Agência Nacional de Águas alerta para falta de água no interior de SP

Sugerido por Assis Ribeiro

Da Rede Brasil Atual

ANA alerta interior paulista para falta de água inevitável a partir de agosto
 
Em reunião com o Consórcio PCJ, que representa 43 municípios do interior, órgão federal afirma que não haverá água suficiente durante pico da estiagem. Cantareira está em 8,6% da capacidade total
 
Representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, e do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do estado de São Paulo, apresentaram ontem (12) as projeções mais recentes de disponibilidade de água para as 14 milhões de pessoas que dependem do Sistema Cantareira para contar com abastecimento de água nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, além da região de Piracicaba. A reunião foi realizada com representantes do Consórcio PCJ, entidade pública de direito privado que congrega 43 municípios e 27 empresas de médio e grande porte da mesma região, como Unilever, Ambev e Nivea, entre outras.
 
De acordo com os dados apresentados por Patrick Thomas, superintendente adjunto de regulação da ANA, o ritmo atual de consumo levará ao esgotamento do volume útil do Cantareira em julho, e o chamado “volume morto”, reserva de água abaixo do nível de captação do sistema e que começa a “reforçar” o abastecimento na quinta-feira (15), dura apenas até novembro. Nessa data, quando o retorno das chuvas ainda é duvidoso devido aos fenômenos climáticos que causaram a maior estiagem em 84 anos de medições em São Paulo, o Sistema Cantareira estará completamente seco.

 
“A quantidade de água disponível não vai atender às demandas hídricas na bacia PCJ (região de afluência dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e na região metropolitana de São Paulo. As vazões disponíveis para as duas regiões são inferiores às registradas em anos anteriores, o que torna necessário compatibilizar as demandas com a disponibilidade hídrica atual”, afirmou Thomas.
 
De acordo com dados das agências reguladoras, os rios que abastecem o Sistema Cantareira estão entregando 5,2 mil litros por segundo às represas, enquanto a Grande São Paulo segue consumindo 22 mil litros por segundo, e os municípios do interior, 4 mil litros por segundo. A próxima reunião do grupo para decidir se diminui ainda mais a vazão de água destinada a São Paulo e aos municípios do interior será nesta quinta.
 
O Consórcio PCJ e o Ministério Público Estadual, tanto por meio da promotoria de Meio Ambiente quanto pelos Grupos de Atuação Especial para o Meio Ambiente (Gaema), cobram do governo do estado e da ANA o decreto de racionamento imediatamente, para evitar que 100% das reservas do Sistema Cantareira sejam perdidas. De acordo com os promotores, há risco de não ser possível reestabelecer os reservatórios após o secamento integral do Cantareira, e não há projeção do quão graves serão os danos ambientais do secamento das represas. A ANA, no entanto, esquivou-se dessa responsabilidade, embora o decreto de racionamento preventivo esteja entre suas atribuições.
 
“O jurídico da agência nos informou que a ANA só pode declarar racionamento preventivo caso os governos estadual, no caso de reflexos no estado, ou federal, quando os problemas atingem diversos estados, declararem, por sua vez, estado de emergência ou calamidade pública”, justificou Thomas. Em documento ao Ministério Público enviado no fim de abril, o DAEE dizia que a responsabilidade pelo racionamento é da Agência Reguladora de Água e Energia de São Paulo (Arsesp).
 
Desde janeiro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirma que não realizará racionamento, e, por isso, tem sido criticado por entidades de proteção do meio ambiente por guiar uma decisão técnica por viés político – o racionamento, ou a falta d’água, ocorrerão no meio da campanha eleitoral pela reeleição do governador.
 
Ainda de acordo com a ANA, o processo de renovação da outorga do Sistema Cantareira, autorização assinada em agosto de 2004 garantindo à Sabesp a exploração da água dos reservatórios por dez anos, não será concluído em 2014. O documento, que definiria as regras, limites de retirada de água e investimentos obrigatórios da Sabesp no sistema, só será produzido quando chegar ao fim o ciclo da estiagem atual, que ainda pode continuar no próximo ano.
 
As agências reguladoras querem contabilizar o fenômeno climático atual em sua integridade antes de decidir quais os parâmetros para os próximos dez anos de fornecimento de água no estado. “A estiagem atual é pior que a pior seca já presenciada pela série histórica, datada entre os anos de 1953 e 1956. Não há como discutir novas vazões sem contabilizarmos essa ocorrência climática ao fim do atual ciclo hidrológico”, comentou Vicente Andreu, diretor-presidente da ANA.
 
No fim da tarde desta terça-feira (13), a ANA divulgou nota em que rebate texto divulgado pelo Consórcio PCJ em que a entidade afirma que os dados apresentados pela agência federal confirmam projeções feitas pelo próprio consórcio. “Nossas apresentações encontram-se disponíveis e nelas nossas previsões e projeções estão baseadas nas vazões afluentes e nas liberações possíveis a partir desses critérios. Não há nos nossos critérios nenhuma associação às projeções deste Consórcio, visto que sequer temos conhecimento das premissas adotadas para as conclusões técnicas do Consórcio PCJ, assim solicitamos as correções devidas”, diz o texto.
Redação

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Já escrevi antes aqui

    Que faz mais de quinze dias que o interior já estava usando a água do volume morto da cantareira.. Só que a região é muito populosa. A região metropolitana de Campinas tem cerca de 4 milhões de habitantes e a região do PCJ são mais de 40 municípios. Este ingoverno de SP está brincando, esperando que os céus nos salvem. Um povo que já anda intolerante com coisas menores, quando tiver seus empregos, sua produção, seu alimento, sua higiene e saúde sob risco, poderá produzir muitas convulsões. Num certo modo, é até bom que fiquem no poder, pois a próxima administração é quem vai estar na mesa, quando vier a conta.

