Gilberto Maringoni
Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.
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A Wermacht financeira no acordo da Grécia, por Gilberto Maringoni

Do blog da Boitempo

Maringoni: A Wermacht financeira e os partisans do Syriza

Por Gilberto Maringoni.

A Alemanha literalmente acionou sua Wermacht financeira para patrolar a Grécia com suas divisões Panzer.

Não se aceitou nada além da rendição.

Não foi um jogo de pressões ou chantagens, meramente. O que se viu em Bruxelas, após 17 horas de ataques coordenados contra um pequeno país da periferia europeia, sem indústrias e com zero de solidariedade internacional, foi a tentativa de se quebrar a espinha dorsal da nacionalidade.

Falar em traição ou capitulação de Alexis Tsipras e do Syriza – que agiram comopartisans diante da plutocracia financeira – significa desviar os olhos não apenas do jogo bruto da troika – que inclui a “social-democracia” francesa –, mas do comportamento indigno e covarde da quase totalidade dos países do mundo.

A exceção notável ficou com Cuba, Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela, com reduzidíssimo poder de fogo.

A gestão ultraliberal do PT no Brasil ignorou solenemente a batalha conduzida heroicamente por Atenas.

RECUO

O Syriza recuou. Aceitou cláusulas absurdas. Aqui deve-se atentar de maneira séria para o que é correlação de forças de verdade.

O jogo não terminou. O próximo passo será a repercussão interna à Grécia, no parlamento e nas ruas. Mas a possibilidade de se virar o jogo no plano interno é quase impossível.

Externamente, o acordo terá de ser aprovado pelos parlamentos nacionais dos outros 27 países da UE. Há forças políticas – como na Finlândia – que ensaiam não aceitar o acordo.

A dureza e a rapidez do diktat germânico leva também em conta os problemas econômicos que acometem boa parte dos Estados europeus. Há várias eleições nos próximos 18 meses. Há desemprego crescente. Há bancos franceses e alemães em dificuldades sérias etc. etc.

VOLTA AO DRACMA

O artigo de Yanis Varoufakis, publicado Sábado no Guardian comenta os desafios de se voltar a ter moeda própria:

“Infelizmente, a Grécia não tem moeda cujas algemas com o euro possam ser cortadas. Temos o euro – moeda estrangeira totalmente administrada por credor inimigo de qualquer restruturação da insustentável dívida de nosso país.

Para sair, teríamos de criar uma nova moeda, desde o princípio. No Iraque ocupado, a introdução de novo papel-moeda exigiu quase um ano, 20 ou quase Boeing-747s, a mobilização da força militar dos EUA, três empresas impressoras e centenas de caminhões. Sem esse apoio, a Grexit seria o equivalente de anunciar uma grande desvalorização, com mais de 18 meses de antecedência: é como receita para liquidar todo o estoque de capital grego e transferir tudo para o exterior, por todos os meios existentes”.

Yanis Varoufakis, The Guardian, Can Greece really make a drachma as a way out of the crisis?“, 8 de julho de 2015

ESQUERDISMO SEDUTOR

Há um esquerdismo sedutor que apregoa soluções mágicas. “Sair do euro”, “Romper com a troika”. Ou caminhar em direção ao socialismo já. Sim, tudo muito desejável, muito atraente. Eu também quero!

O problema é o mundo real. Os bancos gregos quebrariam em questão de dias. O país ficaria um tempo indefinido sem meios de pagamentos.

Não se sabe como a população aguentaria novos sacrifícios, sem um horizonte planetário definido.

Antes de se atacar de forma fácil o governo grego, é bom olhar quem são os verdadeiros responsáveis pela situação. E perceber que estamos em terreno para lá de movediço, num mundo movido a moedores de carne.

***

Gilberto Maringoni debateu “Nacionalismo, identidade nacional e segregacionismo” com Christian Dunker, Jessé Souza e Matheus Pichonelli (mediação), no Seminário Internacional Cidades Rebeldes:

***

Gilberto Maringoni é doutor em História Social pela FFLCH-USP e professor adjunto de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC. É autor, entre outros, de A Revolução Venezuelana (Editora Unesp, 2009), Angelo Agostini: a imprensa ilustrada da Corte à Capital Federal – 1864-1910 (Devir, 2011) e da introdução do romance O homem que amava os cachorros, do cubano Leonardo Padura. Cartunista, ilustrou algumas capas de livros publicados pelaBoitempo Editorial na Coleção Marx Engels, como o Manifesto comunista. Integra o conselho editorial do selo Barricada, de quadrinhos da Boitempo.

Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.

29 Comentários

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  1. se isso não é traição, por

    se isso não é traição, por favor alguém reescreva o verbete no dicionário.

    Maringoni ao fazer essa defesa mostra que tem uma concepção bastante laxa do que vem a ser uma traição… altamente desconfiável. Para essa gente “correlação de forças” é desculpa para qualquer coisa.

  2. Pelo pouco que conheço da

    Pelo pouco que conheço da história, foi o tratamento compreensivo, humano e carinhoso dispensado pelos países vencedores da primeira guerra mundial aos povos derrotados que acabou gerando tudo aquilo que descambou na segunda guerra. Estão criando o caldo de cultura para alguma coisa, vai saber exatamente o que. A vitória do Não já é um sintoma do estado de espírito dos gregos. Na hora em que aparecer alguém disposto a se aproveitar da insatisfação popular a gente descobre. Em todo caso, acho que o resto dos europeus, especialmente alemães, devem ter mais cuidado se decidirem passar férias na Grécia.

    1. Pois é, além de terem

      Pois é, além de terem cuidado, conviria a alguns alemães ler a entrevista que Piketty deu ao Zeit. Um pouco de história não faz mal a ninguém.

  3. A correlação de forças vale só para a Grécia e o Syriza?

    O que está acontecendo na Grécia é um soco na cara do esquerdismo pueril e delirante que abunda em Pindorama.

     

    O artigo do Maringoni até que ia bem, conseguiu citar a questão da correlação de forças (só não cita aqui no Brasil…), mas aí o espírito de PSOL tomou conta novamente do seu ser. Seria esperar muito da parte dele que não arrumasse um jeito de atacar o PT, mesmo falando sobre a Grécia… 

     

    O fato é que o Syriza conseguiu adquirir, mediante o sufrágio do povo grego, uma correlação de forças infinitamente superior à correlação de forças que o PT tem hoje no Brasil (e que sempre teve, desde a chegada de Lula ao governo federal, em 2003). 

     

    E mesmo tendo controle total e absoluto do parlamento, e mesmo tendo conseguido aprovar um plebiscito sobre a questão dos credores, o Syriza não teve forças para se impor aos credores rejeitados pelo voto popular, tampouco fez qualquer tipo de revolução na terra da filosofia. 

     

    Aqui no Brasil o PT – ao contrário do Syriza, que tem total e absoluto controle do parlamento – tem apenas 1/7 dos parlamentares no Congresso Nacional. Congresso esse, diga-se de passagem, que é o mais reacionário dos últimos 50 anos.

     

    E ainda tem uns e outros dementes que imaginam ser possível ao PT a tomada de medidas mais drásticas em direção à esquerda! Talvez o PSOL, nano grupelho microscópico, conseguisse, com os seus 04 ou 05 parlamentares, num Congresso de 594 parlamentares, implementar o socialismo!… 

     

    O que está acontecendo na Grécia é sim um baita exemplo da força que tem a correlação de forças, não somente dentro de um país, mas também a nível internacional. Pena que o esquerdismo delirante do Brasil, microscópico que é e sempre foi, não queira entender essa situação. 

     

    Enfim, a correlação de forças vale somente para a Grécia e o Syriza, ou vale também para o Brasil e o PT, além do próprio PSOL?

    1. O PT entrou nesse texto como

      O PT entrou nesse texto como Pilatos no Credo.

       

      Não dava pra pretar solidariedade aos gregos sem encarar a realidade sob pena de perder o discurso, Por outro lado, enfrentar a realidade, obriga a posicionar-se, internamente, tb.. Para sair da saia justa aproveitou a oportunidade pra destilar ódio anti-petista e não enfrentar a questão. Foi uma tentativa mas não colou.

  4. E……………………………

    “A exceção notável ficou com Cuba, Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela, com reduzidíssimo poder de fogo.A gestão ultraliberal do PT no Brasil ignorou solenemente a batalha conduzida heroicamente por Atenas.”

    E precisa dizer mais ??????????????????

