Deficit comercial é o maior para o mês desde 1994

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A balança comercial brasileira encerrou o mês de janeiro com o pior déficit mensal para o período em sua série histórica, iniciada em 1994: de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o total de importações superou as exportações em US$ 4,057 bilhões. No período, a corrente de comércio alcançou valor recorde para meses de janeiro de US$ 36,111 bilhões.

No mês, a exportação alcançou cifra de US$ 16,027 e segunda melhor média diária para meses de janeiro, US$ 728,5 milhões, sendo superada apenas por janeiro/2012 (US$ 733,7 milhões). Sobre janeiro de 2013, as exportações registraram crescimento de 0,4%, e retração de 26,6% em relação a dezembro de 2013, pela média diária.

As vendas de produtos por fator agregado alcançaram os seguintes valores: básicos (US$ 6,893 bilhões), manufaturados (US$ 6,096 bilhões) e semimanufaturados (US$ 2,513 bilhões). Sobre o ano anterior, cresceram pela média diária as exportações de básicos (+5,3%), enquanto decresceram as vendas de semimanufaturados (-5,8%) e manufaturados (-2,6%). 

Os produtos básicos mais vendidos foram petróleo bruto,  farelo de soja, bovinos vivos e minério de ferro. No grupo dos semimanufaturados, a retração ocorreu principalmente por causa de ferro fundido, ouro, alumínio bruto, semimanufaturados de ferro e aço e açúcar bruto. Nos manufaturados, caiu o comércio de açúcar refinado, etanol, automóveis de passageiros, autopeças, suco de laranja congelado e veículos de carga, motores e partes, além de laminados planos. 

As importações totalizaram US$ 20,084 bilhões e média diária recorde para meses de janeiro de US$ 912,9 milhões. Sobre igual período anterior, as importações registraram crescimento de 0,4%, e de 5,4% sobre dezembro de 2013, pela média diária. O total mostra que cresceram as importações de bens de consumo (+8,8%), bens de capital (+7,1%) e matérias-primas e intermediários (+3,2%), enquanto decresceram as compras de combustíveis e lubrificantes (-19,1%). 

A avaliação mostra que as compras foram puxadas por máquinas de uso doméstico, móveis, vestuário, objetos de decoração, produtos alimentícios, automóveis de passageiros, bebidas e tabaco. Também houve aumento de 7,1% na aquisição de bens de capital utilizados na indústria. A compra de matérias-primas e peças intermediárias para agricultura e produtos químicos e farmacêuticos, por sua vez, cresceu 3,2%. No entanto, as compras de combustíveis e lubrificantes, que em geral ficam em alta, caíram 19,1%. 

Em doze meses, o superávit comercial acumula cifra de US$ 2,544 bilhões, valor 84,7% abaixo de equivalente período anterior (US$ 16,664 bilhões). As exportações somaram US$ 242,238 bilhões. Sobre o período fevereiro/2012-janeiro/2013, quando as exportações atingiram US$ 242,404 bilhões, houve queda de 0,9%, pela média diária. As importações totalizaram US$ 239,694 bilhões, crescimento de 5,3% sobre o mesmo período anterior, de US$ 225,740 bilhões, pela média diária. A corrente de comércio aumentou 2,1%, pela média diária, passando de US$ 468,144 bilhões para US$ 481,932 bilhões.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

10 Comentários

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  1. Classificaram essa notícia do

    Classificaram essa notícia do próprio Jornal GGN como uma estrela.

    Nassif, às vezes fico me perguntando a utilidade dessas estrelinhas.

    1. Sugestão ao sistema do blog

      Já que tocou no assunto, eu acho importantíssimo avaliações. As estrelinhas daqui do blog, são um pedacinho do fenômeno em acensão conhecido na área de TI como Gamificação.

      Elas estimulam comentários, dá poder de ‘avaliação rápida’ à quem não quer perder tempo comentando ou respondendo. Mas neste caso específico, sem dúvida uma contagem clara de likes (joinhas)  surtiria muito mais efeito e daria uma resposta mais clara de avaliação ao usuário, e isto tem um poder inimaginável de convidar usuários à participar de discussões, acessar o blog, etc.

      Queria dar esta sugestão há um tempinho ao blog. O formato deste blog combina muito bem com o emprego de Gamificação. Seria bacana vocês implementarem esta tendência desde já.

  2. E o histórico?

    Uma das artimanhas do discurso está no que não é discursado. O maior déficit comercial da história, ok, mas qual era a diferença percentual em 1994? Qual é o total acumulado em 12 meses? Qual era a importância do comércio internacional frente ao PIB? Qual o deflator a utilizar para se comparar aos níveis de 1994, o do dólar ou do real?

    Eis que aí tiraremos algumas conclusões mais significativas que um número bruto. Depois disso, uma análise sobre os setores, a fim de entender estrutrualmente as mudanças da balança comercial, e então teremos uma explicação para o fenômeno.

    1. Histórico?

      O histórico?

      Que tal comparar 15 anos?

