Tombini: o Brasil preparado para a crise

Da Folha

Brasil está preparado para piora no cenário externo, diz Tombini

Presidente do BC afirma que situação global pede cautela e proteção do sistema financeiro

Pesquisa semanal com economistas projetou inflação mais alta em 2012, após mudança de tom do Banco Central

PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse ontem que a economia brasileira está preparada para enfrentar a eventual piora do cenário externo, mas afirmou que não espera um desfecho catastrófico para a crise global.

“Nosso cenário é de uma economia mundial que cresce menos do que se supunha no início do ano, e com normalização das condições monetárias e financeiras posterior ao que se supunha inicialmente”, afirmou.

Segundo ele, o Brasil tomou medidas para conter a entrada de dólares no país e está preparado para o segundo momento, que seria a reversão deste movimento.

Tombini lembrou que o país conta com reservas de US$ 345 bilhões -quantia considerada “moderada” por corresponder a 15% do PIB brasileiro- e ainda possui saldo de R$ 419 bilhões em compulsórios (depósitos obrigatórios dos bancos).

“Esse cenário internacional requer cautela, com medidas prudenciais para proteger o sistema financeiro como um todo. A economia brasileira se preparou para eventualidade em um cenário ainda mais complexo.”

Quanto à inflação, o tom é mais ameno. Tombini disse que o mercado já tem expectativa de inflação média mensal de 0,35% para o período junho-dezembro de 2011 -abaixo do centro da meta, equivalente a 0,37%.

Apesar de o governo já ter dito que só chegará ao centro da meta de 4,5% apenas em 2012, ele disse que essa expectativa já está “na cabeça do mercado”.

Tombini destacou que os economistas já projetam, de setembro a abril de 2012, queda de dois pontos percentuais na taxa em 12 meses.

E que o “instrumento de controle da inflação” corresponde às previsões feitas.

INFLAÇÃO

Pesquisa semanal do BC, no entanto, mostrou nova piora nas projeções de 2012.

Nas duas últimas semanas, o BC sinalizou, em dois documentos, que vai encerrar em breve a alta dos juros.

A mudança no discurso já se refletiu em dois aumentos seguidos na inflação estimada por economistas e compilada pelo BC, que passou de 5,20% para 5,30% nas duas últimas semanas.

Os economistas esperam que os preços voltem a subir entre julho e novembro na comparação mensal, mas fechem o semestre abaixo do verificado no 1º semestre. 

Luis Nassif

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