Crise: Água em SP como um Problema de Planejamento e Gestão, por Sérgio Reis

Dados sobre o Estado Atual do Sistema Alto Tietê

Cerca de um mês e uma semana após a publicação de um diagnóstico a respeito da situação do Sistema Alto Tietê (disponível aqui) , a análise dos dados telemétricos das represas que o compõem permite constatar que a sua situação piorou consideravelmente. Nesse período, o sistema perdeu quase 32 bilhões de litros de água – praticamente 850 milhões de litros de déficit diário –, o equivalente a mais de 6 pontos percentuais. Estando hoje, 18 de Agosto, com 17,84% da sua capacidade útil (dados atualizados até as 17:00), muito possivelmente alcançará o menor patamar de sua história, 16,4% (ocorrido em Dezembro de 2004, quando ainda não operavam as represas de Biritiba-Mirim e Taiaçupeba), em menos de uma semana.

Como vimos em artigo publicado em 22 de Julho, a SABESP fez solicitação ao DAEE para retirar 25 bilhões de litros de água do volume morto das represas Biritiba-Mirim e Jundiaí. O que foi pouco noticiado na grande imprensa é que o contexto é tão grave que a empresa de abastecimento está sendo obrigada, de acordo com os jornais “O Diário de Mogi” e “Mogi Online”  a fazer pequenas obras até mesmo para aproveitar a água situada acima do volume operacional mínimo. Trata-se de um indício de que constituirá um desafio considerável a extração de água abaixo desses níveis, de forma que o cenário de desabastecimento para os cidadãos beneficiários desse sistema parece tão iminente quanto o observado para os usuários do Sistema Cantareira. De todo modo, mesmo que seja possível obter todo o volume morto enunciado, caso o ritmo de perdas se mantenha constante a vida útil do sistema não será estendida sequer em um mês.

Vale registrar, ainda, que – de acordo com o apontado na matéria do Diário de Mogi – as obras mencionadas teriam a função, ainda, de reduzir as descargas dos demais reservatórios que compõem o sistema após a passagem de água pelo Biritiba: Jundiaí e Taiaçupeba. Conforme eu havia comentado no artigo de 18 de Julho, seria necessário evitar ao máximo o esvaziamento dessas represas – as quais, conforme veremos mais adiante, se encontram em situação ainda mais crítica – visto que o Sistema deve produzir cerca de 15 m³/s e há um limite físico na capacidade de transporte da água até Biritiba que faz com que no máximo 9 m³/s possam ser aduzidos. Em outras palavras, o esgotamento de Jundiaí e Taiaçupeba significaria a iminência do racionamento, e as obras de aproveitamento do resto do volume útil de Biritiba serviriam para postergar um pouco tal acontecimento.

Os gráficos apresentados especificam a realidade observada em 11 de Julho e, comparativamente, em 18 de Agosto, a partir do monitoramento dos dados do Sistema de Alerta a Inundações (SAISP). O gráfico 1 indica o volume de água remanescente no sistema:

Nível - Sistema Alto Tietê

 

O gráfico 2 nos indica a queda do nível do Sistema Alto Tietê ao longo do último mês:

Volume Útil Total em hm³ - Sistema Alto Tietê

A partir da análise dos dados das cotas de cada represa componente do sistema (Paraitinga, Ponte Nova, Biritiba-Mirim, Jundiaí e Taiaçupeba), notamos que apenas a primeira – que, na verdade, funciona mais como uma regularizadora de vazões do que um reservatório propriamente dito – teve evolução positiva com relação ao volume de água armazenado. Os gráficos 3 e 4 apresentam a realidade específica dessa represa, na qual observamos um pequeno crescimento de 1,16 ponto percentual – e 15 centímetros na cota – em seu nível de água armazenada:

Nível - Reservatório Paraitinga

Altura da Cota - Reservatório Paraitinga

Ponte Nova

Já a represa Ponte Nova, a principal de todo o sistema do ponto de vista de sua capacidade de armazenamento, perdeu praticamente 1,2 metros de cota, ou 20 bilhões de litros (cerca de 63,7% de todas as perdas do sistema no mês). Isso significou uma diminuição de 7 pontos percentuais do volume de água guardado, de forma que, atualmente, a Ponte Nova está com 20,6% de sua capacidade. Os gráficos 5 e 6 apresentam essas informações:

Nível - Reservatório Ponte Nova

Altura da Cota - Reservatório Ponte Nova

Biritiba-Mirim

O reservatório Biritiba é fundamental por ser aquele que recebe as águas oriundas de Paraitinga e Ponte Nova por recalque para então enviá-las para as demais represas por gravidade (quando então o sistema se assemelha ao Cantareira do ponto de vista do transporte de água). Considerando-se que há um limite de 9 m³/s no envio da água pelos reservatórios anteriores para o Biritiba e a produção necessária pelo Sistema é de cerca de 15 m³/s, a manutenção dessa represa em condições operacionais mínimas é vital para a sobrevivência do Alto Tietê. Daí, então, a preocupação com as dificuldades que a SABESP está obtendo até mesmo para aproveitar o volume útil desse reservatório, especialmente quando consideramos que, hoje, ele se encontra ainda com pouco mais de 17,4% de sua capacidade (estava com 20,67% há pouco mais de 1 mês). Esse volume ainda não poderia ser considerado desprezível do ponto de vista da operacionalização do envio da água para as demais represas, conforme parece ocorrer, ou seja, há de considerar como um fato inusitado que estejam ocorrendo problemas para o envio da água levando-se em conta que o nível desse reservatório ainda não esteja tão baixo como outros. O ponto é que, muito provavelmente, o Biritiba jamais tenha alcançado um nível tão baixo, e nem a SABESP tenha realizado estudos para identificar a possibilidade da existência dessas dificuldades operacionais nesse cenário.

Nesse sentido, Biritiba precisará ser mantida a todo custo, já que a existência de um volume de água não repassável aos demais reservatórios significa, simplesmente, a morte do sistema. Daí, então, a preferência da SABESP por priorizar a instalação das bombas flutuantes nessa represa – obras que, de acordo com notícias do fim do mês passado dos jornais da região (links), ainda não tinham começado, o que enseja dúvidas sobre a capacidade do Governo Alckmin de colocá-las em funcionamento ainda em Agosto, conforme diversas declarações. De outra forma, levando-se em conta as perdas diárias observadas e as dificuldades apresentadas, poderemos estar diante de uma falência ainda precoce do Alto Tietê.

Os gráficos 7 e 8 nos apresentam a evolução recente das condições encontradas no Biritiba:

Nível - Reservatório Biritiba

Altura da Cota - Reservatório Biritiba

Jundiaí

Possivelmente o Jundiaí seja o caso mais dramático de todos os reservatórios que compõem o Alto Tietê. Se em meados de Julho já se encontrava com um volume de água equivalente a menos de 10% de sua capacidade total, hoje está com pouco mais de 5%. Em outras palavras, o nível de água remanescente equivale a cerca de 44 centímetros acima do “0” operacional, ou  4 bilhões de litros (que durariam não mais do que 4 dias se todo o sistema dependesse dele). É diante da precariedade dessa situação que a SABESP apresentou o plano de uso do volume morto desse reservatório (10 bilhões de litros). Contudo, conforme veiculação da mídia, a previsão da instalação das bombas ocorreria apenas em Novembro, “caso necessário”. Levando-se em conta as perdas tão expressivas ao longo do próximo mês, cabe perguntar: será que o Sistema Alto Tietê continuará funcionando até lá?

Os gráficos 9 e 10 explicitam as condições absolutamente adversas encontradas no reservatório Jundiaí:

Nível - Reservatório Jundiaí

Altura da Cota - Reservatório Jundiaí

Taiaçupeba

Finalmente, o Taiaçupeba, último reservatório pelo qual transita a água até a estação de tratamento (de mesmo nome), foi o que teve mais perdas em termos percentuais ao longo do último mês, tendo passado de 20,94% para 12,01% da sua capacidade, ou menos 88 cm na cota de água. De fato, tem ocorrido um processo de aceleração bastante expressivo do esgotamento dessa represa, na medida em que a SABESP busca tentar manter o Jundiaí em níveis minimamente operacionais. Os gráficos 11 e 12 traduzem esses números visualmente:

Nível - Reservatório Taiaçupeba

Altura da Cota - Reservatório Taiaçupeba

O acompanhamento diário da evolução do decréscimo das cotas de água de cada reservatório ao longo desse pouco mais de um mês nos permite fazer projeções lineares a respeito do esgotamento do sistema. Se no artigo publicado em 18 de Julho colocávamos, na melhor das hipóteses, o total desabastecimento do Alto Tietê em 149 dias, notamos agora que é possível que ele venha a se esgotar em apenas 111 dias. Esse cálculo, no entanto, desconsidera a circunstância de que, no atual ritmo, o esvaziamento do Taiaçupeba ocorreria em menos de 52 dias e que o do Jundiaí, em cerca de 45 dias – fatores que, obviamente, acelerariam a redução dos níveis dos outros reservatórios, potencialmente repercutindo na seca de todo o sistema em prazo até menor. O gráfico 13 expressa essas projeções:

Projeção do Esgotamento, em dias, dos Reservatórios

 

Como a situação do Alto Tietê nos permite compreender que a crise da água em São Paulo é um problema fundamentalmente de planejamento e gestão?

Reforçando o que venho comentando em outros textos, cabe comentar, ainda, que a tragédia do Alto Tietê tem sido colocada como menos relevante e menos grave, do ponto de vista da cobertura da imprensa, quando comparada com a observada no caso do Cantareira. Se é fato que este beneficia uma quantidade bem mais expressiva de cidadãos, é válido notar que o discurso a respeito de uma seca excepcional como única ou grande como fator responsável pelo caos vindouro possui considerável penetração social possivelmente em razão das estatísticas apresentadas no caso do Cantareira  (como os níveis de chuvas, 43% abaixo da média, os níveis de vazões, invariavelmente abaixo de metade das mínimas históricas, etc). Não é o momento aqui de se questionar as incríveis falhas de planejamento e gestão por parte da SABESP para lidar com esse contexto – exatamente a razão de ser da gestão, i.e., a capacidade de se preparar e lidar com a realidade material, inclusive com seus imprevistos – mas o caso do Alto Tietê pode ser ilustrativo para refletirmos a respeito da acurácia desse discurso.

Conforme já discuti em várias outras oportunidades, as políticas de transparência do Governo de São Paulo são especialmente precárias com relação à apresentação dos dados para esse Sistema Produtor – razão pela qual tenho buscado realizar o trabalho de monitoramento em questão, que redunda nos gráficos acima, lamentavelmente não disponibilizados por nenhum ente público. Ainda assim, não foi possível ainda identificar as vazões de entrada de água nos reservatórios do Alto Tietê (o que é facilmente viável no caso do Cantareira). No entanto, Paulo Massato, Diretor Metropolitano da SABESP, apresentou alguns dados bastante interessantes durante a última reunião do Comitê do Alto Tietê (realizada excepcionalmente no último dia 28 de Julho). O documento pode ser acessado aqui

O primeiro aspecto a ser notado é a constatação de que nos últimos nove meses (equivalentes ao período Outubro/2013-Junho/2014), enquanto no Cantareira as vazões médias de entrada equivaleram a 34% da média histórica, no Alto Tietê esse percentual foi de 72%, conforme o Gráfico 14:

Vazões de Entrada - Sistema Alto Tietê

O que vemos, a partir da análise do gráfico da apresentação de Massato, é que, à exceção de Fevereiro/2014 – quando, de fato, as vazões de entrada foram bastante baixas (pouco mais de um terço da média –, em todos os demais meses a relação entre o ocorrido e as médias históricas foi superior a 0,67 (sendo que em três meses ficou ou acima, ou a mais de 90% da média). Em outras palavras, do ponto de vista das vazões, o problema observado é extremamente menos dramático do que o visto no caso do Cantareira – no qual de fato houve apenas um mês em que a afluência correspondeu a mais de 80% da média histórica. Enquanto no Alto Tietê em apenas um mês (Fevereiro/2014) atingiu-se uma vazão de entrada inferior aos patamares mínimos já registrados, no Cantareira esse fenômeno ocorreu em 6 dos 9 meses.

No que se refere à pluviometria, também notamos uma adversidade bem mais significativa para o Sistema Cantareira do que a existente para o Alto Tietê. Os dados são apresentados conforme o gráfico abaixo:

Pluviometria - Sistema Alto Tietê

Verificamos, de acordo com os dados acima, que as precipitações ocorridas ao longo do período Outubro/2013-Julho/2014 representaram 56% da média história no caso do Sistema Cantareira e 68,4% com relação ao Alto Tietê. Se em ambos os sistemas houve 4 meses em que as chuvas corresponderam a 80% ou mais da média, no Cantareira tivemos dois meses – Dezembro/2013 e Janeiro/2014 – em que as precipitações estiveram abaixo das mínimas histórias, ao passo em que não houve registro dessa excepcionalidade para o Alto Tietê.

