Cinco histórias mostram as mudanças no país

Sugerido por Anarquista Lúcida

Do O Escrevinhador

“Eles chegaram lá”: um novo Brasil se desenha

por Rodrigo Vianna

Durante mais de um mês, rodamos atrás de boas histórias por esse Brasil: Goiás, Santa Catarina, Pernambuco, São Paulo.  O objetivo era encontrar famílias que, pela primeira vez, tivessem conseguido colocar um filho na Universidade.

Não foi difícil achar. Longe do Fla-Flu histérico na internet, há um novo Brasil que se desenha. O filho de pescadores virou advogado (e já trabalha num escritório – no centro de Florianópolis). A filha de um catador de latinhas estuda para se formar veterinária em São Paulo. O lavrador goiano conseguiu transformar o filho em engenheiro. O produtor rural pernambucano (a família vive no meio do sertão, em Bodocó) mandou a filha pra São Paulo, e hoje ela é dentista…

Tudo isso aconteceu nos últimos dez anos. Enquanto muita gente reclamava dos aeroportos lotados de “gente feia”, tripudiava do “Bolsa Esmola”, e falava mal do PROUNI (que enche as universidades de “vagabundos”)… Enquanto isso, o povão arregaçou as mangas e aproveitou as brechas que se abriram. Mas não venham os governistas mais empolgados achar que esse povo se ajoelha no chão pra agradecer Lula e o PT. Conversei com as famílias, entrei nas casas: a maioria está feliz, mas sabe dos imensos problemas do nosso país. E quer mudança. Mais mudança. O que não significa andar pra trás, com discurso de “menos Estado”…

Esse novo Brasil (construído pelas bordas, e longe dos holofotes) é resultado, sim, de políticas públicas claramente inclusivas. Mas se desenha também graças ao esforço individual, à solidariedade e à garra das famílias mais humildes. Esse povo brasileiro é admirável: longe das Sherazade, da violência policial, dos colunistas urubulinos e dos comentaristas que falam do Brasil sem sair da frente do computador, há um outro país que nos enche de esperança.

É o que você pode conferir a seguir, em 5 reportagens da série “Eles Chegaram Lá” – que foi ao ar no “Jornal da Record. Produção: Rosana Mamani. Edição: Ângela Canguçu. Reportagem: Rodrigo Vianna (com participação de Jairo Bastos, em Pernambuco.) Imagens: Edgar Luchetta (São Paulo – apoio técnico de André Carvalho), Fabio Varela (Brasília/Goiás – apoio técnico de Fernando Gommes), Márcio Ramos (Santa Catarina). Coordenação: Helio Matosinho. Chefia de Redação: Thiago Contreira.

Pra começar, conheça a história de Almiro – o filho de lavradores na região de Anápolis (GO), que se formou em Engenharia; ele trabalha para indústrias importantes, dá aulas no SENAI e faz pós-graduação no ITA. O pai segue a plantar tomate e banana. Almiro estudou em faculdade particular, com bolsa do PROUNI.

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Djuliane é filha de um catador de latinhas em São Paulo. Na infância, rodava pelas ruas, no carrinho puxado pelo pai, cercada por papelão e garrafas. Hoje está na Universidade. Um amigo da família ajuda a pagar o curso, em faculdade particular. Você também vai conhecer o José – filho de empregada doméstica que só sabe assinar o nome (mas dotada de uma garra impressionante), ele acaba de se formar em Administração.

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O cenário é belíssimo: a praia da Pinheira, litoral catarinense. O pescador Manoel acorda todo dia às 4h da manhã. E vai pro mar. Isso há quase 50 anos. A novidade é que ele e a mulher (batalhadora, ao lado do marido) conseguiram colocar dois filhos na Universidade: Marcos estudou com bolsa do PROUNI, e já se formou em Direito. Marcelo está terminando o curso de Engenharia de Pesca, numa faculdade pública: a Universidade do Estado de Santa Catarina.

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O pai é pedreiro, a mãe é costureira. Os dois só estudaram o básico. O filho Neemias é pintor de paredes. E não aceitou o “destino” traçado. Com mais de 40 anos e 6 filhos pra criar, Neemias conseguiu entrar na faculdade particular, estuda Engenharia, graças a uma bolsa do Educafro – entidade que apóia o esforço de negros para chegar à Universidade. No Brasil, o número de negros no ensino superior saltou de pouco mais de 2%, para 15% nos últimos dez anos. Cotas, solidariedade, esforço individual: tudo fez diferença. Conheça também o Bruno:  filho de uma cozinheira, ele acaba de se formar em RH.

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A família vive em Bodocó, no meio da caatinga. Edivaldo, um dos filhos do casal de pequenos produtores rurais, migrou pra São Paulo: virou pedreiro, encarregado de obras. Anos depois, levou a irmã Elane pra São Paulo. Ela começou trabalhando como faxineira numa faculdade na zona leste. Conseguiu bolsa da universidade e, enquanto limpava salas e arrumava cadeiras, foi cursando Odontologia. Hoje, a filha do sertão é dentista em São Paulo.

Redação

11 Comentários

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  1. Ah esta terei o maior prazer,

    Ah esta terei o maior prazer, diria volupia cidadã, levando para o meu Face. è o que eu digo: cultivar o otimismo, não se deixar abater pelo complexo de vira latas. America latinas berço de uma nova civilização. Eu contribuo.

  2. Também conheço muitas

    Também conheço muitas estórias de sucesso decorrentes, primeiro da força de vontade e da garra dos protagonistas, segundo pelo ambiente propício e as opotunidades dadas aos mais humildes pelos governos do PT.

  3. Historia que mostram a mudança nomeu Pais

     Fiquei emocionado por este brilhante trabalho jornalistico do Rodrigo Viana e a repercussão no Nassif  acompanho sempre seus artigosd no seu Blog, e do Nasssif.Parabens Rodrigo.

    abços.

    Paulo

     

     

  4. Historia que mostram as Mudanças no meu Pais ,Brasil

    Grande reportagem  assim como a sua repercussão. Conheco em meu estado Ms historias como esta.

    Gosto desse tipo de jornalismo.

     

  5. o primeiro passo é esse

    o primeiro passo é esse mesmo, mudanças que permitam que as pessoas individualmente ascendam a um novo patamar social.

    o que está faltando, e o que está deixando as pessoas furiosas nas ruas Brasil afora, é a espera pelo momento onde as pessoas possam COLETIVAMENTE ascender socialmente, de maneira política, ou seja, participando da construção do país e não apenas recebendo benefícios concedidos por outros. Falta agora apenas incluir esse contingente todo do ponto de vista político e não econômico (e é justamente por isso que eles não se ajoelham por Lula ou pelo PT, porque no fundo sabem que não participaram junto do partido para criar essas coisas que estão aproveitando. O dia que o partido tiver interesse em incluir essas pessoas politicamente elas certamente se sentirão parte do projeto).

  6. Enquanto isso a dita classe

    Enquanto isso a dita classe media tradicional se acomodu e reclama histericamente do governo, das polticas inclusivas e anda à procura de milicos gagás que estejam dispostos a dar um golpe e implantar uma ditadura. Está saudosa de ganhos e privilegios que nunca virão se não fizerem um esforço redobrado para garantir esse espaço que está sendo ocupado com garra e determinação por esses ‘emergentes’.

  7. Pois é, vou salvar essa

    Pois é, vou salvar essa matéria. Da próxima vez que um coxinha vier com aquele papo de que os governos do PT só fazem o povão se encher de mercadorias das Casas Bahia, e que os mantém na ignorância porque é seu curral eleitoral, peço seu email e mando esse link, para ver se eles param de falar merda.

    Todos esses casos aí são do Prouni e de cotas raciais. Muito em breve teremos vários “Joaquins Barbosas”, e muito menos recalcados. JB será uma triste lembrança de uma época que apenas um negro pobre em um milhão chegava aonde cheogu.

  8. Boa reportagem, Rodrigo.

    Quando uso o argumento de que o Prouni e Fies ajudam e ajudaram muita gente, os do “bolsa esmola” retrucam dizendo que é so mais um forma de empréstimo, que as pessoas se endividam para conseguir estudar e tralala. Não ha nada que mude a ma-vontade dessa gente com as transformações sociais pelas quais o pais esta passando. Mesmo assim, vou enviar para alguns. Quem sabe um dia, dão o braço a torcer. 

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