Em entrevista à TV Urbanitários (DF), ex-ministro e ex-diretor geral da ANEEL falou do risco da privatização no setor elétrico
Nelson Hubner. Foto: Wilson Dias da Agência Brasil
Jornal GGN – Sem a concorrência das empresas públicas no setor elétrico, o setor privado pode impor preços mais altos. Essa é uma das preocupações do ex-ministro de Minas e Energia do governo Lula, Nelson Hubner, ex-Secretário-Executivo e ex-diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), quando o assunto é privatização da Eletrobras. Ele discorda da venda indiscriminada em um setor com tal dimensão estratégica para o país, e estará em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (19), para o Fórum “O modelo do setor elétrico brasileiro e o papel da Cemig”, realizando o fechamento do evento no painel “Formação de preços: experiências internacionais e o modelo brasileiro”.
Diante da importância do tema, especialistas convidados vão abordar as características do mercado elétrico brasileiro. Além da formação de preços, também o impacto da diversificação de fontes renováveis na matriz elétrica brasileira. A série de seminários é realizada em parceria com a Plataforma Brasilianas, criada e idealizada pelo jornalista Luis Nassif para ampliar o debate em torno de temas relacionados ao crescimento econômico, sustentabilidade, mercado de energia, papel das instituições públicas e universidades no desenvolvimento do país, alinhando teoria e prática em meio aos desafios contemporâneos.
O evento acontecerá das 9h às 12h divididos em três painéis, incluindo a abertura com o vice-presidente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Luiz Humberto Fernandes, com mediação de Luis Nassif. No 1º painel – Desenvolvimento sustentável: energias renováveis e PCHs – as palestras ficarão a cargo de Scott Wells Queiroz, engenheiro e Diretor Presidente da Quebec Engenharia; César Emílio Lopes Oliveira, Secretário de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor) e Joceli Jaison José Andrioli, membro da coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Seja com relação ao desenvolvimento econômico, sustentabilidade, inserção social e sobrevivência em tempos de crise, Hubner lembra que a energia hídrica é a base da matriz energética brasileira.
“Apenas mencionar a possibilidade de privatização nesse setor, já afugenta investimentos”, destaca. Isso aconteceu durante o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). O resultado foi o apagão, que pode voltar ao centro das discussões nos próximos anos, mesmo porque o novo marco regulatório precisa ser analisado com maior atenção, especificamente, em relação ao impacto nos investimentos, alerta o ex-ministro.
Hubner constata, ainda, que privatizações da época FHC não resolveram o problema do endividamento do país. Ao contrário. Somente quando a política privatizante mudou é que o Brasil voltou a crescer, pagou a dívida externa e virou credor do Fundo Monetário Internacional (FMI), no governo Lula.
“Além disso, a energia tem peso forte no cálculo da inflação e a privatização pode impactar o índice com aumento do custo das tarifas”, destaca.
Nesse aspecto, Hubner reconhece que a construção de usinas e os leilões de energia são importantes, mas sem a participação das empresas públicas, os custos estimados pelo empresariado elevariam os preços.
“Se não fosse assim, a população brasileira pagaria ainda mais caro pela energia. As empresas privadas que participaram no leilão para a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, por exemplo, estimaram um valor de R$ 140,00 o Megawatt/hora para viabilizar o investimento. Com a entrada das empresas públicas, o preço caiu para R$ 64,00. “Quando não existe alternativa, quem paga mais caro é a Nação”, conclui.
Veja a seguir a programação completa do evento e inscreva-se pelo endereço: [email protected]
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