Adiamento da aposentadoria dos trabalhadores na ativa mantém por mais tempo fechados postos de trabalho, prejudicando os jovens.

Mudança na aposentadoria paralisa a França 

18 de outubro de 2010 | 12h33 

Celso Ming 

Paris está paralisada em consequência das manifestações contra o projeto do presidente Sarkozy de adiar o tempo do início da aposentadoria como medida necessária para reequilibrar as contas da previdência social da França.

A expectativa de vida está aumentando em todo o mundo e também na França. E as finanças do sistema previdenciário estão quebrando porque os governos têm de garantir o pagamento da aposentadoria por mais tempo, fator que não havia sido previsto pelas bases atuariais com que se criaram os sistemas.

Mas, desta vez, não são apenas os trabalhadores que estão se manifestando contra esse projeto do governo francês. Fato inesperado, são os estudantes que vêm agora engrossando os protestos, por outra razão. Porque o adiamento da aposentadoria dos trabalhadores na ativa mantém por mais tempo fechados postos de trabalho. E isso significa que a população jovem passará a ter mais problemas para começar a sua vida porque os mais velhos vão demorar mais tempo para abrir sua própria vaga de trabalho.

Nessa fase de aumento de desemprego, este não deixa de ser um efeito colateral importante que empurra a solução do desequilíbrio do sistema previdenciário para o aumento da contribuição. E este será outro problema.

http://blogs.estadao.com.br/celso-ming/

 

BBC Brasil

Atualizado em  18 de outubro, 2010 – 11:39 (Brasília) 13:39 GMT

Protestos e ameaça de falta de combustível voltam a sacudir França

A França voltou nesta segunda-feira a experimentar transtornos por conta das paralisações, operações-tartaruga, ameaças de falta de combustível e a adesão cada vez maior de trabalhadores e estudantes à greve contra a reforma da Previdência.

Motoristas e caminhoneiros organizaram operações-tartaruga em diversos pontos do país.

Somente na região parisiense, 192 km de engarrafamentos foram causados por manifestantes que dirigiam em baixa velocidade.

No setor ferroviário, a maioria das linhas de trem no país opera com apenas 50% de sua capacidade. Não há garantias de circulação para nenhuma delas.

Em Paris, a rede de metrô funciona com certa normalidade, mas o tráfego de trens ligando as periferias à capital registra fortes perturbações.

O Eurostar, que faz o trajeto Paris-Londres, funciona normalmente. No entanto, os sindicatos informaram que a partir da terça-feira seguirão um movimento de greve iniciado na Bélgica, que já interrompeu a ligação pelo Eurotunel entre Bruxelas e a capital britânica nesta segunda-feira.

Aviões no chão

Para esta terça-feira, estão previstas centenas de manifestações em todo o país. Milhões de pessoas devem ir às ruas.

O objetivo dos manifestantes é forçar o governo a recuar no projeto de reforma da Previdência, que tem, entre seus pontos mais polêmicos, o aumento da idade mínima de aposentadoria de 60, para 62 anos.

Segundo uma pesquisa publicada pelo jornal Le Parisien, 52% dos franceses se dizem favoráveis a uma nova jornada de greve no país. O número chega a 72% quando perguntados se têm simpatia pelo movimento.

Mais de mil postos de gasolina estão fechados por falta de combustível. A situação pode se agravar devido ao bloqueio de 12 refinarias e três depósitos de petróleo em diversas regiões do país.

Em entrevista na noite de domingo ao principal jornal da televisão francesa, o primeiro-ministro, François Fillon, garantiu que não faltará combustível no país.

Entretanto, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, se reuniu com seus principais ministros para tratar do problema energético.

O setor nuclear, principal matriz energética da França, também começa a aderir à greve.

Trabalhadores da central de Flamanville (noroeste) aprovaram uma paralisação de 48 horas que deve afetar, no mínimo, 50% da produção local de energia.

No setor aéreo, alguns voos tiveram de ser cancelados ou decolaram com atraso. A causa foi a entrada em greve de parte dos trabalhadores responsáveis pelo abastecimento das aeronaves.

As previsões para amanhã mostram um cancelamento de entre 30% e 50% dos voos em todos os aeroportos do país.

Distúrbios

O protesto contra o projeto de reforma da previdência também ganha força entre os jovens.

Mais de 260 estabelecimentos escolares continuam bloqueados em todo o território francês e as cenas de violência entre policiais e estudantes se multiplicam.

Esta manhã foram relatados diversos casos de vandalismo e barricadas em ruas de diversas cidades.

Em Evry, cerca de 30 quilômetros ao sul de Paris, um shopping teve de ser fechado depois que jovens invadiram o local e destruíram vitrines e parte do mobiliário.

As escolas também têm sido alvo de manifestantes radicais.

 

 

Redação

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