  5. Se o PT tivesse aceitado um centésimo do que o Syriza engoliu
    Se o PT tivesse aceitado um centésimo do que o Syriza engoliu, nas condições em que o fez (com 60% de apoio popular em plebiscito, maioria de 149 deputados numa Câmara de 300, maioria absoluta em conjunto com sócio minoritário) traição, capitulação e ultraliberalismo seriam só os adjetivos do parágrafo de introdução do textão com que Maringoni aniquilaria o PT.

    A extrema esquerda tem ZERO de autocrítica. É sempre mais fácil apontar o dedo pra Lula, Dilma e o PT do que atacar o monstro do capital.

  6. Uma frase disse muito.

    “ataques coordenados contra um pequeno país da periferia europeia, sem indústrias e com zero de solidariedade internacional” Faltou explicar ou dizer como permitiram que um país nessas condições (sem industria) tivesse o euro como moeda. Quem era inocente?

  7. Faltou a coragem de dizer a verdade

    Se o Syriza tivesse tido a coragem de dizer a verdade aos gregos, poderia mandar a Troika para aquele lugar, com todas as letras. E a verdade é que a Grécia precisava sair do Euro, mas isso custaria muita dor e sofrimento, muita disciplina, talvez requeresse um governo de mão de ferro para conter o desespero transbordado em violência, a que o povo teria de se submeter. Sair do euro, emitir nova moeda (e fazer uma nova dívida com impressores do exterior, para que fosse rápido, muito rápido), po-la a circular e estatizar os bancos seria apenas o primeiro passo. As estatizações teriam que ser generalizadas, para conter o desemprego maciço e a fuga física de capitais. As dificuldades de importação seriam seríissimas, e a fome uma possibilidade muito real. E seriam longos anos de isolamento, antes de os gregos poderem dar vazão à sua alegria característica.

    Faltou coragem, mas quem tem coragem de chamar gente para o abatedouro, como quem toca gado de corte?

  8. Extraído do post

    Extraído do post :

    “ESQUERDISMO SEDUTOR

    Há um esquerdismo sedutor que apregoa soluções mágicas. “Sair do euro”, “Romper com a troika”. Ou caminhar em direção ao socialismo já. Sim, tudo muito desejável, muito atraente. Eu também quero!

    Mas os comentaristas autoestrelados só lêem o que interessa.

     

     

     

  9. DILMA EVITOU QUE BRASIL CHEGASSE NESSE PONTO!

     

    Não tem mágica! Roubaram os cofres públicos, falta dinheiro pra pagar as contas…

    Patético é ver todas as crises por um mesmo motivo,

    A ROUBALHEIRA,

    mas ninguém do mundo político, dos movimentos sociais, comentaristas de esquerda ou de direita, e as mídia de todos os tipos, discutindo como acabar com a corrupção!

    A Grécia com certeza fechou um ótimo acordo, graças ao REFERENDO convocado, onde o povo deixou claro, que preferiria sair da União Europeia, caso não fosse respeitada sua dignidade. Mas todos sabiam que gastos deveriam ser cortados. O mais importante é aprender porque acabou o dinheiro, e o que fazer pra não faltar de novo…

    Essa não é uma questão de direita ou esquerda, mas sim de cidadania! Entretanto, fica muito mais feio aos políticos de esquerda, porque são os que se dizem estar ao lado do povo…

    NOSSAS ESQUERDAS APODRECERAM E PERDERAM A VERGONHA!

    O teor da podridão de nossas esquerdas é percebido, na medida em que um político de direita, como o Bolsonaro, precisou propor a emenda do VOTO IMPRESSO. Por que nossos políticos de esquerda não exigem que seus movimentos sociais peçam a

    PEC 21/2015

    em suas faixas nos protestos de rua? Pelo contrário, o que fazem é proibir seus cabos eleitorais até de discutir o assunto. É uma vergonha! Essa PEC traz o direito de cassarmos os políticos com nossos ABAIXO ASSINADOS, convocando o RECALL!

    Sr. leitor, seja independente e atuante, não vá atrás desses vagabundos, participe das manifestações cívicas de 07 DE SETEMBRO em todo o país, e peça

    PEC 21/2015 JÁ

    Vejam como funciona o sistema político americano, e do mundo desenvolvido:

    https://www.facebook.com/democracia.direta.brasileira/photos/a.300951956707140.1073741826.300330306769305/649128891889443/?type=3&theater

     

    1. Dilma e Mantega protegeram o povo e a nação brasileira

      Tai a prova de que se não fosse a ação providencial da Dilma e do Mantega em proteger os interesses do Brasil e estariamos pior do que  a Colômbia e o Peru.

