Existe otimismo, apesar do PIB

De O Globo

Um sopro de otimismo

Autor(es): Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira

O Globo – 28/02/2013 

As estatísticas econômicas nem sempre dão conta de tudo o que aconteceu ao longo de um ano. Ao contrário do que faz supor o tímido avanço do PIB brasileiro, 2012 não foi um ano perdido. Uma ruptura importante tem tudo para tomar corpo ao longo de 2013, a partir da sequência de medidas anunciadas nos últimos meses pela presidente Dilma Rousseff em prol da competitividade, que têm como objetivo desfazer os entraves na infraestrutura.

É certo que o governo ainda precisa deslanchar uma extensa agenda de regulamentações e licitações para permitir que os projetos saiam do papel. Mas não se pode deixar de constatar, pelas expectativas desenhadas e pelo que foi anunciado, um norte alentador – e um forte golpe no “custo Brasil”.

No setor elétrico, após extensa negociação com as empresas do setor, conseguiu-se assegurar uma redução média de 20% na conta de luz.

A decisão de ampliar o regime de concessões em rodovias e ferrovias, com investimentos previstos de R$ 133 bilhões em 30 anos, ajudará a reduzir o custo logístico do Brasil, que hoje representa 10,6% do PIB e é 38% superior ao patamar americano.

O pacote para o setor portuário, que acena com aporte total de R$ 60 bilhões, avançou ao determinar o planejamento do setor, os investimentos em terminais, a flexibilização da praticagem e a integração dos órgãos anuentes portuários, entre outras medidas.

Os planos para a aviação alimentam as expectativas de fortalecimento do vetor de crescimento econômico em direção ao interior do país, ao prever investimentos da ordem de R$ 7 bilhões na melhoria de 270 aeroportos regionais. Além disso, apontam claramente a continuidade do processo de concessão dos principais terminais do país, como forma de assegurar a ampliação da capacidade de movimentação de passageiros e cargas. Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, em Belo Horizonte, serão os próximos a serem concedidos ao setor privado, com investimentos previstos de, respectivamente, R$ 6,6 bilhões e R$ 4,8 bilhões.

Os pacotes voltados para a logística têm o mérito adicional de trazer a iniciativa privada ao centro da cena. Trata-se do único caminho capaz de garantir a reposição da competitividade corroída após anos de baixo investimento no setor. Com regras claras e sólidas, além de remuneração compatível, investidores não se furtarão a assumir a empreitada, dividindo com o governo a responsabilidade pela alocação de recursos da forma mais eficiente possível.

Apesar do ceticismo de alguns, há razões para encarar com otimismo as perspectivas que se abrem.

Luis Nassif

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