A proposta do novo Código Penal e o debate sobre maioridade

Do G1

Divergência sobre maioridade penal marca reunião sobre novo Código

Redução da maioridade não está entre os temas alterados por juristas. Assessoria do relator Taques informou que proposta pode ser incluída.

A segunda reunião da comissão especial do Senado que analisa a proposta do novo Código Penal foi marcada pela discussão sobre a redução da maioridade penal.

Atualmente, a idade penal é 18 anos. Crianças e adolescentes com até 18 anos cometem infrações, não crimes.

O debate começou quando o relator Pedro Taques (PDT-MT) perguntou para os juristas o motivo de não terem incluído uma alteração referente à maioridade penal. Taques queria entender se a maioridade penal pode ser alterada assim como a lei que trata do aborto.

Para o presidente da comissão, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), o tema não deveria ser incluído no novo Código por ser algo constitucional.

“O artigo 228 da Constituição Federal considera os menores de 18 anos inimputáveis, portanto, o Código não poderia alterá-lo”, diz Oliveira.

Já o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp, presidente do comissão de juristas criada para elaborar o novo Código Penal, discordou por considerar que “o artigo 228 não é uma cláusula pétrea [imutável]”.

Em seguida, o desembargador José Moinhos Pinheiro também se pronunciou e sugeriu um referendo popular para debater a redução da maioridade.

O senador Pedro Taques afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que apesar das divergências, a proposta de redução da maioridade penal ainda não está descartada de entrar no novo texto d Código, se for consenso entre a comissão.

O projeto do novo Código Penal foi elaborado por um grupo de juristas designados pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). No início, era um anteprojeto que agora vai começar a tramitar como projeto.

Entre as reformas propostas pelo texto, estão a tipificação do crime de exploração ilegal de jogos de azar, que hoje é considerada contravenção, e a liberação do aborto até a 12ª semana de gestação (ver quadro ao lado).

Depois da comissão temporária, a matéria ainda deve passar pela comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário do Senado.

Previsão
O presidente José Sarney afirmou que pretende votar o Código no plenário do Senado até o final deste ano.

“Eu acho que esta comissão tem um prazo rápido para concluir seu trabalho, e depois mandamos para a Comissão de Constituição e Justiça, e até o final do ano votamos a matéria. Temos matérias muito controvertidas [na proposta], mas acredito que o Congresso é para isto mesmo. Cabe ao congresso harmonizar estas opiniões”, disse Sarney na ocasião.

Luis Nassif

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