Ministério Público Suíço bloqueia US$ 28 milhões vinculados à Operação Lava Jato

De O Globo

Fornecedoras da Petrobras depositaram dinheiro em conta de doleiro na Suíça
Germano Oliveira e Cleide Carvalho

Autoridades suíças bloquearam US$ 28 milhões

SÃO PAULO — Pelo menos duas fornecedoras da Petrobras, a Sanko Sider e a OAS, fizeram depósitos em contas mantidas na Suíça pelo doleiro Alberto Youssef. O Ministério Público Suíço bloqueou no total US$ 28 milhões vinculados à Operação Lava Jato e mantidos em cinco bancos suíços – US$ 23 milhões de Paulo Roberto Costa e US$ 5 milhões atribuídos ao doleiro Youssef, que estavam depositados numa conta movimentada por João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, um dos apontados pela Polícia Federal como funcionário do doleiro.

De acordo com documento do Ministério Público da Confederação Suíça, as contas foram abertas em nome de 13 off-shores. As vinculadas a Costa eram movimentadas por ele, pelas duas filhas e genros. As autoridades suíças acreditam que o dinheiro bloqueado pode ter sido fruto de desvios da compra da refinaria de Pasadena e das obras de construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. Todos os envolvidos são agora investigados na Suíça por lavagem de dinheiro, crime com pena prevista entre três e cinco anos de prisão ou aplicação de multa.

Nesta sexta-feira, a 13ª Vara Federal do Paraná deferiu o compartilhamento de provas colhidas na investigação da Operação Lava Jato com outras duas investigações em curso da Petrobras: a da Polícia Federal do Rio de Janeiro, que investiga a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e as apurações da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) do Senado, que apura irregularidades em contratos da Petrobras.

Como diretor de Abastecimento da Petrobras, Costa foi o representante da estatal no comitê de proprietários da refinaria de Pasadena. A compra da refinaria é investigada tanto pela Polícia Federal quanto pela Comissão Mista Parlamentar de Inquérito no Congresso. Terceira maior empresa da América Latina, a Petrobras aumentou sua dívida de R$ 63 bilhões em 2010 para quase R$ 300 bilhões em 2013.

A descoberta de contas em bancos suíços em nome de Costa e de seus familiares foi um dos motivos que levou a Justiça a determinar novamente a prisão do ex-diretor da Petrobras. As contas foram ocultadas por Costa não apenas durante a Operação Lava Jato, mas também do Supremo Tribunal Federal e da CPMI do Senado Federal. Para a Justiça do Paraná, Costa poderia fugir no Brasil e usufruir lá fora do “patrimônio ilícito mantido às ocultas no exterior e longe do alcance das autoridades brasileiras”. Além disso, segundo despacho do juiz Sérgio Moro, ascontas secretas na Suíça podem não ser as únicas mantidas pelo ex-diretor da Petrobras.

Costa e Youssef vão depor dia 11 de julho

A Justiça do Paraná marcou para o dia 11 de julho o depoimento de Youssef e Costa. Também deverá prestar depoimento no mesmo dia Marcio Andrade Bonilho, dono da Sanko Sider, e os dois irmãos – Leonardo Meirelles e Leandro Meirelles – acusados de operar irregularmente remessas de dinheiro para o exterior por meio da empresa Labogen. Os irmãos Meirelles são suspeitos de atuar como laranjas de Youssef.

A Sanko Sider pagou a Youssef pelo menos R$ 10 milhões para importar tubos de aço e fornecer para as obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Na contabilidade da Sanko, as transferências feitas no Brasil eram efetuadas para a GDF Investimentos e para a MO Consultoria, duas das empresas de Youssef. A empresa importava tubos principalmente da China e fornecia para a Petrobras desde 2011. Entre 2011 e 2013, foram fechados 29 contratos de fornecimento. Os depósitos na conta do doleiro na Suíça foram feitos em 2014, de acordo com os documentos obtidos pela Polícia Federal.

Em 2013, a Sanko Sider fechou dois grandes contratos com a Petrobras: um de R$ 2,014 milhões e outro de R$ 494,3 milhões. Segundo investigações do Tribunal de Contas da União (TCU), nas obras da Abreu e Lima foi constatada falha no projeto da estatal, que resultou na necessidade de comprar mais 190% de tubos do que o previsto inicialmente. Os aditivos contratuais para fazer as interligações com tubos geraram aumento de custo de R$ 1 bilhão na obra.

Sanko-Sider diz que remessas foram legais

Procurada, a OAS não se pronunciou. Nesta sexta-feira, a Sanko-Sider divulgou nota informando que paga seus fornecedores nos bancos por eles indicados e que os pagamentos são registrados e tributados de acordo com a lei. Segundo a empresa, todas as remessas são documentadas e aprovadas pelas autoridades competentes. Segundo a empresa, a GDF Investimentos e a MO atuavam como representantes comerciais e, portanto, intermediavam legalmente os negócios da empresa.

“Todos os papéis, pagamentos, saídas de dinheiro autorizadas, recebimento dos materiais importados, com pagamento de todas as taxas e impostos, estão em documentos que desfarão qualquer ilação criminosa como essas de que temos sido vítimas, e que prontamente esclareceremos às autoridades, caso formos notificados ou chamados”.

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Tem mesmo é que pegar o

    Tem mesmo é que pegar o dinheiro de volta. Seja desse Paulo Costa, Robson Marinho, Juiz Lalau e tantos outros que a imprensa e demais partidos escondem.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador