
O governo do Egito comunicou a Israel a suspensão de seu papel como mediador nas negociações para libertar os reféns em Gaza. Segundo fontes egípcias, o estopim para a decisão foi o assassinato de Saleh al-Arouri, considerado o número 2 na hierarquia do grupo Hamas. Al-Arouri foi morto nesta terça-feira (03), em Beirute, no sul do Líbano.
Com isso, a possibilidade de ampliação da guerra em Gaza agora abre espaço para as fronteiras e territórios vizinhos, incluindo o envolvimento direto do Hezbollah – aliado libanês do Hamas com apoio do Irã – sobretudo porque Israel não fez uma admissão pública pela responsabilidade do ataque.
Para a pesquisadora Karime Cheaito, que estuda o grupo Hezbollah, a saída ou congelamento da participação do Egito como papel mediador, “é uma manifestação política e simbólica do recém-reeleito Sisi após o assassinato de Saleh al-Arouri”.
“A decisão está articulada tanto com interesses domésticos, visto a base de apoio ao Sisi, sua campanha nas eleições fundamentadas no papel do Egito nas mediações e, principalmente, o apoio majoritário da população egípcia aos palestinos, como aos interesses regionais”.
A mudança tática de Israel ao começar a atacar fora de Gaza, “como ocorreu em outros momentos, como quando invadiu o Líbano em 1982 para ‘destruir’ a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), pode gerar uma mudança na escala e no rearranjo da guerra”, acrescenta a pesquisadora.
Apesar desse cenário, para Cheaito, após discurso do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, “ele não está interessado em arrastar o Líbano para uma nova guerra, mas também não permanecerá inerte”.
Por fim, a pesquisadora acredita que o interesse de Netanyahu no prolongamento da guerra se deve ao aumento da sua impopularidade doméstica. “Vale lembrarmos que antes do conflito, Netanyahu estava sendo investigado por corrupção e protestos massivos ocorriam em Tel Aviv”.
Leia também no Jornal GGN:

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.