“Políticas públicas voltadas para inovação e pesquisa são mal resolvidas”, afirma professor da USP

Para Paulo Nussenzveig, governo deve investir em ecossistemas com vantagem comparativa, a exemplo do setor de agroalimentos

Crédito: Reprodução/ YouTube TVGGN

O programa TVGGN 20H da última sexta-feira (12) contou com a participação de Paulo Alberto Nussenzveig, professor titular no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), para falar sobre a inovação do governo Lula.

Nussenzveig observou que, na sua opinião, a política pública voltada para inovação e pesquisa ainda é mal resolvida, tendo em vista, por exemplo, as cobranças do Tribunal de Contas da União (TCU) por resultados. O Brasil, porém, investe valores modestos na pesquisa se comparado com países europeus.

“Temos muitos atores pressionando pela inovação, mas pressionando principalmente por verba pública, sem ter a noção daquilo que é realmente necessário para montar um ecossistema de inovação”, pontua o docente.

Nussenzveig afirma ainda que falta clareza do governo sobre a matéria de estruturar a política pública para promover a aceleração do setor. Uma das questões é que a esmagadora maioria das empresas no Brasil não investe em pesquisa, dependendo apenas das inovações realizadas nas universidades.

“É um problema a competitividade da economia brasileira. As empresas não são forçadas a investir em inovação para sobreviver”, aponta o docente. “Como elas conseguem sobreviver com baixa taxa de inovação, baixa competição interna, visam mercado interno, não visam o mercado global, a nossa economia tem uma certa dificuldade de decolar.”

Alternativas

Uma das medidas necessárias para reverter este quadro é, segundo Nussenzveig, a formulação de arcabouço de inovação, em que além de estimular a capacidade de inovação de empresas e meio acadêmico, o governo passe a fomentar também a capacidade de empreendedorismo dos centros de pesquisa. 

“Se a gente não fomenta ao mesmo tempo a capacidade de empreendedorismo, cujos recursos não vêm do governo, eles vêm da possibilidade de crédito, vêm do capital de risco, vêm da capacidade de investimento das corporações, o sistema fica manco”, sugere.

Outro ponto importante no processo de desenvolvimento da inovação brasileira é o cuidado em não criar um ecossistema de inovação em todos os ramos da economia simultaneamente. “O que a gente tem de explorar é o que a gente chama de vantagens comparativas. O Brasil tem alguns setores que produzir no Brasil é inerentemente melhor do que produzir em outro lugar.”

O setor agroalimentar é um dos exemplos de ecossistema que apresenta grande vantagem comparativa ao país, a partir da produção de alimentos com o uso de alta tecnologia.

Acompanhe o debate completo no canal da TVGGN:

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Camila Bezerra

Jornalista

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