Vale afirma que comércio com a China se mantém normal

Folha de São Paulo

Vale mantém otimismo sobre a China apesar de crescimento baixo

PEDRO SOARES
DO RIO

A China anunciou nesta semana um crescimento, ainda que vigoroso, menor do que o previsto pelo mercado –o PIB do país avançou 7,7% no primeiro trimestre deste ano, ante projeção de 8%.

A surpresa negativa mexeu com as ações da Vale, maior produtora global de minério de ferro e que tem a China como principal cliente. Diante da notícia, os papéis caíram 6,46% na segunda-feira.

O diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, afirmou à Folha, porém, que os embarques para a China “estão normais” e que a produção siderúrgica e o consumo de minério crescem de modo mais acelerado neste ano.

A menos de uma semana da divulgação do balanço do primeiro trimestre, o executivo afirmou que o PIB chinês é de invejar e que o país continuará a sustentar a demanda mundial por minério.

Folha – O crescimento menor da China traduziu-se numa refreada dos embarques de minério de ferro para o país?
José Carlos Martins – Os embarques para a China estão normais, lembrando que o primeiro trimestre é tradicionalmente o mais fraco do ano devido à sazonalidade, com chuvas nas regiões produtoras e o feriado de Ano Novo na China. Nos primeiros dois meses de 2013, a produção siderúrgica no mundo cresceu 4,8% e a demanda por minério cresceu nessa proporção.

A Vale viu suas ações caírem como reflexo do crescimento menos vigoroso na China. Há motivo para preocupações?
O mercado é soberano na sua percepção e não cabe a nós discutir isso. O que podemos dizer é que somos menos pessimistas em relação à China. O crescimento de 7,7% é um belo crescimento. Qualquer país ou governo ficaria muito feliz com um crescimento desse nível.

Os chineses têm um nível de poupança de quase 60% do PIB e isso dá um formidável espaço de manobra para manter a demanda com estímulo aos investimentos, consumo ou comércio exterior.

Se a China não cresceu mais, foi porque suas autoridades econômicas não quiseram. Apesar de comunistas, os chineses são muito pragmáticos em relação à economia e acreditamos que eles têm um bom controle das variáveis mais importantes.

A prioridade no momento é evitar as bolhas especulativas e manter a inflação sob controle. O crescimento de 7,7% reflete essas prioridades.

A Vale já tem condições de brigar com as rivais australianas pelo mercado chinês?
Minimizar nossa desvantagem competitiva na Ásia é a base da nossa estratégia. É isso que procuramos fazer com a manutenção do diferencial de qualidade e minimização dos custos logísticos.

Quais são as projeções para demanda e preço de minério de ferro neste ano?
A demanda por minério depende do comportamento do setor siderúrgico mundial, que divulgou recentemente uma previsão de crescimento de 3,2% para este ano. Não fazemos previsão sobre o preço do minério, mas não acreditamos que ele caia abaixo de US$ 110 de forma sustentável. O preço médio do ano passado foi US$ 130, e a média deste ano, até o dia 15, estava em US$ 147.

Luis Nassif

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