A derrota do PT e um novo projeto para juventude da periferia, por Aline Rocha e Danilo Strano

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A derrota do PT e um novo projeto para juventude da periferia

por Aline Rocha e Danilo Strano

Ontem o projeto do Partido dos Trabalhadores para uma sociedade menos desigual sofreu mais uma derrota, talvez mais dolorosa que o golpe, pois dessa vez lutamos na rua pelos nossos votos.

Não podemos considerar que a derrota de Haddad é “necessária”, porque ela significa uma vida mais difícil para os mais humildes, com menos direitos e mais desigualdade. Esse tipo de retrocesso não pode ser analisado como um caminho para reestruturação da esquerda, nosso problema é não garantir continuidade de um projeto de inclusão social. Ao mesmo tempo é urgente a reflexão sobre o que o PT representa socialmente e as consequências dos caminhos que tomou.

Apresentamos um projeto de candidatura que pudesse contribuir para a disputa municipal no sentido de construir um espaço progressista com a juventude da periferia. Isso significa também um esforço pela reorganização partidária nos territórios que outras forças não dialogavam e com uma nova geração. Nossos desafios estão em voltar ao diálogo junto das lideranças comunitárias e fortalecer as lutas por acesso às políticas públicas, independentemente de estarmos na gestão. Vai ser um esforço de resistência, e para isso precisamos estar unidos com quem topar erguer as bandeiras que fizeram tantos já se encantarem com o PT da honestidade e do compromisso com a mudança de vida das pessoas.

A juventude da periferia, nosso principal foco enquanto candidatura à câmara dos vereadores, nos deu uma votação considerável, tendo em vista nossas condições de ampliar a campanha, e envolveu jovens que nunca tinham se referenciado em um projeto político. Porém, um candidato jovem de direita foi eleito com uma votação gigante, não só dos ricos e da classe média alta, mas com muitos votos da periferia. Precisamos entender a justificativa desse fenômeno na sua complexidade, nem só sobre as “falhas na comunicação” nem só sobre nossas desvantagens em bancar as campanhas eleitorais, ainda limitadas pelo poder econômico.

Não podemos deixar de lado, o PSOL assumiu o protagonismo com a juventude de classe média, que já foi petista, conseguiu eleger dois vereadores com pautas nesse público. Aliás, uma vitória do ponto de vista da renovação geracional e da representação de gênero.

O PT elegeu uma bancada com caras conhecidas, que ainda representam a população mais carente, mas não conseguem atingir a juventude. Ficaram de fora candidaturas também tradicionais da construção partidária, mas que propunham mais inovação de políticas públicas a partir da transversalidade. Uma expectativa é que esse grupo possa se unir e representar a classe trabalhadora de uma forma afinada com a luta popular e com essa nova onda que esperamos se movimentar na esquerda, do golpe à reconstrução.

A luta continua, a luta é todo dia!

Danilo Strano – Membro do Partido dos Trabalhadores, foi candidato a vereador em 2016 na cidade de São Paulo

Aline Rocha – Membro do Partido dos Trabalhadores

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. PSOL não é alternativa a

    PSOL não é alternativa a nada. Eles não dialogam com a população. eles não ligam para direitos trabalhistas, ou para saúde e educação. PSOL só quer saber de fazer ciranda, lutar para alunos poderem usar saia, lutar contra a apropriação cultural, contra brancx usar turbante, lutar para escrevermos coisas como “Os alunxs acharam a aula divertidx”, para legalizr as drogas não como meio de acabar com a guerra aos pobres, mas para liberar o beck para a rapaziada.

    Qualquer viela de favela tem uma igreja evangélica. Já a juventude descoladx do PSOL não sai das Àreas nobres das cidades. O trabalhador não se vê representado por essa gente, que mora em bairros seguros e não tem ideia do que a criminalidade faz na vida dessas pessoas. 