  2. #naovaiteragua

    Ficar sem energia já é um absurdo, agora sem água nem distribuindo ouro em moedas de 1 real vai dar pra segurar o Baronato Pirassununguense no “Palais di Morrunbiei”, sede do Tucanistão.

  3. O duro mesmo é a vida de

    O duro mesmo é a vida de torcedor tucano.

    Torcendo com força para o nivel de agua abaixar permitindo que se realize a professia do apagão no governo Dilma, que seria a gloria. 

    Agora torcer para chover em São Paulo.

    Pensa o que???   vida de torcedor não é mole!!!!

  4. Jornaleco de Campinas

    Correio Popular (da família Nogueira Sobrinho, donos do Parque Ecológico, Swiss Park, Iguatemi e Galleria Shopping entre outros, suspeitos de envolvimento com o esquema que matou o prefeito Toninho, suspeito de armarem uma cama de gato para o ex-prefeito Hélio, que ia desapropriar terrenos particulares DELES para disponibilizar para o Minha Casa Minha Vida – até hoje empreendimentos populares do Parque Jambeiro estão embargados por causa dessa armação – notar que secretários, fiscais e vereadores envolvidos com “a fraude do habite-se e alvará” continuam trabalhando sob a gestão do marionete tucana Jonas Donizete, aquele que virou as costas ao próprio irmão Luiz Lauro quando este esteve envolvido com álcool e drogas), bem, Correio Popular segue firme na mídia amiga que chama o pior racionamento da história do estado de “rodízio”. Campinas infelizmente até hoje está parada em 1932 e de lá não saiu. A campanha que derrotou o excelente Márcio Pochmann baseou-se em um monte de invencionices e sua maior promessa era a criação do “poupatempo empresarial”, que na prática ajuda empresários que já lucram a lucrarem ainda mais.

    Suas grandes realizações por enquanto são a maior chacina de Campinas (13 mortos em janeiro), a maior epidemia de dengue da história (mais de 25 mil casos) e agora o maior racionamento. Ganhou de Alckmin um novo teatro (justamente no Parque Ecológico já mencionado) no valor de 80 milhões de reais – e abandonou definitivamente o Centro de Convivência do Cambuí aos drogados, delinquentes e ao sexo, pouco se lixando para os moradores do bairro que pedem a reforma do teatro há anos (e ela custaria cerca de 25% do custo do teatro novo). A solução proposta por ele teria sido encher o Convivência de terra, como ele fez com o chafariz do Balão do Timbó.

    É pena que alguns políticos sejam da justa medida da pequenez e tacanhez de uma maioria votante. O estado de SP não merecia ter um governador tão tacanho. Campinas também não.

    Eu havia dito que Jonas Donizete iria ser o pior prefeito da história de Campinas, pior inclusive que Chico Amaral (o prefeito que encheu Campinas de ocupações de sem-teto). Por enquanto ele está cumprindo fielmente a profecia. Já que governa de seu gabinete de deputado em Brasília, que usa para “conseguir verbas do governo federal para a cidade” – pior é que tem gente que acredita nisso. Tristes tempos.

  5. Tamo junto!

    Sempre imaginei que São Paulo ia acabar num desastre ecológico.

    Só não imaginei que fosse já.

    E, a depender das propostas de todos os candidatos a governador e presidente, vai continuar.

    Eles querem levar ainda mais água pra lá, ao invés de levar água e emprego pros outros lugares do estado e do país.

    O papel do ministério das cidades é distribuir o dinheiro, não a população.

    E quanto mais gente no mesmo lugar, vai precisar distribuir mais dinheiro.

    O negócio dele é esse.

  6. Participação da sociedade civil

    Engraçado, só vejo as pessoas reclamarem, reclamarem. Agora, quem participa do Comitê PCJ ou do Alto Tietê ou de qualquer outro Comitê que abrange sua respectiva região?

    Quem se importa em verificar junto ao responsável pela distribuição de águas, seja SABESP ou autarquias os indices de perda na rede de distribuição, quais medidas estão sendo feitas, etc?

    Quem aqui teve curiosidade de verificar os dados de precipitação desde ano e comparar com as séries históricas de precipitação? 

    É fácil apontar o dedo. 

    Para mim esse texto não é veridico, pois no Comite PCJ há um GT Outorga, que a ANA faz parte, e que monitora a vazão do sistema diariamente e tem reuniões mensais. 

    Em época de eleição, qq coisa é dita. Nesse caso, a ANA deveria também lançar uma nota sobre índices criticos de Itaipu. Independente de partido no governo, o brasileiro tem que se lascar mesmo, pq a única coisa que ele sabe fazer é reclamar, reclamar, reclamar.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador