Lula vence no primeiro turno e Haddad chega ao segundo, avalia Marcos Coimbra

Cientista Político do Vox Populi conclui que acusações contra Lula funcionam como combustível à sua candidatura 
 
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Foto de Ricardo Stuckert
 
Jornal GGN – Em artigo para a Carta Capital, o cientista político da Vox Populi, Marcos Coimbra, avalia que as acusações sofridas pelo ex-presidente Lula estão funcionando como combustível aumentando seu eleitorado. A cada nova pesquisa de opinião, a simpatia pelo petista aumenta. “Do lado inverso, nunca foi tão pequeno o antipetismo, hoje na casa de 25% da opinião pública, depois de haver alcançado 40%”, completando: 
 
“Na etapa que terminou, há pouca dúvida de que o grande vencedor foi Lula. Ganhou ao fazer com que o sentimento de esquerda, definido de forma ampla, tenha uma representação unificada, apesar de permanecerem as candidaturas de Guilherme Boulos, pelo PSOL, e do PSTU”. 
 
Para Coimbra, Lula tem grandes chances de vencer no primeiro turno, caso consiga chegar às urnas. Por outro lado, conseguirá realizar a transferência de votos para o ungido.  
 
“Caso seja impedido, a candidatura de Fernando Haddad e Manuela d’Ávila, em uma coligação do PT com o PCdoB e partidos menores, sem a divisão que Ciro significaria, é favorita a terminar o primeiro turno na frente”. O analista indica Bolsonaro como o principal adversário da esquerda, portanto que o PSDB, DEM e MDB fracassaram na tentativa de apresentar um candidato capaz de representá-los, mesmo com o discurso contínuo para revestindo-se como alternativas do centro político.
 
Coimbra também considera a candidatura de Ciro levou a um risco de fragmentação da frente de esquerda. “Quem mais torcia pela candidatura de Ciro Gomes eram aqueles que desejavam que a esquerda chegasse à eleição do mesmo modo que a direita: fragmentada, mais que dividida (…) Achou que havia à disposição um espólio sem herdeiro e que suas qualidades pessoais o habilitavam a reivindicá-lo. Errou, apesar da simpatia com que foi visto por muitos progressistas, apreensivos com o que poderia vir a ser o ‘PT sem Lula'”. Leia a seguir o artigo na íntegra.
 
Da Carta Capital
 
POR MARCOS COIMBRA, presidente do Instituto Vox Populi
 
As peças principais foram colocadas no tabuleiro e daqui a dois meses saberemos quem foi mais habilidoso na montagem de sua estratégia. Na etapa que terminou, há pouca dúvida de que o grande vencedor foi Lula. Ganhou ao fazer com que o sentimento de esquerda, definido de forma ampla, tenha uma representação unificada, apesar de permanecerem as candidaturas de Guilherme Boulos, pelo PSOL, e do PSTU. As pesquisas mostram que a vasta maioria de seus eleitores não hesitaria em apoiar esse representante, mesmo ainda no primeiro turno, se percebesse que era preciso.
 
Quem mais torcia pela candidatura de Ciro Gomes eram aqueles que desejavam que a esquerda chegasse à eleição do mesmo modo que a direita: fragmentada, mais que dividida. Ninguém questiona os méritos do pedetista, mas, em retrospecto, o que se percebe é sua incapacidade de reconhecer a força do enraizamento popular da liderança de Lula e a densidade social do PT. Achou que havia à disposição um espólio sem herdeiro e que suas qualidades pessoais o habilitavam a reivindicá-lo. Errou, apesar da simpatia com que foi visto por muitos progressistas, apreensivos com o que poderia vir a ser o “PT sem Lula”.
 
O que verificamos é que Lula permanece vivíssimo, apesar da prisão. Continua a ser avaliado como o melhor presidente de nossa história e aquele em cujo governo a vida mais melhorou. É o politico mais querido e com atributos mais admirados na atualidade, muito à frente de qualquer outro. A maioria das pessoas gosta dele por motivos pragmáticos (“o bolso”) e emocionais (“o coração”).
 