Finalmente, podemos observar, ainda de acordo com o documento produzido pela própria SABESP, que houve uma redução de 0,9 m³/s na produção do Sistema quando comparamos o mês de Julho/2014 com Fevereiro do mesmo ano. Mais especificamente na última semana em que estavam disponíveis os dados (20-24/07), a economia foi ainda maior, de 1,25 m³/s (aproximadamente 8% da produção de água habitual). O gráfico abaixo apresenta essas informações:

Redução da Produção de Água - Sistema Alto Tietê

Curiosamente, cabe registrar que cerca de 20% dessa economia, ainda conforme o gráfico acima, teria ocorrido a partir do que a legenda classifica como “avanços”. Em outro slide, abaixo, chegamos ao possível entendimento de que essa categoria se trata da utilização do sistema Rio Claro para abastecer um determinado contingente populacional que, até então, recebia água do Alto Tietê (mais precisamente o bairro da Vila Alpina) – e, antes, do Cantareira. Enquanto isso, o bônus propriamente dito teria sido responsável pela economia absolutamente irrisória de pouco mais de 3% de toda a redução, ou 0,03 m³/s:

Avanços do Sistema Rio Claro

O que verificamos, então, é a existência de uma possível prática de “transferência de problemas” de um sistema para outro: primeiro, do Cantareira para o Alto Tietê; depois, do Alto Tietê para o Rio Claro. Em menos de um mês e meio, é possível notar que este último sistema perdeu quase 20 pontos percentuais (de 101% para 83% de sua capacidade). É preciso dizer que o Rio Claro é um reservatório pequeno, com uma vazão média de produção pouco relevante (1 m³/s). Mas não parece desarrazoado supor que parte do decréscimo do seu nível tenha advindo dessa transferência de vazões, algo que, aparentemente, não foi divulgado pela imprensa – o que é o aspecto fundamental da questão, i.e., a falta de transparência.

Mais importante, contudo, é percebermos que, muito embora a situação hidrológica e pluviométrica do Alto Tietê tenha sido consideravelmente mais positiva do que a encontrada no Cantareira, hoje o sistema passa por uma situação quase tão emergencial quanto a vivida por este, levando-se em conta todos os dados apresentados acima. Entendo que este seja um argumento – ou, pelo menos, um indício forte – no sentido de se compreender que a crise da água não decorre meramente da “culpa” de São Pedro, mas de algo maior e mais sistêmico: a falta de gestão e de planejamento do Governo do Estado de São Paulo em lidar com condições minimamente adversas. A leitura, então, deveria ser outra: o quanto “São Pedro”, na verdade, foi favorável em anos como 2009, 2010 e 2011 ao governo e lhe permitiu conduzir a política de abastecimento no mais puro “laissez-faire”, na base do abre-e-fecha comportas, sem visão de longo prazo, sem articulação intersetorial, sem ações localizadas, sem compreensão das mudanças que estão ocorrendo nos regimes climáticos? O quanto, para ser mais linear, se acomodou a gestão Alckmin ao longo desses anos todos no poder, e o quanto foi incapaz de reagir à altura quando a situação pediu?

A profundidade da crise no Alto Tietê a partir de um cenário bem menos negativo do que o observado no Cantareira nos mostra o esgotamento de determinadas concepções de gestão, marcadas por uma leitura passivizante da cidadania, por uma compreensão privatizante da condução do patrimônio público, por uma práxis alienante, provinciana e eleitoreira do ponto de vista da relação entre administração pública e política. A cada dia, nos aproximamos mais e mais desse ponto do não-retorno, em que se torna inviável o pleno desabastecimento de água para milhões de paulistas. Longe da indignação – e, porque não, do desespero – o que vemos é a indiferença, o cinismo e a produção de factoides governamentais (como a falsa disputa com o Rio de Janeiro pela água). Torcer pela chuva, agora, é muito mais do que otimismo: é ato de fé, de devoção sacrossanta, um esforço metafísico. Não é dessa estratégia de gestão de políticas públicas de que precisamos para superar esta crise tão aguda.

Redação

19 Comentários

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  1. Tem um outro lado

    Concordo com a análise, que demonstra cabalmente a incompetência criminosa (em se tratando de um recurso indispensável à vida humana) da administração tucana na gestão dos recursos hídricos.