  2. Honestidade não é bandeira.

    Quem falou em valores morais em meio a discurso de luta política errou. Alguns ou muitos cometeram esse erro há muito tempo e já entenderam. Não se justifica que venha a ser tema na discussão de hoje. Valores morais são bandeiras históricas de luta da direita porque basta pressionar ou comprar meia dúzia de juízes para levantar acusações contra inimigos e, assim, qualquer um que se levantar e conseguir estruturar e por em andamento um projeto político, poderá ser rapidamente eliminado com o simples desvio do discurso do campo político para o moral. O PT abriga vários casos de lideranças acusadas e condenadas. Aliás, como não ha de surpreender, as acusações e condenações pesam sempre sobre as principais lideranças. Não surpreende porque a estratégia evidentemente não é eleger alvo no campo inimigo sem valor na sua estrutura organizacional. Tampouco ninguém é otário de gastar bala para atirar em cachorro morto ou manso. Um ou outro quadro administrativo é envolvido pela trama, algumas vezes, apenas para viabilzar o alcance ao verdadeiro alvo perseguido. O jogo é armado com tamanha sofisticação e habilidade que acaba impactando a visão até de membros da própria militância, além da massa ignara de consumidores dos vários veículos da imprensa comercial venal.

    Todo mundo, afinal, acaba acreditando na figura absurda inventada pelo consórcio judiciário X Globo-Mossack, consistente no CORRUPTO POBRE.

    Onde estão as contas bilionárias em paraisos fiscais de José Dirceu, Delúbio Soares, Genoino, Pallocci, João Paulo e tantos outros? Alguém já viu, ou teve comprovação de autoridades acreditadas (do exterior, evidentemente) dando confirmação de depósitos contra qualquer um desses acusados e alguns condenados a prisão perpétua por esse consórcio nefasto?

    Enquanto os personagens bilionários sonegadores das listas do Banestado, HSBC, da ZELOTES, do Panamá pappers Suissleaks, jOdebrecht e tantas outras vão sendo habilidosamente relegadas ao esquecimento, a parceria de agentes corruptos do judiciário com a Globo-Mossack vai produzindo cada vez mais personagens inacreditáveis, consolidados no imaginário popular, consistentes com o perfil do CORRUPTO POBRE. E o baile continua.

  3. Mais uma…

    Essa análise é muito superficial, apenas relata fatos que ocorreram, a perda dos votos na periferia, mas não tenta diagnosticar o porquê do abandono da periferia ao PT.

    Pelo que ontem li, a região da favela de Heliópolis foi a única localidade periférica onde Haddad conseguiu uma votação razoavelmente boa.

    O sentimento antipetismo sempre esteve presente junto a burguesia paulistana, em eleições passadas havia o “eles vão invadir sua casa, dividir o que temos”, quem não se lembra? Mas as forças populares e movimentos sociais faziam o contraponto e o PT conseguia resultados importantes. É obvio que a lava jato fez o trabalho incansável de enlamear e destruir as lideranças, a história e tudo que o PT construiu, principalmente no governo federal.

    Um dos pontos que é importante é o PT analisar a fundo, como conseguiu perder o apoio das classes populares a ponto de ficar totalmente na defensiva e a mercê da grande mídia e das manobras da lava jato.

    Vejo que um dos pontos foi não se contrapor a grande mídia, criando canais de real comunicação com as forças populares, não regularizar a mídia e os acordos suspeitos com forças políticas burquesas de direita interessadas apenas em sobriver, é aquela estória de atravessar o escorpião nas costas pelo rio.

    Haddad errou na comunicação do seu governo, fez enfrentamentos desnecessários um dos exemplos é a sua disputa com o historiador Villa na rádio JP, Haddad achou que os balizamentos que realizou superavam o cometarista da rádio, ledo engano, agradou apenas a militância e os petistas do facebook que deliravam de alegria a cada enfrentamento, mas o cidadão comum que era martelado constantemente por essa rádio e por outras, como a CBN e Band, contra a sua gestão, cada vez mais repugnava seu governo.

    Enfim, esse é um caso específico, a análise da derrocada do PT passa por muitas outras questões que devem ser pontuadas uma a uma, as alianças espúrias, a negação dos erros cometidos no mensalão que não mostrou à população que o que se fazia pelo STF era a criminalização do caixa 2 e então dar uma resposta convincente à sociedade, mas deixou as coisas irem rolando e sempre na defensiva e quem sempre só se defende acaba tomando o gol.

     

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