pouquíssima fiscalização (na maioria das vezes nenhuma). Oxalá essa distorção será corrigida um dia.

  22. A respeito da mensagem do Sr.
    A respeito da mensagem do Sr. José Carlos Lobo Barbosa: Existe um pesquisador em Rio Negro/Pr que já desenvolve estes protótipos… Quem tiver curiosidade pode acessar o site:
    “http://www.fendel.com.br/”.

  23. O interesse das grandes
    O interesse das grandes empreiteras sobrepõe-se à preservação do meio ambiente. Na verdade, o Capital sonha para entrar no filão rentável na construção das hidreléticas. Será que realmente precisamos de outras além das que já existem para evitar o possível “apagão” ?. Não seria melhor potencializá-las ?. Com certeza, os investimentos seriam bem mais econômicos e racionais.

  24. Texto corrigido:
    “As
    Texto corrigido:
    “As hidreléticas já existentes podem ser REPOTENCIALIZADAS, ao invés do governo aprovar a construção de outras, tão-somente para atender ferozes capitalistas.

  25. Nassif, tenho muito respeito
    Nassif, tenho muito respeito por suas posições no blog, não só pela seriedade e competência técnica, mas também pelo valor moral que lhes dão fundo especial.

    Mas a questão do aproveitamento hidrelétrico de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, não é tão simples como alguns setores do Governo – aliados ao projeto da OMC [hidrelétrica e hidrovia do Madeira-Beni] – exibiram nesse 41º Fórum de Debates, em mais um lance da ‘guerra de posições’ que a Globalização empreende no ‘avanço’ da chamada ‘fronteira oeste do capitalismo’, ganancioso e destrutivo.

    Na decisão de escolher a construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau está também explícita a opção de colocar em risco de extinção a maioria das espécies de peixes que suprem as necessidades de mais de 80% da população ribeirinha não só do vale do Madeira, mas de todo a planície amazônica, com repercussão que se estende ao Estado do Pará.

    A responsabilidade é grave. É necessário o máximo de cuidado, atenção e estudos visando prevenir os danos que por ora são inestimáveis, irreversíveis e incalculáveis: a hidrelétrica e a hidrovia promoverão bloqueio da rota de migração de grande parte das espécies de peixes amazônicos. No Madeira existem 19 acidentes geográficos que ambientalizam o santuário de reprodução de mais de 600 espécies da ictiofauna amazônica. A previsão de construção de um mecanismo de transposição dos peixes (escada), não resolverá o problema, porque o alargamento das margens do rio e a intersecção de seu leito impedirá a descida dos ovos e larvas para os trechos a jusante.

    A conclusão do Fórum de que as hidrelétricas continuam sendo imprescindíveis, tanto para suprir o país de energia, como também para garantir um fornecimento a preços competitivos. Leva em conta apenas as necessidades econômicas do sul e sudeste. Essas usinas gerarão poucos empregos na Amazônia e os governos locais (AC/AM/RO) se contentam em ‘abocanhar’ 5% da receita das Usinjas. Um crime contra os interesses do povo amazônida.

    No desafio de suprir demanda elétrica, é preciso levar em conta a proposta do greenpeace que aponta uma nova matriz energética para o País com ênfase em fontes de energias renováveis como eólica, biomassa e fotovoltaica. Somente em Rondônia existem hoje mais de 30 milhões de hectares de terras desflorestadas em estado ocioso. O aproveitamento dessas terras para a produção de fontes alternativas é uma alternativa econômica a ser apreciada.

    Problema como esse – só pincelado superficialmente pelo EIA/RIMA – não encontra resposta no nível de conhecimento que a ciência acumulou sobre os rios e florestas da Amazônia. Nunca para um Governo e para toda a Sociedade sul-americana a pressa tem sido tão inimiga do planeta e das futuras gerações.

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