Os argumentos de Celso Ming partem de uma restrição que complica tudo: não se pode falar em nenhuma forma de controle dos fluxos de dólares.
A partir dessa restrição inicial, seu raciocínio conduz a uma só conclusão: é impossível conter a apreciação do real. Pranteiem-se os mortos e toca o barco com os sobreviventes e com a estagnação da economia.
Ele lembra, em seu comentário, prognóstico que fiz meses atrás, quando aumentou o alarido em torno da elevação do Brasil à condição de grau de investimento. Dizia, então, que o ingresso de dólares aumentaria tanto que jogaria o dólar para uma cotação mais baixa ainda. Claro, esse é o quadro se se deixar o câmbio por conta do mercado.
Se há uma conjugação de fatores que leva a uma apreciação do real capaz de comprometer o crescimento brasileiro, e destruir cadeias produtivas inteiras, pouco importam os motivos: o processo tem que ser revertido, ponto. A partir dessa decisão política, os economistas é que tratem de estudar os meios.
Um primeiro passo, óbvio, seria acelerar a queda dos juros, igualando-o às taxas internacionais, para reduzir o fluxo de capitais especulativos.
Não será suficiente. Então, terá que se avançar mais.
Uma segunda medida, ainda no campo financeiro, será inibir a captação de dólares para operaçãos internas de crédito, a não ser aquelas destinadas ao financiamento das exportações e de algumas modalidades de importações.
Não haverá necessidade de impor restrições para a captação de dólares para investimentos no exterior, por não impacteram as cotações internas.
Essa separação entre o mercado doméstico e o interno de crédito é espúria. A grande empresa, com acesso a dólares, consegue taxas muito menores de captação. Quando os dólares entram, são convertidos em reais. Em seguida, o Banco Central enxuga esse excedente com a colocação de títulos. O resultado final é crédito barato e abundante para quem consegue captar em dólares, crédito caro e escasso nas mãos das empresas sem acesso a dólar (porque nesse processo de aquisição dos dólares pelo BC há um enxugamento dos cruzeiros gerados pela operação), uma apreciação maior do real e um serviço maior da dívida adicional. Esse círculo vicioso teria que ser rompido.
Se mesmo assim não for suficiente para desvalorizar o real, em função do aumento expressivo das exportaçãos de produtos primários, criem-se restriçãos à internalização desses dólares, imponham-se impostos de exportação, crie-se um fundos de sustentação das cotações, para ser acionado em períodos de baixa.
E se as taxas de juros baixarem ao dinvel das taxas internacionais, acumulem-se reservas na quantidade que for necessária, já que o impacto fiscal será zero.
O grande problema nas análises convencionais sobre o câmbio é que se criam restriçãos mentais para tratar do assunto, como dogmas sagrados, esquecendo a questão mais relevante, que são seus efeitos sobre a economia, a produção e o emprego.
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