    Porém gostaria de acrescentar um elemento que até hoje me choca, depois de mais de 20 anos morando no Brasil: não existe e nunca existiu uma política voltada para a redução do consumo por parte da população. Todo brasileiro, desde o berço, é levado a crer que a água é um recurso inesgotável, que o Brasil, sendo um país abençoado por Deus, tem reservas de água potável por décadas e que essa ideia de economizar água é coisa de ecochato. O resultado: calçadas lavadas todos os dias com mangueira, louça lavada com torneira aberta, ausência de água de reuso, vasos sanitários com válvulas,…

    O consumo médio de água no Brasil é o DOBRO do nível recomendado pela ONU. É claro que existe desperdício nos vários sistemas de distribuição, basta olhar as ruas de São Paulo para ver sinais de vazamento da rede; em outras cidades não é muito diferente. Outro fator importante são os roubos no sistema, os famosos “gatos”, que não existem só para a eletricidade. Porém muito desse consumo provém do uso indiscriminado por parte da população.

    Do lado da indústria ou da agricultura a coisa não fica atrás: não há reaproveitamento das águas industriais, quando um bom sistema de reuso significa redução de 80% ou mais do consumo ; na agricultura os sistemas de irrigação são altamente ineficientes, irrigação por gotejamento é raro.

    Água é um recurso escasso e indispensável. Enquanto não houver uma mudança cultural, que passa também, porém não só, pelo aumento do preço da água, os problemas de escassez tenderão a se agravar, mesmo com uma melhoria da gestão dos recursos por parte do poder público.

    1. Discordo

      Discordo da sua observação  , é notório o grande numero de locais com torneiras temporizadas, vazos sanitários com  valvulas que utilizam menor vazão de agua ,condominios que utilizam cisternas que recolhem agua da chuva para ultilização na limpeza de areas externas,tudo isso depois do racionamento vivido na decada de 80 em SP .

      1. Em termos

        Pode ser que haja redução em alguns lugares, mas o fato é que o consumo médio por habitante é o dobro do recomendado e que a gente continua vendo quintais lavados com água da torneira.

        O governador está alardeando o sucesso da campanha de redução do consumo (30% de desconto par quem reduz em 20% o consumo). Não sei se é verdade ou não, mas independente da questão política, é sintomático que as pessoas consigam reduzir tão facilmente o consumo de forma voluntária, diferente do apagão de 2001, onde quem não reduzisse o consumo de energia elétrica era penalizado. Para mim, isso quer dizer que o consumo anterior era alto e que era possível reduzir sem grandes traumas.

        Para dar um exemplo simple, no elevador de um prédio comercial que frequento, está afixada a conta de água, com um comentário da administração do prédio, parabenizando os condôminos pela redução em mais de 50% da conta. Claro que não é uma amostra representativa, mas duvido muito que seja o único caso.

  2. ! ! ! ! !

    A tentativa de federalizar o problema ficou evidente desde a semana  na passada, Geraldo Alckmin quis contingenciar aguas que não seriam destinadas ao consumo ,pois teriam de ser bombeadas para 160 mts acima daonde estão ,fora a  construção de canais e outras obras que demorariam 2 anos no minimo para serem feitas .Tecnicos da Sabesp estão proibidos de falar sobre o assunto ,alguns que estão dando declarações em off dizem  que o problema não tem mais solução ,a menos com uma chuva torrencial de 2000(dois mil milimetros por centimetro) mm sobre as bacias que compõem o sistema ,o que não está previsto pela metereologia .

  3. falta de agua em s.paulo

    no caso de não chover o suficiente,para reabastecer as represas, existem outras alternativas para a sabesp buscar agua?

    grato,osvaldo.

    1. Osvaldo, por tudo o que

      Osvaldo, por tudo o que sabemos (e eu tenho insistido em meus textos a respeito da falta de transparência por parte da gestão Alckmin), não há Plano B viável no momento, considerando-se a estimativa de tempo até o desabastecimento e o prazo para a implementação de alternativas. Em outras palavras, em virtude de uma impressionante inação da SABESP em associação a uma consciente decisão de Alckmin, ainda em Janeiro, por arriscar o esvaziamento completo dos sistemas produtores em nome de uma vitória eleitoral sem racionamento, não estão em curso iniciativas que estejam prontas a tempo de manter o abastecimento para toda a população caso não chova o bastante no fim do ano. Pode ser que as precipitações venham a postergar em alguns meses a seca completa, mas um racionamento absolutamente severo (muito mais agudo do que o que poderia ter sido promovido, p.ex., no começo deste ano) será inevitável. Os projetos de adução de água possuem, em geral, um nível de maturidade muito elevado – levam vários anos para ficarem prontos. Então, até a conclusão do São Lourenço (apenas em 2018), é bem possível que enfrentemos um cenário extremamente dramático caso não tenhamos “chuvas de monções” ao longo dos próximos meses.