      é certo que o Brasil tem adotado o agrobusiness como opção para o atingimento dos superávits e com prioridade. Superávit para pagar uma certa dívida que nunca foi auditada, pouco se fala, pouco se sabe, mas que consome um percentual gordo do nosso PIB todo ano.

      Isso levou à deterioração do setor tecnológico e, não à toa, ocorreu a desvalorização dos engenheiros aqui no país.

      Cito novamente os dados do MDIC e comparo os dados da balança comercial e faço uma comparação entre 1996 e 2011:

       

      Dados do Comércio Exterior:

      Série Histórica: 1996 a 2010:                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

      http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1295373419.xls

       

      Relação Exportações / Importações  em 1996

      Indústria de alta tecnologia (I)    0,20

      Indústria de média-alta tecnologia (II)  0,53

      Indústria de média-baixa tecnologia (III) 1,42

      Indústria de baixa tecnologia (IV) 2,44

      Produtos não industriais            0,94

       

      Relação Exportações / Importações  em 2011

      Indústria de alta tecnologia (I)    0,24

      Indústria de média-alta tecnologia (II)  0,45

      Indústria de média-baixa tecnologia (III) 0,90

      Indústria de baixa tecnologia (IV) 3,40

      Produtos não industriais            3,45

       

      Importações em 1996 – US$ milhões FOB:

      Indústria de alta tecnologia (I)    10.422

      Indústria de média-alta tecnologia (II)  20.624

      Indústria de média-baixa tecnologia (III) 6.920

      Indústria de baixa tecnologia (IV) 7.046

      Produtos não industriais            8.334

       

      Exportações em 1996 – US$ milhões FOB:

      Indústria de alta tecnologia (I)    2.042

      Indústria de média-alta tecnologia (II)  10.897

      Indústria de média-baixa tecnologia (III) 9.807

      Indústria de baixa tecnologia (IV) 17.176

      Produtos não industriais            7.824

       

      Janeiro-Dezembro 2011

      http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1326990507.xlsx

      Importações em 2011 – US$ milhões FOB:                                                                                      

      Indústria de alta tecnologia (I)    39.947

      Indústria de média-alta tecnologia (II)  94.627

      Indústria de média-baixa tecnologia (III) 43.664

      Indústria de baixa tecnologia (IV) 18.161

      Produtos não industriais            29.844

       

      Exportações em 2011 – US$ milhões FOB:

      Indústria de alta tecnologia (I)    9.538

      Indústria de média-alta tecnologia (II)            42.784

      Indústria de média-baixa tecnologia (III) 39.094

      Indústria de baixa tecnologia (IV) 61.754

      Produtos não industriais            102.870

       

      85% do total do saldo superavitário se concentra em 83 diferentes NCM, produtos primários como:
       

      – minério de ferro;

      – soja;
      – açúcares de cana;
      – óleos brutos de petróleo;
      – bagaços e outros resíduos sólidos da extração da soja;
      – café não torrado
      – milho em grão;
      – óleo combustível residual (não óleo diesel);
      – pasta química de madeira;
      – pedaços e miudezas de frangos;
      – carnes desossadas de bovinos;
      – aviões de peso acima de 15 toneladas [esse é item alienígena nessa lista];
      – fumo;
      – ouro em barras;
      – algodão;
      – alumina calcinada;
      – óleo de soja bruto.

      85% do total do saldo deficitário se dilui em 1057 diferentes NCM, sendo que dentre os maiores saldos defitátios temos:

      – veículos com motor a diesel;
      – partes de turborreatores;
      – circuitos integrados;
      – microprocessadores;
      – partes para aviões;
      – outros automóveis;
      – unidades de discos magnéticos;
      – tela para computadores;

       

      Ao fim e ao cabo, continuamos o “paiseco” do pau-brasil, café, açúcar, etc.
      Veja o nióbio: exportamos o minério e importamos pilhas e pilhas de aparelhos eletrônicos.

       

      Ver também:

      http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.php?id=77169

      Balança comercial de indústria de média e alta tecnologia tem pior déficit em 22 anos

      Valor Econômico – 15 de abril de 2011

  3. Tá tudo perfeito

    Pra que essa preocupação, gente? O Diogo Costa não já explicou aqui no blog que não há problema nenhum neste déficit?

    Tá tudo perfeito, vocês é que não perceberam ainda… 

  4. Não tem como soja competir com manufaturados
    O déficit provavelmente é bem maior que o apresentado, se colocarmos as prováveis remessas de lucros ilegais. Nossa inflação resistente e câmbio desvalorizando rapidamente demonstram isso.

    Pode vender soja, petróleo, ferro, o que for, que a conta nunca vai fechar.

    Por aqui os carros são o dobro do preço, o custo de vida é altíssimo.

    Nem as telefônicas são mais nacionais.

    Estamos no Brasil e não vemos sequer um lingote de ferro feito aqui.

    US$ 4 bilhões de importação (fora as remessas ilegais) somam US$ 48 bi ao ano. Em pouco mais de 6 anos evapora a nossa reserva de mais de US$ 350 bi.

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