      Não há como escapar das poderosas e criminosas forças que comandam o mercado financeiro internacional, eles irão proteger a si mesmos o tempo todo.

      Artigo do Zero Hedge

      “There Is Going To Be A Taper Tantrum In Latin America… It Is Inescapable”

       

      Authored by Patrick Gillespie via CNNMoney.com,

      Greece needs a bailout and China’s stock market is in meltdown mode. But the global economy has another rising red flag: Latin America.

      Every major Latin American economy is slowing down or shrinking.The World Bank predicts this will be Latin America’s worst year of growth since the financial crisis. As if that’s not dire enough, the world’s two worst performing stock markets are in the region as well.

      And things could get even uglier later this year for Latin America, a region which is double the economic size of India.

      “The weakness in Latin America is reflecting the weaker global outlook,” says Win Thin, senior economist at Brown Brothers Harriman.

      The ‘most vulnerable’: After years of checkered progress, Latin America is the “most vulnerable” region to China’s sputtering economy and market meltdown, experts say. It’s become a trade battleground area between the United States and China.

      China is the biggest trade partner to many Latin countries, but the U.S. has tried to reassert its presence in recent months. Still, China’s sluggish growth is pulling Latin America down with it.

      “We’re expecting very, very weak growth,” says Eugenio Aleman, senior economist at Wells Fargo Securities. “Brazil is in bad shape. Argentina isn’t much better. Chile has slowed down to a trickle…Peru is slowing down considerably.”

      That’s just the beginning. Venezuela is arguably the world’s worst economy with sky-high inflation. Next door, Colombia has the world’s worst stock market this year. Its index is down 13% so far this year. The second worst is Peru, down 12.5%. By comparison, America’s S&P 500 is flat this year. (Argentina has the world’s best stock market, but that’s more a reflection of politics than economics).

      While many are focused on Greece right now, “a deeper downturn in China remains the key external risk for Latin America,” says Neil Shearing, chief emerging market economist at Capital Economics.

       

      The big problem: The three “C’s” are weighing down Latin America: China, commodities, and currency.

      The region boomed last decade when its commodities, like iron, copper and food, were in high demand.

      But China drove that demand. Now Chinese construction companies are pumping the brakes while the government tries to stop its bleeding stock market. That means less Chinese cash is coming to Latin American countries. Oil’s tanking prices have hurt the region too.

      And then comes currency. The U.S. dollar’s strong rise this year has helped it gain a lot of ground on Latin American currencies. That makes it more expensive for Latin Americans to buy imports and, for some companies, more expensive to pay debt that’s in U.S. dollars.

      Colombia’s currency has lost 13% of its value this year against the dollar. Brazil’s real has lost 21% and Mexico’s peso continues to slide too.

      There’s likely one more punch to Latin America from the U.S. this year: the Federal Reserve’s long-awaited rate hike.

      Taper Tantrum deja vu?: Two years ago, Latin American stocks tanked when then Fed Chair Ben Bernanke announced that the Fed would end its stimulus program. After the financial crisis, the Fed put interest rates at zero, and investors went overseas to get better returns on bonds than U.S. bonds, which still give back little. A Fed rate hike could change that scenario.

      Latin America is better positioned now to weather a Fed rate hike than past ones. But there could still be an exodus of cash, experts say.

      “There is going to be a taper tantrum in Latin America,” says Aleman. “It is inescapable.”

  10. Agora, o que se seguirá na

    Agora, o que se seguirá na Grécia fará o ISIS morrer de inveja. Merkel tem que pagar direitos autorais a Nero, pois acaba de tocar fogo em Atenas. Dessa vez, creio que nem a acrópole permanecerá de pé. O fato é que o PSOL de lá, o Syriza, entregou o povo grego de bandeja para a Alemanha. Se ainda correr o sangue espartano nos gregos, em pouco tempo a pira será acesa e espalhará fogo aos quatro cantos da Europa. Por isso, é provável que a Alemanha acaba de ter uma vitória de Pirro. Por outro lado, vimos que a cada dia nasce um novo Judas, não é mesmo Tsipras? E vem um repórterzinho da Folha dizer que ele se encontrou com Lula e Dilma no Brasil anos atrás, para tentar (ria se for capaz) dizer que o problema grego era culpa do PT. Só não disse que deve ter vindo aqui com um objetivo principal: fazer um curso rápido de traição ao País com o lesa-pátria FHC. Até o recém ex-ministro das Finanças grego, o Varoufakis, disse que esse acordo que a Grécia acabou de assinar com a Troika (leia Merkel) é impossível de ser cumprido. Acenderam cigarro dentro do paiol.

  11. Agora, o que se seguirá na

    Agora, o que se seguirá na Grécia fará o ISIS morrer de inveja. Merkel tem que pagar direitos autorais a Nero, pois acaba de tocar fogo em Atenas. Dessa vez, creio que nem a acrópole permanecerá de pé. O fato é que o PSOL de lá, o Syriza, entregou o povo grego de bandeja para a Alemanha. Se ainda correr o sangue espartano nos gregos, em pouco tempo a pira será acesa e espalhará fogo aos quatro cantos da Europa. Por isso, é provável que a Alemanha acaba de ter uma vitória de Pirro. Por outro lado, vimos que a cada dia nasce um novo Judas, não é mesmo Tsipras? E vem um repórterzinho da Folha dizer que ele se encontrou com Lula e Dilma no Brasil anos atrás, para tentar (ria se for capaz) dizer que o problema grego era culpa do PT. Só não disse que deve ter vindo aqui com um objetivo principal: fazer um curso rápido de traição ao País com o lesa-pátria FHC. Até o recém ex-ministro das Finanças grego, o Varoufakis, disse que esse acordo que a Grécia acabou de assinar com a Troika (leia Merkel) é impossível de ser cumprido. Acenderam cigarro dentro do paiol.

  12. Cotações / Cambio

      Apesar de não mais existirem “fisicamente” , as moedas substituidas há mais de uma década pelo Euro, ainda são cotadas em publicações especializadas, tipo coinmill, bloomberg, forbes etc., em 10/07/15 o cambio estava em 1,00 GDR (Dracma) para 1,00 Euro = 279,29 ; já hoje 13/07/2015, subiu para 341,10

  13. existe ainda uma Esquerda brasileira?

    lulistas se valem da bisonha defesa feita por Maringoni da capitulação de um Tsipras sob chantagem financeira e tortura política, apenas para justificarem a servidão voluntária do lulismo à tirania financeira, efetuada antes da primeira posse com a nomeação de Meirelles para o BC em 12/12/2002 em Washington.

    o lulismo nunca sequer cogitou qualquer enfrentamento, sempre foi uma estratégia de “conciliação permanente” em nome de um “reformismo sem reformas”. o Syriza fez em menos de 5 meses uma auditoria na dívida, algo que o lulismo não fez, não faz e nunca fará..

    Maringoni, por sua vez passa, completamente ao largo das grandes questões levantadas pela crise grega. cita Varoufakis, mas de suas propostas demonstra nenhum outro conhecimento além da citada matéria do The Guardian. sendo uma variação 10% menos pior do lulismo, Maringoni se coloca como mais um apologista de uma “correlação de forças”  onde as forças são estáticas e a correlação está contida nela mesma.

    duas posições auto-indulgentes e acometidas de alzheimer político. esgotam sua energia girando no vazio, na vã tentativa de justificar seu fracasso em criar saídas para um colapso da Esquerda que ainda nem foram capazes de assumir.

    as duas posições não apresentam alternativas, senão a capitulação. referendam o lema neoliberal: There Is No Alternative – TINA.

    as perguntas que uma improvável Esquerda  brasileira deveria se propor são:

    – o Euro sobrevive sem a Grécia?

    – afinal, não teria sido a Alemanha quem abandonou o Euro?

    – e mais ainda, o Euro já não estaria em colapso? neste caso, faz sentido continuar nele?

    – voltamos à década de 1930 com o fascismo como o grande beneficiado da crise?

    – o fascismo só pode crescer no fracasso da Esquerda?

    – a origem da crise é o Minotauro Global (já Varoufakis foi citado): o duplo déficit dos EUA?

    – se [#Isto É um Golpe] o que sobra à Esquerda brasileira é se reconfortar com a derrota alheia?

    devemos mergulhar na crise grega como sendo a nossa própria crise, porque é isto o que ela é, para construirmos uma saída do labirinto da servidão a tirania financeira.

     

  14. Fim da Grécia – Acabou

    Escrevi aqui no dia do referendo, domingo da semana passada, quando a vitória do NÃO foi tão orgulhosamente aplaudida pela esquerdinha do blog, mas foi tão completamente inútil.