A constatação de que alguém assim está preso, por motivos fúteis, ao cabo de um processo que a grande maioria considera “político e não jurídico”, é de tal forma estranha que as pessoas supõem que o descalabro será consertado “assim que terminar a eleição”. Imaginam, com certa razão, que, se a única motivação da prisão foi tirá-lo da urna, tão logo acabe, o despropósito se solucionará.
 
Os sucessivos atos vistos como injustos e persecutórios de magistrados de todos os níveis, promotores e policiais, só reforçaram, desde o início do ano, a ligação entre a maioria da população e o ex-presidente. Ao contrário do que temia a esquerda, desejava a direita (e calculava Ciro Gomes), a caçada e a prisão não prejudicaram a imagem de Lula.
 
No que se refere ao PT, a consequência disso é um inédito crescimento das simpatias e identidades. Nunca, a não ser no auge do segundo governo Lula, foi tão expressiva a parcela “petista” na sociedade e a propensão a votar no PT está no nível de 2010, quando Dilma Rousseff venceu. Parece que de nada adiantou o tiroteio dirigido pela imprensa conservadora, em especial pelas empresas do Grupo Globo, contra o partido.
 
Do lado inverso, nunca foi tão pequeno o antipetismo, hoje na casa de 25% da opinião pública, depois de haver alcançado 40%. É tentador dizer que, de tanto querer exterminar o PT, a aliança conservadora acabou por fortalecê-lo.
 
Com Lula, a esquerda tem tudo para vencer a eleição no primeiro turno. Caso seja impedido, a candidatura de Fernando Haddad e Manuela d’Ávila, em uma coligação do PT com o PCdoB e partidos menores, sem a divisão que Ciro significaria, é favorita a terminar o primeiro turno na frente.
 
No segundo, seu adversário mais provável continua a ser Jair Bolsonaro. Chegam a ser cômicas as contas que os marqueteiros tucanos andam fazendo, de que Geraldo Alckmin tem votos a buscar no eleitorado bolsonarista, pois seria a “segunda opção” de um terço dele. Ainda que conseguisse a proeza de conquistar quem já o conhece e o descartou ao compará-lo a um direitista mais autêntico e combativo, continuaria atrás do capitão.
 
Ele e o ex-governador resolveram disputar o campeonato de ultradireitismo, procurando companheiros de chapa ainda mais conservadores. O que fizeram foi criar complicadores para o antipetismo menos furioso, obrigando-o a votar em anacronismos como os que inventaram.
 
Bolsonaro, tão à frente de Alckmin como está, pode ignorar a necessidade de crescer agora e manter sua aposta de que receberá o voto antipetista no segundo turno. A seu modo, foi mais hábil que o paulista na montagem do jogo.
 
Léguas adiante de todos, o grande mestre foi Lula.
 
 
 
Redação

17 Comentários

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  1. Nuvens

    Claro, muito claro que Lula vence as eleições se for candidato. O petista , pelas pesquisas , tem 35% dos votos .No segundo turno ,com Alckmin , será o se não tem tu vai tu mesmo.Contra bolsonaro o passado de Lula prevalecerá. Mas, qualquer que seja o resultado da votação final, o país continuará nas mãos dos mesmos políticos que decidem nosso destino nos últimos 30 anos . Os augúrios indicam que teremos uma andorinha de esquerda ou direita tentando fazer o verão no inverno rigoroso de incertezas.

  2. O Geraldo tem toda capacidade

    O Geraldo tem toda capacidade de ser um ótimo presidente, tenho certeza que em outubro o Geraldo desponta e vai para o segundo turno, pois é o único com propostas sólidas para o país.

     

    1. Só falta o galinheiro para o ótimo Geraldo presidir

      O Alckmin tem toda capacidade para ser um ótimo presidente. O único problema é que falta o galinheiro ou a pocilga prá ele presidir.

  3. A mídia golpista e o efeito contrário!
    Ainda a pouco estive olhando as manchetes das grandes revistas e o desespero é claro! Será maravilhoso quando eles todos perceberem que quanto mais eles ensistem no Santo e tentam demonizar Lula e Haddad, maior se torna o número de pessoas que passam a compreender o jogo de cartas marcadas e naturalmente se colocam contra o golpe! Porque simplesmente é óbvio e fácil de se perceber o seletivismo da prisão de Lula, mantendo-o longe da campanha e sinceramente, mesmo com toda a esperteza que os golpistas possuem! Eles nunca imaginariam o quanto mantê-lo preso seria bom pra sua campanha! Um verfafeiro tiro pela culatra! Hahahaha quero ver agora qual será a próximo lance dos golpistas…

  4. A mídia golpista e o efeito contrário!
    Ainda a pouco estive olhando as manchetes das grandes revistas e o desespero é claro! Será maravilhoso quando eles todos perceberem que quanto mais eles ensistem no Santo e tentam demonizar Lula e Haddad, maior se torna o número de pessoas que passam a compreender o jogo de cartas marcadas e naturalmente se colocam contra o golpe! Porque simplesmente é óbvio e fácil de se perceber o seletivismo da prisão de Lula, mantendo-o longe da campanha e sinceramente, mesmo com toda a esperteza que os golpistas possuem! Eles nunca imaginariam o quanto mantê-lo preso seria bom pra sua campanha! Um verdadeiro tiro pela culatra! Hahahaha quero ver agora qual será a próximo lance dos golpistas…

  5. Análise de quem é do ramo de

    Análise de quem é do ramo de pesquisas eleitorais. Se confirmada a tendência, nos próximos dias, grandes chances de começarem a tentar inviabilizar as eleição para presidente em outubro vindouro. É o teste, nada desejável, para aquilatar se o golpe tem forças, meios para ir em frente, pouco cumprindo do prometido, quando eclodiu em 2016, agora com um desemprego de mais de 20 milhões de assalariados, que permite, às custas dos trabalhadores desempregados, uma inflação ainda baixa, mas mesmo assim com tendência de alta, dando como consequência as ruas das cidades cheias de camelôs tentando obter algum recurso para levar para casa para sustento seu e de sua família, aumentando o problema da segurança pública em todo o país, com também dificuldades para atender as necessidades das áreas de saúde, educação e segurança por falta de recursos, inclusive para investimentos, com vários programas sociais reduzidos ou interrompidos, com indicadores da economia nacional bastante deprimidos, perdido o grau de investimento do país, sua credibilidade internacional completamente comprometida, tendo abandonado a defesa da soberania do país, com a economia internacional passando por sérios problemas, e mais: por tudo isso e pelo que ainda prometem continuar a fazer, contra a vontade da maioria. Se insistirem e forem em frente, a luta política continuará por outros meios alternativos: do lado do golpe, certamente, o uso da força; do lado da oposição, aumento da pressão popular. uma vez deflagrado, será uma caminho possivelmente sem volta para ambos os lados. Luta de cão por território em um quintal, que só acaba quando um dos contendores põe o rabo entre as pernas, deixando claro que a luta não deve, nas mesmas bases, continuar. Seremos felizes, que tudo aconteça bem antes de se chegar a uma guerra civil. É bom não brincar com fogo. Fogo queima.

  6. Questões trabalhista e o Pronaf

    Com Fernando Haddad o PT precisa avançar mais no Sul e Centro Oeste.

    O caminho para o avanço de Fernando Haddad nestas regiões, são as questões trabalhistas, como a luta contra a reforma trabalhista, a contra a Lei da terceirização e contra a Reforma Trabalhista.

