O renascimento dos estaleiros

Por Gilberto José Muniz

(…) Tenho residência em A. dos Reis e um dia desses rolaram algumas lágrimas, quando passando em frente ao antigo (e morto) Estaleiro Verolme, fiquei deslumbrado com o espetáculo de cerca de 3 mil operários, em seus uniformes (assim como se fosse na China, com suas bicicletas) saindo do trabalho.
Ora! se faziam 2 décadas que a indústria naval estava sucumbida; se não existiam escolas técnicas nem universidades, bastou a coragem do governo de Obrigar a Petrobrás a encomendar plataformas e navios, que – do nada – se passou a ser tudo.

Os recursos vieram por conta e risco dos empresários-investidores; no princípio (informação do Pres. Sindicato dos Metalúrgicos de A. dos Reis), a empresa se fez escola e os empregados alunos. Em novembro foi lançada ao mar a P51. com nacionalização de 75% de insumos e 100% de mão de obra. Existem outras 5 encomendadas e quase 300 navios. Nem precisava exagerar tanto! Sou meio burro nestes assuntos, mais acho que a posição do Brasil em termos de estaleiros deve estar na crista da onda mundial!

Por André

Que nunca esqueçamos de uma coisa: a indústria náutica nacional, no campo das lanchas e iates, sempre foi forte e resistiu muito bem à chegada dos importados. Ao contrário do que ocorre na indústria automobilística daqui, na náutica temos um monte de marcas legitimamente nacionais e fortes (Intermarine, por exemplo), bem como uma série de marcas estrangeiras, tamanha a força das marcas nacionais, precisou se associar a fabricantes nacionais já existentes.

Infelizmente esse modelo bem sucedido só ficou mesmo nesse setor, quando deveríamos tê-lo em todos os campos. Só fico aqui pensando como teria sido se a indústria automobilística daqui tivesse só marcas legitimamente nacionais, como fez a Coréia do Sul e como está fazendo a China. Teríamos condições para tal, tivesse sido corretamente direcionado o GEIA.

Talvez o sucesso da indústria náutica brasileira de lanchas e iates deva-se ao fato de ser um segmento bem esquecido e com pouca cobiça. E aí, como esqueceram de avisar aos brasileiros que eles não poderiam fazer embarcações no mesmo nível ou melhores que muitas marcas do exterior, eles acabaram fazendo as ditas cujas. Também esqueceram de avisar a eventuais estrangeiros interessados em implantar suas marcas aqui que existem usos para lanchas que não o luxo, como guarda costeira e outras coisas.

Luis Nassif

21 Comentários

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  1. Que nunca esqueçamos de uma
    Que nunca esqueçamos de uma coisa: a indústria náutica nacional, no campo das lanchas e iates, sempre foi forte e resistiu muito bem à chegada dos importados. Ao contrário do que ocorre na indústria automobilística daqui, na náutica temos um monte de marcas legitimamente nacionais e fortes (Intermarine, por exemplo), bem como uma série de marcas estrangeiras, tamanha a força das marcas nacionais, precisou se associar a fabricantes nacionais já existentes.
    Infelizmente esse modelo bem sucedido só ficou mesmo nesse setor, quando deveríamos tê-lo em todos os campos. Só fico aqui pensando como teria sido se a indústria automobilística daqui tivesse só marcas legitimamente nacionais, como fez a Coréia do Sul e como está fazendo a China. Teríamos condições para tal, tivesse sido corretamente direcionado o GEIA.

    Talvez o sucesso da indústria náutica brasileira de lanchas e iates deva-se ao fato de ser um segmento bem esquecido e com pouca cobiça. E aí, como esqueceram de avisar aos brasileiros que eles não poderiam fazer embarcações no mesmo nível ou melhores que muitas marcas do exterior, eles acabaram fazendo as ditas cujas. Também esqueceram de avisar a eventuais estrangeiros interessados em implantar suas marcas aqui que existem usos para lanchas que não o luxo, como guarda costeira e outras coisas.

  2. Angra faz parte de minha
    Angra faz parte de minha infância e adolescência, e lá está enterrado meu avô. Para quem conhece a miséria e a falta de perspectivas para a população daquele paraíso fora das vilas da usina nuclear e dos condomínios de luxo, só pode mesmo se emocionar com essa notícia.

  3. OOoohhh… Gilberto.
    Muito
    OOoohhh… Gilberto.
    Muito bem colocada essa sua constatação.
    Agora pergunto, em qual “Retrospectiva 2008” das grandes mídias “ditas” brasileiras, isso será relatado ???.
    Vamos esperar um pouco para ver.

  4. Meu primeiro trabalho como
    Meu primeiro trabalho como jornalista foi no jornal interno do Estaleiro Emaq, na Ilha do Governador (RJ). Trabalhar ali era motivo de orgulho. O estaleiro era um formigueiro, mas, enquanto eu desenvolvia meu trabalho como estagiário, ia sabendo também que era um ninho de corrutos, gente que tomava emprésitmos da Sunamam para construir navio e, no meio do caminho, refazia as contas e solicitava mais verba. É bem verdade que vivíamos numa inflação descontrolada. O fato é que o Emaq, que chegou a ser empresa-âncora da região, com cerca de 200 mil moradores na época, quebrou e foi comprado por empresários orientais. Nunca mais voltou a ser o mesmo.
    E não há mais orgulhosos operários com bicicletas.

  5. Eu posso dizer que
    Eu posso dizer que testemunhei essa situação, pois prestei serviço temporário na Petrobras durante 1 ano, entre junho de 2002 e junho de 2003, que foi o período de transição entre FHC e Lula na Petrobras. Testemunhei o temor de alguns da Petrobras e da Transpetro com o discurso de campanha de Lula de que iria construir navios e plataformas no Brasil. Temor de que a Petrobras fosse vítima de nova bandalheira nas mãos dos armadores nacionais, tal qual havia sido na década de 80, quando foi vítima de enorme prejuízo financeiro.
    Era um temor justificado, mas que, hoje vejo, partia da naturalização de um certo caráter do empresariado nacional e da corrupção na política, que os protegia.
    Sem querer ser oficialista ou parecer um áulico, é fato que Lula foi, nessa questão, um líder político de primeira grandeza. Todos os argumentos históricos e contábeis dos burocratas da Petrobras e da Transpetro não o demoveram de não acreditar numa essência corrupta do Brasil.

  6. É.. mas não da nem pra
    É.. mas não da nem pra comemorar o nascimento, já teremos que lamentar o morrimento…, pois a crise mundial acertou a navegação em cheio: contratos cancelados, bancos mundiais não finianciando novas construçoes,estaleiros chineses fechando, queda abrupta no tráfego de navios que transportam mercadorias da Asia para os dois maiores mercados consumidores (USA e Europa, que entraram em recessão).

  7. Para quem não é do Rio e
    Para quem não é do Rio e estiver na cidade por qualquer motivo vale a pena dar uma olhadinha na gigantesca plataforma de Mexilhão que está sendo construída no estaleiro Mauá-Jurong em Niterói. Passo lá todos os dias mas não consigo deixar de me espantar com o tamanho dessa estrutura. É tão grande que será necessário a maior balsa do mundo para tranportá-la até o ponto der fixação no campo de mexilhão.

  8. Essa eh uma das razoes porque
    Essa eh uma das razoes porque a Petrobras esta com problemas de caixa, em breve vai ter problemas com os sindicatos, e agora estah pendurada no credito subsidiado dos bancos estatais.

    Usar a Petrobras para subsidiar os estaleiros eh uma ideia tao ruim, que para mim somente um grande odio pelo pais parece justificar tanta asneira.

    Prezado, asneira é achar que uma empresa petrolífera não vai ter problemas de capital de giro quando o preço do seu produto cai da noite para o dia de 150 para 40 dólares.

  9. Não só isso é importante, mas
    Não só isso é importante, mas também a questão do conteúdo nacional.

    Quem sabe teremos empresas de alta tecnologia nacional nascendo daí. Talvez até já tenhamos mas não são empresas em evidência.

    sds

  10. Gilberto Muniz, senti a mesma
    Gilberto Muniz, senti a mesma emoção qd passei pela Av. do Contorno, no Barreto, em Niteroi. Uma multidão estava saindo do trabalho, a grande maioria de jovens em suas motos e bicicletas. Aonde estava um verdadeiro cemintèrio de embarcaçoes, voltou aos velhos tempos de gloria, varios estaleiros a todo vapor. Realmente me emocionou.

  11. Gilberto Muniz, senti a mesma
    Gilberto Muniz, senti a mesma emoção qd passei pela Av. do Contorno, no Barreto, em Niteroi. Uma multidão estava saindo do trabalho, a grande maioria de jovens em suas motos e bicicletas. Este local era um verdadeiro cemitèrio de embarcaçoes, e agora voltou aos velhos tempos de gloria, varios estaleiros a todo vapor. Realmente me emocionou.

  12. Temos que ser justos. Pois no
    Temos que ser justos. Pois no reinado FHC, “bom e barato” era contratar fora do Brasil. É aquele papo furado de globalização aqui, globalização ali etc. Diante disso, o Brasil perdeu e muito com o desmonte de dezenas de estaleiros e centenas de milhares de empregos formais.
    Este governo pode ter dezenas de defeitos, mas nessa questão de forçar a Petrobrás contratar seus equipamentos e frotas no Brasil foi uma acertada decisão.

  13. Na década de oitenta,
    Na década de oitenta, trabalhei em um Instituto Tecnológico de uma Universidade no RJ , que realizava ensaios mecânicos e de resistência dos materiais, para a construção de navios e plataformas.
    O Instituto desativou os serviços por falta de clientes, antes do final daquela década
    Eu acho, que o Brasil ainda tem muito espaço, para a construção de embarcações menores, navios para cabotagem ,inclusive turismo

  14. A indústria naval no Brasil
    A indústria naval no Brasil teve sua origem junto com as primeiras feitorias portuguesas na costa. Pode ser considerada a mais antiga do país. Os barcos que aqui chegavam depois da longa travessia tinham de contar com alguma maneira de realizar reparos. Nessa área a metrópole não podia obstar a instalação de atividade fabril.

    Havia a necessidade de transporte marítimo entre as capitanias dispersas no litoral. Alcançar o interior requeria navegar os grandes rios. Atividades pesqueiras se desenvolveram na costa no período colonial, dentre as quais se destaca as armações baleeiras. Uma série de pequenas embarcações tinham de ser aqui produzidas. Era natural que os portugueses aproveitassem a abundância de madeiras para construir embarcações.

    Em 1531 se registra a construção de dois bergantins no Rio de Janeiro. No século dezessete, parte da frota que Salvador Correia de Sá arma para reconquistar Angola foi construída no Rio de Janeiro. Por volta de 1670 se deu a construção da nau Padre Eterno, considerado o maior navio do seu tempo em todo mundo. Havia vários estaleiros espalhados pela costa; o mais importante até meados do século XIX foi o Arsenal de Marinha da Bahia, fundado por Thomé de Souza. Em 29 de dezembro de 1763 foi criado o Arsenal do Rio de Janeiro, até hoje existente.

    Para conhecer um pouco da história, vale a pena ler o trabalho abaixo, do Eng. Pedro Carlos da Silva Telles, autor de “História da Construção Naval no Brasil”.
    Baixe o trabalho aqui: http://www.sobena.org.br/downloads/historia.doc

    Quem quiser conhecer parte da tradição brasileira de construção de pequenas embarcações dê uma passada no Museu Nacional do Mar, na bela São Francisco do Sul, SC. Visite sua página.
    http://www.museunacionaldomar.com.br/index.htm

    Nestas duas apresentações do BNDES, de 2003, ficamos sabendo da importância que a indústria tem para o país; e que já tivemos a segunda indústria do ranking mundial, nos anos 70, quando a Coréia era a décima quarta.
    http://www.bndes.gov.br/conhecimento/seminario/naval_1.pdf
    http://www.bndes.gov.br/conhecimento/seminario/naval_2a.pdf

    Aqui uma apresentação mais recente do Sindicato da Indústria Naval.
    http://www.sinaval.org.br/docs/cenario_mai2008.pdf

  15. Alem disso o Brasil tem
    Alem disso o Brasil tem presenca forte nas corridas internacionais.

    Dois anos atras o Brasil competiu com um barco construido no interior de Sao Paulo, em Indaiatuba na Volvo Ocean Race, o barco se chamava Brasil 1.