     A Grécia não tem dinheiro para comprar nada e não tem nada para vender que não se possa comprar em outro lugar.

    Acabou! Fim! Já era!

    Voltarão para onde sempre estiveram, o quintal da Europa.

    Pobre metido à besta sempre termina na miséria.

    E a solidariedade desses colossos: Argentina, Venezuela, Bolívia e Cuba me comove às lágrimas, mas eles não tem dinheiro para nada. Ficará só no papel e discurseira sem sentido.

    ELES NÃO TEM DINHEIRO! E SÓ DINHEIRO CONTA. PONTO.

  15. Acredito que é hora do Alexis

    Acredito que é hora do Alexis Tsipras mudar o nome, só não sei qual ficará melhor. Vocês poderiam me ajudar?

    A) Stepan Bandera

    B) Leon Degrelle

    C) Andrej Vlasov

    D) Qualquer outro traidor da história……………………………………………. (complete)

     

    O Tsipras demonstrou ser um safado. Com certeza convocou o plebiscito esperando que o sim vencesse, embora dissesse o contrário. Criatura abjeta, verme, mosca do monturo, ameba das fezes.

    A sua covardia e subserviência provocam náuseas. Como um suposto líder que apunhala pelas costas o seu povo pode continuar a viver com a desonra. Tivesse o mínimo de decência praticava o seppuku e deixaria o seu corpo aos porcos. 

     

  16. ” Aqui deve-se atentar de

    ” Aqui deve-se atentar de maneira séria para o que é correlação de forças de verdade.”

    Aqui no Brasil é bem diferente, né? Até parece que as forças que desestabilizam nações no mundo inteiro não são as mesmas

     

    ” Antes de se atacar de forma fácil o governo grego, é bom olhar quem são os verdadeiros responsáveis pela situação. E perceber que estamos em terreno para lá de movediço, num mundo movido a moedores de carne.”

    É… O problema é o mundo real que insiste em não se adequar à teorias.

    1. Sou suspeitézimo para falar sobre isto mas acordar é preciso

      Venho alertando a Dilma e os colegas do blog sobre isto há um bom tempo. As consequências são inescapáveis.

      Agora a modelagem bandida, que olvida a realidade, isto nós já podiamos ter mudado há muitos anos atrás, falta a vontade política de mudar.

  17. Faltou ele concluir:

    Faltou ele concluir: “Justamente por isso não se surpreendam se um dia ganharmos a eleição e fizermos o mesmo!”

    E o povo? Ah, aquelas formiguinhas que vem e vão lá embaixo na rua… Tão distantes…

  18. ” Aqui deve-se atentar de

    ” Aqui deve-se atentar de maneira séria para o que é correlação de forças de verdade.”

    Aqui no Brasil é bem diferente, né? Até parece que as forças que desestabilizam nações no mundo inteiro não são as mesmas

     

    ” Antes de se atacar de forma fácil o governo grego, é bom olhar quem são os verdadeiros responsáveis pela situação. E perceber que estamos em terreno para lá de movediço, num mundo movido a moedores de carne.”

    É… O problema é o mundo real que insiste em não se adequar à teorias.

  19. Sejamos realistas: os gregos só tem seus grilhões para perder…

    “O problema é o mundo real.” concordo plenamente; no mundo real o PIB da Grécia vem declinando a anos com o arrocho fiscal e as ‘reformas’ da troika; no mundo real a taxa de desemprego é a mais alta da história chegando a níveis absurdos; no mundo real os serviços públicos da Grécia foram destruídos pela troika e pelos governos ‘realistas’. É espantoso que alguem que se diz de esquerda use o mesmo racioncínio de Margareth Tacher: ‘there is no alternative” (não há alternativa!).Ou então de FHC ( a ‘utopia do possível’) ou do ajuste fiscal da Dilma (‘precisamos fazer, é a ‘realidade’). O ‘pensamento único’ é tão arrasador que até quem se diz de esquerda o reproduz incautamente(?).

