Da dor insuportável de viver em um país que virou um mundo-matrix…, por Eduardo Ramos

Dessa vez, quero ser breve e me ater a uns poucos pontos cruciais do que significa para uma mente justa, lúcida, educada e ética, viver nesse Hospício demente, farsesco, selvagem e tão miseravelmente injusto, que o Brasil se tornou.

Da dor insuportável de viver em um país que virou um mundo-matrix…

por Eduardo Ramos

Já escrevi várias várias vezes sobre esse tema. Hoje ele me voltou à mente por causa de um texto que reli sobre um trecho de um julgamento de Lula, que citarei mais abaixo.

Dessa vez, quero ser breve e me ater a uns poucos pontos cruciais do que significa para uma mente justa, lúcida, educada e ética, viver nesse Hospício demente, farsesco, selvagem e tão miseravelmente injusto, que o Brasil se tornou.

Primeiro, quero que reflitamos sobre as condições psíquicas de um cidadão que vive em um país civilizado e de instituições sólidas. Fazer essa comparação nos ajuda a perceber o grau inacreditável de diferença entre nós e um país sólido, ético, democrático.

Ao acordar, um sueco nem sonha em se preocupar, por exemplo, se estão armando um golpe jurídico-midiático-militar em seu país. Jamais se ocupará em pensar sobre “juízes-heróis” pisando em sua Constituição para perseguir e destruir algum ex-primeiro-ministro famoso, por tê-lo como inimigo mortal. Não passa pela sua cabeça a hipótese de juízes e promotores de seu país humilharem jovens estupradas, deixando solto e feliz o estuprador, como não verá procuradores dando “jeitinho” de entrarem para o Ministério Público Federal, por conta de amizades nos Conselhos dessas instituições. O que estamos querendo dizer, é que um jovem ou um idoso sueco, não importa, (e é assim em algumas dezenas de países…) não precisam ter UM PENSAMENTO SEQUER, fora da certeza absoluta que já entronizaram em seus inconscientes, de que as autoridades de seus países são sérias e dignas, a Constituição é naturalmente cumprida por todos, as instituições funcionam e, por fim, a última e importantíssima segurança, que qualquer um que ousar quebrar essa ordem pública, será punido e, eventualmente, banido de seu cargo, muito antes de produzir maiores estragos.

Só de lermos essa pequena reflexão, nosso estômago já embrulha, de desgosto, sofrimento, humilhação, vergonha e sensação de impotência. NADA É MAIS LONGÍNQUO DE NOSSA REALIDADE do que esta a que estão acostumados, os países solidamente democráticos e civilizados.

Qual a diferença psíquica maior, entre morar no Brasil e num desses países? Muito simples: É TER (OU NÃO…) UM CHÃO SÓLIDO, DE DEMOCRACIA, CIVILIDADE E AÇÃO SÉRIA E COERENTE DAS INSTITUIÇÕES, NO CUMPRIMENTO DA CONSTITUIÇÃO E DAS LEIS.

Ninguém precisa de mais nada, para se sentir seguro, feliz, otimista, em sociedade, no caso, em uma nação, um país. É a ausência desse chão sólido, e o termos que viver em um país que transmutou toda essa democracia, civilidade, dignidade das instituições no esgoto mais fétido, fazendo do Brasil um Hospício perverso, sem lei e sem ordem, sem segurança de espécie alguma para todos os seus cidadãos, que faz que nos sintamos assim, com essa dor que não cessa, essa perplexidade de pedra, essa vergonha que é como uma segunda pele, essa sensação de impotência, que nos esmaga.

Termino citando a cena do julgamento do Lula, que me provocou essa reflexão. Um procurador pergunta a Lula se ele sabia o que quis dizer um fulano qualquer, num email escrito a Pallocci sobre a Petrobras. Detalhe: não havia o email em si, a “prova” consistia em um pedaço de papel anexo aos autos, onde constava a transcrição do tal email…..

Lula e seu advogado botaram as mãos na cabeça, estarrecidos, e perguntaram se era realmente aquela, a “prova”. E também, como Lula poderia fazer conjecturas sobre algo dito por alguém a Pallocci, num contexto que só os dois poderiam saber….. O texto todo trata de absurdos assim, uma FARSA ABSOLUTA, algo tão grotesco quanto o julgamento do triplex.

Cito, para lembrar a todos nós, que TUDO NESSE PAÍS virou uma farsa absoluta, da Lava Jato para cá. Não somos mais uma sociedade normal, há tempos. Somos uma sociedade enferma, doente, tornada fanática, e que aprendeu a viver em um “MUNDO-MATRIX” onde a narrativa, a fantasia, os ódios inoculados, produzem os pensamentos, sentimentos, ações, reações, falas, discursos de grande parte dos brasileiros.

Ser lúcido, nesse mundo, produz dor.

Buscar consciência das coisas e os significados verdadeiros,

nesse mundo, produz dor.

Mas também produz a única arma que destrói ditaduras

e cura sociedades enfermas.

Sigamos com o que nos sustenta

E nas lutas!

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(eduardo ramos)

Redação

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