Hoje a profissão está pautada no “jornalismo de prateleira”, diz Kupfer à TV GGN

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
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O jornalista José Paulo Kupfer falou sobre os rumos do jornalismo econômico no programa Nova Economia desta quinta (15)

O jornalista José Paulo Kupfer, com mais de 40 anos de experiência, falou sobre os rumos do jornalismo econômico, tema do programa Nova Economia desta quinta (15). Para Kupfer, a profissão hoje está pautada no que ele chama de “jornalismo de prateleira”

Em entrevista ao jornalista Luis Nassif e ao time de comentaristas que compõem a bancada, Kupfer faz uma analogia entre a “prateleira” do supermercado e a profissão, onde os jornalistas “na correria vão lá e pegam” o cômodo mailling, o que gera um gargalo no processo de produção pela falta de apuração e diversidade de fontes.

A bancada do programa é formada pelos economistas Luis Nassif, Antônio Lacerda, Fernando Mattos, João Furtado, Leda Paulani e o jornalista econômico Sergio Leo. O Nova Economia vai ao ar toda quinta-feira, às 17h, em nosso canal no youtube, TV GGN. [Assista a entrevista completa].

De acordo com o jornalista Sergio Leo, essa instantaneidade na profissão criou uma cultura nas redações que se intensificou com o passar dos anos. O que antes era exigido para o dia, hoje, a cobrança por uma cobertura se dá minuto a minuto. 

“Criou-se uma cultura da instantaneidade e da conformação com a não checagem de certas declarações, com a não contextualização, porque botou aspas e falou, você fez o seu trabalho”.

Sergio Leo

A importância da checagem e do contraponto

Kupfer acredita que o processo de produção, além de exigir uma apuração detalhada, precisa de um contraponto. Segundo ele, mesmo nas reportagens mais elaboradas que lê, as fontes pensam de uma mesma forma. 

“Mesmo nas reportagens um pouquinho maiores, com três ou quatro fontes, eles pensam igual, eu acho que isso só quer dizer e mostrar que [o jornalista] falou com várias fontes”. 

José Paulo Kupfer

No jornalismo econômico, Sérgio Léo cita como exemplo o debate sobre a nova teoria monetária, que conta com visões diferentes relacionadas à questão fiscal no próprio governo federal, e que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, joga “as pessoas [com opiniões divergentes] para escanteio”. 

“É muito mais fácil na verdade essa relação com as fontes de prateleira e das editorias, porque é muito mais fácil errar com a manada do que errar arriscando uma versão diferente”.

Sergio Leo

Ao citar a criação de uma teoria para justificar uma realidade que “não existe”, o jornalista Luis Nassif compartilha que ouviu uma apresentadora dizer que a economia está melhorando graças ao Banco Central, que, na visão dela, tem gerado um equilíbrio fiscal. 

“ Meu Deus do céu, nem relações de causalidades, passa tudo porque virou bordão e o bordão que saiu ontem, o editor valoriza hoje”.

Luis Nassif

Falta o jornalismo econômico falado para todos

Uma solução apontada pelos jornalistas econômicos durante a live, para diversificar e enriquecer a cobertura, é a linguagem acessível e a fuga do comodismo. 

“Ele não está escrevendo uns textos acadêmicos que somente os acadêmicos especialistas entendem. Isso acaba gerando uma resistência na turma”, declara Sérgio. 

Sergio Leo

“O bolsa família, o pessoal descobriu que tinha avançado em termos de política social a partir da repercussão lá fora. Então digamos, está todo mundo acomodado com o mesmo tipo de cobertura sem usar nenhum outro tema que saia desse rame-rame”, afirma Nassif.

Luis Nassif

Assista a entrevista completa no link abaixo:

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Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN

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