Vale pretende sair da Argentina sem perder concessões

Projeto Rio Colorado

A mineradora brasileira Vale informou que, apesar da paralisação dos investimentos no projeto Rio Colorado em Mendoza, pretende sair do país vizinho de forma amigável, garantindo desse modo todas suas concessões minerais em território argentino. Vale lembrar que o código de mineração argentino estabelece que a empresa brasileira pode permanecer inativa no país, até por quatro anos, antes que o Estado retire suas concessões minerais.

Um dos motivos centrais para a detenção do projeto da Vale é a inflação dos custos, que dobrou o orçamento final. A ideia é deter o empreendimento neste momento e não perder o que já foi investido. O projeto Rio Colorado é o maior investimento estrangeiro direto na Argentina na atualidade.

O diretor executivo de Fertilizantes e Carvão, Roger Downey, informou que a empresa ainda honrará “os compromissos até o final de abril (salários, serviços, fornecedores, pagamento de impostos etc)” com o objetivo de manter os direitos minerários na Argentina. A Vale não possui receita local, porque a operação Rio Colorado é ainda um projeto e os aportes de capital são feitos pela controladora, que está fora do país.  Todos os pagamentos, para serem feitos, precisam de remessas para a Argentina.

A situação da mineradora brasileira foi um dos temas centrais da visita da presidenta Dilma Rousseff ao país vizinho, nesta quinta-feira (25). “A Vale vai encontrar o melhor caminho para construir um acordo com as autoridades argentinas”, disse Dilma.  O governo brasileiro é sócio minoritário da empresa, mas os representantes privados não assistiram às reuniões realizadas ao longo da tarde na Casa Rosada.

Segundo a Vale, a decisão de sair do país foi tomada diante da elevação do custo previsto, que passou de US$ 6 bilhões para US$ 12 bilhões de dólares. Outro ponto complicador no projeto é a alta complexidade, já que envolve a construção de uma ferrovia e de um terminal marítimo, e estabelece concessões para diversos municípios e governos regionais.

A Vale confirmou no dia 9 de abril, diante de uma comissão do congresso argentino, a paralisação do projeto Rio Colorado, de extração e transporte de potássio, um insumo-chave para a indústria de agroquímicos. A companhia já investiu US$ 3 bilhões, e há cerca de 7 mil trabalhadores que podem perder seu emprego, a maioria na zona de Malargüe, Mendoza, muito perto da jazida.

O governo argentino já declarou que sua intenção é que a Vale “retorne ao projeto e produza potássio”, conforme afirmou o ministro do Planejamento, Julio de Vido. Porém, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou que a intenção da companhia é que “deixe a Argentina da forma mais serena e pacífica possível e que o Projeto Rio Colorado seja implantado, mas por outros sócios”.

Durante uma coletiva de imprensa em Buenos Aires, Cristina Kirchner confirmou que as negociações bilaterais entre Brasil e Argentina continuarão na terça-feira (30) em Montevidéu, depois de uma reunião do Mercosul.

Redação

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