    Na área Rural a proposta de defesa e de ampliação do Pronaf pode alavancar substancialmente a candidatura de Fernando Haddad , principalmente que foi nestas Regiões onde a agricultura familiar mais se beneficiou da ampliação do Pronaf nos governos do PT.

    O espaço concedido para Jair Messias Bolsonaro pela maior parte da grande mídia, tinha como objetivo criar um fantasma de direita que levasse os eleitores da esquerda e de centro-esquerda a votarem no candidato do PSDB, para evitar o pior.

    Pelo visto não está dando certo, muito pelo contrário, se observarmos as pesquisas eleitorais, verificaremos que a soma da intenções de votos do candidato do PSDB e do candidato PSL, são muito parecidos com as votações dos candidatos do PSDB em 2010 e 2014.

    Ou seja, o candidato do PSL divide os votos com o candidato do PSDB, e o PT com Lula mantém a mesma preferência de votos, colocando em sério risco a presença do candidato do PSDB no segundo turno, se houver.

    A poucos dias das eleições dificilmente o quadro se reverterá em favor do candidato PSDB.

    As pesquisas tem demonstrado que o mito Lula, tem conseguido tranferir os votos para Fernando Haddad, e praticamente anula as ações do Judiciário para evitar que o PT vença a disputa eleitoral.

    A luta por Lula Livre, conseguiu manter os eleitores em torno de uma candidatura do PT, seja Lula ou Fernando Haddad.

     

  7. descolados da base

    quem temia o desgaste de lula com a prisão era a direita, principalmente a banda podre do judiciário, e alguns áulicos da esquerda sempre, divorciados da base da sociedade e que nunca se deram conta de que o povão, conhecedor da péssima qualidade de seus ‘juízes’, percebe e confraterniza com os seus quando injustiçados.

  8. Caso seja impedido?

    “Caso seja impedido”? Alguem ainda tem duvidas! Vao querer vetar ate aparecer a foto de Lula na campanha de Haddad, isso se nao inventarem algum motivo pra impedir a troca de candidato apos o impedimento ilegal de Lula

    Ninguem dá um golpe para devolver o poder 2 anos depois!

    #LulaLivre

     

    1. É verdade que o golpe não se

      É verdade que o golpe não se deu para entregar o poder, dois anos depois à oposição. É verdade, também, que ninguém fica no poder com uma economia em frangalhos, contrariando o desejo da imensa maioria por mudanças, na realidade o stus quo ante, como indicam as pesquisas, vale dizer a volta de Lula e do PT ao Governo do Brasil. Claro que é o desejo do golpe, mas está se tornando claro que estão ficando sem discurso para vender o peixe podre de continuação no poder. Correm sérios riscos de sofrerem derrotas acachapantes, seja nos tribunais, seja nas ruas.

  9. Lula Livre é é ruim para os Golpistas, Lula preso é pior ainda

    A prisão do Lula foi e está sendo contra-producente.

     

    “Ao mesmo tempo que despertou as manifestações populares que desencaderam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a lava jato contribuiu para elevar a popularidade do Lula. Permitiu à propaganda do PT adotar o discurso – eficaz – de que ele é vítima de injustiça e perseguição” – Hélio Gurovitz

  10. A captação do voto anti-PT

    Ante o fracasso neoliberal de ganhar pelo lado democrático, com eleições livres, houve a tentativa de colocar a esquerda em ridículo, turbinando setores coloridos e modernosos, com apoio da Globo, despertando o sentimento conservador (comportamental) de uma parcela importante do povo, que trouxe para a política assuntos da cintura para baixo. Hoje, os neoliberais não conseguem recuperar essa agenda e trazê-la para a discussão política partidária e, pior ainda, o Temer não deixou nada positivo para mostrar em favor dessas iniciativas, sobrando apenas a política “comportamental” para mobilizar a parcela de eleitores anti-PT. Bolsonaro é produto disso.

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