  16. Mas o Elio Gaspari disse, em
    Mas o Elio Gaspari disse, em sua coluna de 21/12, que a Petrobrás está

    contratando um megaestaleiro na

    Coréia…

    “A Petrobras atendeu ao apelo de Nosso Guia para estimular a economia. Na Coréia.
    No primeiro semestre, a empresa resolveu contratar 12 unidades de perfuração. Anunciou seu interesse ao mundo, apareceram cerca de 15 interessados e a indústria brasileira arrematou 10 das 12 empreitadas. Um negócio de US$ 18 bilhões ao longo de mais de dez anos.
    Agora o comissariado da empresa quer contratar uma unidade de perfuração para águas profundas em área internacional. Há uma certa corrida contra o tempo para fazer o negócio com a empresa Vantage, que está construindo um equipamento na Coréia. A companhia é uma sociedade de americanos, taiwaneses e noruegueses.
    Trata-se de um contrato que pode chegar a US$ 1 bilhão em cinco anos.
    Como a unidade será usada fora do Brasil (talvez na Líbia, na Turquia ou em Angola), a Petrobras não está obrigada a cumprir as exigências da legislação brasileira. A contratação poderá ser justificada pela pressa que a Petrobras tem de receber a unidade. Não deixa de ser esquisito que ela conduza o negócio sem uma comunicação formal e pública ao mercado.
    Bastaria anunciar à praça o interesse pelo equipamento. Se de fato não houvesse no mundo um fornecedor capaz de concordar com o preço e o prazo, a escolha seria natural como o nascer do sol.”

  17. Angra viu “O maior estaleiro
    Angra viu “O maior estaleiro da AL” parado durante anos. O cenario descrito com 3 mil trabalhadores ja foi em um tempo mais de 8 mil, com suas bicicletas. Admito que foi emocionante escutar a sirene tocar novamente ao meio dia. Muitos de meus amigos que estudavam no colegio publico comigo hoje trabalham como profissionais na Bras Fels.

  18. Certa vez, na região de
    Certa vez, na região de Ubatuba vi uns Caiçaras construindo um barco de pesca.
    Todo em madeira.
    Fiquei maravilhado com as curvas da quilha e do cavername.
    Assim, ao relento, numa praia, ao lado duma casinha faziam um barco de pesca, grande.
    Só então comecei a prestar atenção nos outros barcos.
    Constatei surpreso que eles mesmo faziam seus pequenos navios.

  19. Vi 2 comentários aqui que
    Vi 2 comentários aqui que acho necessário contestar o que foi dito:

    “É.. mas não da nem pra comemorar o nascimento, já teremos que lamentar o morrimento…, pois a crise mundial acertou a navegação em cheio: contratos cancelados, bancos mundiais não finianciando novas construçoes,estaleiros chineses fechando, queda abrupta no tráfego de navios que transportam mercadorias da Asia para os dois maiores mercados consumidores (USA e Europa, que entraram em recessão).”

    Sabendo que hoje, a Transpetro contrata cerca de 110 armadores e que nem metade deles é de frota nacional, os estaleiros brasileiros ainda tem muita demanda a suprir, tenha crise internacional ou não.

    ” Essa eh uma das razoes porque a Petrobras esta com problemas de caixa, em breve vai ter problemas com os sindicatos, e agora estah pendurada no credito subsidiado dos bancos estatais.

    Usar a Petrobras para subsidiar os estaleiros eh uma ideia tao ruim, que para mim somente um grande odio pelo pais parece justificar tanta asneira.”

    Utilizando a mesma premissa anterior, a Transpetro, que é a subsidiária de transporte da Petrobras, tem muita demanda a suprir, o que justifica e muito a aquisição desses ativos. Asneira é o que nosso colega falou!
    Construir refinarias: Correto; Construir plataformas: Correto; Construir dutos: Correto, Adquirir armadores: Errado? Qual lógica tem seu pensamento? Investir em armadores é investir em estrutura de exportação e importação, não é dar presente para indústria naval brasileira!

  20. A recuperação da indústria
    A recuperação da indústria naval do Rio de Janeiro se deu no início da década de 2000, através da desoneração tributária promovida pelo então governador Garotinho, que recebeu apoio de FHC ao encomendar a frota auxiliar da Petrobrás no Brasil. De 1999 a 2006 o Rio de Janeiro foi governado pelo Casal Garotinho.

    A partir de 2003, quando já existiam 19 estaleiros em atividade, reativados,Lula começou a construir plataformas no Brasil e teve para isso todo o apoio e incentivo da governadora Rosinha, que retirou todos os tributos para essa modalidade de construção.

    A Petrobrás sempre foi a grande parceira da indústria brasileira, indutora do nosso desenvolvimento desde Getúlio Vargas. Portanto, Lulinha pode te dado sua participação no desenvolvimento da construção naval do Rio de Janeiro, mas não foi só ele, outros fizeram até mais.

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