    “Há um esquerdismo sedutor que apregoa soluções mágicas. “Sair do euro”, “Romper com a troika”. Ou caminhar em direção ao socialismo já. Sim, tudo muito desejável, muito atraente. Eu também quero!”. Quem quer essas soluções não é o autor dessa pataquara é a população grega que em sua maioria votou contra isso – inclusive foi com o argumento de ‘romper com a toika’ entre outros que o Syriza foi eleito. Soluções ‘mágicas'(corajosas) são para tempos difíceis; imagino que na década de 1930 se falasse isso do New Deal do Roosevelt que estava muito longe de ser ‘esquerdista sedutor’, embora os liberais da época devessem chamá-lo de ‘comunista’…

    A Grécia de facto já está fora do Euro desde que o BCE – um experimento exdrúxulo pois é um BC que não é de nenhum país, nenhum Estado – em uma atitude chantagista cortou a liquidez dos bancos gregos – a Grécia não deixou pagar sua dívida com o BCE, mas com o FMI; não havia motivos, foi puro terrorrismo econômico.

    Há sim soluções várias, todas já testadas na História quando um povo, uma classe resolveu que quando a realidade é insuportável não deve ser aceita bovinamente, mas alterada pelos homens pois são eles que criam as circustâncias e não entidades abstratas como o ‘mercado’, o ‘Estado’ (o europeu sequer existe, é abstração mesmo!); sem seres humanos não há mercado, ele não é uma criação divina ou da natureza com alguns crêem. Nessas horas sinto saudade do 68 – que eu não vivi e do qual tenho muitas criticas pelo conhecimento histórico, mas que foi o último grande momento de verdade na esquerda mundial.

    Nacionalização dos bancos, moedas paralelas, imprimir euros pelo BC da grécia(a Irlanda na surdina está fazendo isso e passa muito bem obrigado):

    http://www.counterpunch.org/2015/07/10/guerrilla-warfare-against-a-hegemonic-power-the-challenge-and-promise-of-greece/

    O mundo está caindo no poço sem fundo, com a maior concentração de renda da história, destruição dos serviços públicos e dos direitos do trabalho. E ainda vem uma certa esquerda apelar para o ‘realismo’, ‘a vida é assim mesmo’,  abandonando a população que passa fome, miséria e desespero. Esquerda sem imaginação e coragem é só canhota, não é esquerda. Não vivemos em um mundo para covardes.

    Sejamos realistas: o povo grego só tem os seus grilhões a perder!

     

  20. a renúncia de Varoufakis

    o que é ainda pior, a iniqüidade dos tecnocratas a serviço da tirania dos mercados ou a pusilanimidade de uma Esquerda que sempre sai na frente para derrotar a si mesma?

    I entered the prime minister’s office elated. I was travelling on a beautiful cloud pushed by beautiful winds of the public’s enthusiasm for the victory of Greek democracy in the referendum. The moment I entered the prime ministerial office, I sensed immediately a certain sense of resignation—a negatively charged atmosphere. I was confronted with an air of defeat, which was completely at odds with what was happening outside. At that point I had to put it to the prime minister: “If you want to use the buzz of democracy outside the gates of this building, you can count on me. But if on the other hand you feel like you cannot manage this majestic ‘no’ to an irrational proposition from our European partners, I am going to simply steal into the night.

    Yanis Varoufakis – 13/07/2015

    (http://www.abc.net.au/radionational/programs/latenightlive/greek-bailout-deal-a-new-versailles-treaty-yanis-varoufakis/6616532)

    .

  21. tchau lulismo, tchau Maringoni

    https://jornalggn.com.br/comment/684963#comment-684963

    Varoufakis fala também pela primeira vez da derrota política que o levou a sair do governo. Segundo a versão do ex-ministro, propôs ao governo um plano com três ações caso o BCE obrigasse ao encerramento dos bancos: a emissão (ou o anúncio) de uma moeda paralela (uma promessa de dívida conhecida como IOU), o corte na dívida detida pelo BCE desde 2012 e tomar o controlo do Banco da Grécia. “Perdi por seis contra dois”, diz Varoufakis, que voltou a insistir no plano na noite da vitória do OXI.

    http://www.infogrecia.net/2015/07/varoufakis-abre-o-livro-voce-ate-tem-razao-mas-vamos-esmagar-vos-a-mesma/

    .

  22. Brasil

    Apesar de tudo que vemos acontecendo no país, ressalto o relatório do IBGE no qual no geral a economia brasileira ainda cresce em 2015 em baixos 0,6%. É uma vitória, desculpem-me o otimismo, se considerarmos a campanha anti-governo que vemos e as manipulações de todo tipo para prejudicar a gestão DILMA.

    A direita quer comandar o mundo, nem que seja à força. Não respeitam a maioria e procuram destruir que os desafia.

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