  4. Uma preocupação,

    que os especialistas em tratamento de água poderiam responder:

     

    ao captar os tais volumes mortos existe algum risco de ocorrer uma pandemia por exemplo de cólera, em função justamente dessa qualidade, “morto” ?

     

    1. Nao, WK.  O “morto” tem a ver

      Nao, WK.  O “morto” tem a ver com o lugar do volume, no fundo, e nao com a poluicao da agua, que eh so marginalmente mais poluida por efeito da gravidade.

  5. vai faltar

    vai faltar agua para fazer coxinha!

    A mídia e o desgovernador seguem fazendo de conta que não é com elss.

    Daqui a pouco vai aparecer na mídia o culpado por São Paulo parar seco:

    Auquimim? São Pedro? el ninho?

    NÃÃÃÃO!

    Sempre ele:

    LULA!

    1. Ah, SABESP se seu nome fosse

      Ah, SABESP se seu nome fosse Petrobrás, estaria sendo repetido pelo PIG e a afins feito mantra. Era tanta acusação, tanta CPI, equipes inteiras de reportagens fariam plantão pra dar ciencia de cada gota de água evaporada pelo sol… Já teriam feito endoscopia ao vivo nas suas tubulações no fantástico.

      Acorda PT, chega de apanhar sem revidar!

    2. Ah, SABESP se seu nome fosse

      Ah, SABESP se seu nome fosse Petrobrás, estaria sendo repetido pelo PIG e a afins feito mantra. Era tanta acusação, tanta CPI, equipes inteiras de reportagens fariam plantão pra dar ciencia de cada gota de água evaporada pelo sol… Já teriam feito endoscopia ao vivo nas suas tubulações no fantástico.

      Acorda PT, chega de apanhar sem revidar!

  6. Matou a pau!!

    Parabéns, Sergio. Seus posts sobre a crise hídrica são sempre oportunos. Neste, com os dados da afluência do alto-tietê que você nos trouxe, de 72%  da média histórica (percentual plenamente plausível e previsível de ocorrer), fica patente que a maior parcela de responsabilidade por essa crise hídrica é, realmente, da falta de uma gestão adequada e responsável do governo do estado, por intermédio da sabesp.  

    1. Obrigado, Bill. É exatamente

      Obrigado, Bill. É exatamente isso. Na medida em que as condições observadas no caso do Alto Tietê são tão menos excepcionais do que as existentes para o Cantareira e a gravidade da crise é bem similar (embora o assunto seja pouco enfatizado pela imprensa), o núcleo do “discurso pluviométrico-metafísico” cai por terra.

  7. Sérgio, boa noite.
    Estou

    Sérgio, boa noite.

    Estou realizando uma pesquisa sobre essa crise, e acompanhando algumas atitudes da SABESP. Procurando informações encontrei essa tua publicação que me chamou muita atenção e que com certeza, irei usar algumas de suas citações no mesmo. Sendo assim, tenho algumas dúvidas que gostaria de compartilhar com você e até mesmo ”debater”, como, se a SABESP/ Governo de São Paulo em seus relatórios e embassamento que há, ”sabiam” dessa tal crise, medidas há decadas podiam ser tomadas antes disso tudo na sua opinião? Quais? Porque, eles tem ”produtos”, como por exemplo, a ”água de reúso”, que visa utilizar a água para uso doméstico (como limpar a casa, lavar o carro e etc). Tipo, a conscientização eles tentam fazer há anos, mas pelo que vemos, não está havendo tal resultado. A culpa seria também da população? 

    Meu intuito, como expectadora desse problema é tentar identificar aonde erramos, se foi eles ou nós, e o que podemos fazer para tentar ”amenizar” isso né. Pelo que vemos isso, só se dará caso caia muita chuva… ou não?

    Então, precisava de uma luz. Achei a matéria muito interessante, que engloba muitas informações que até então não tinha encontrado.

     

    Muito Obrigada desde já!

     

    1. Oi, Débora, tudo bem?

      Oi, Débora, tudo bem? Desculpe, vi seu comentário apenas hoje. Eu estou preparando um artigo justamente tratando de um conjunto de razões que atestam que a crise hídrica que vivenciamos hoje é fruto de problemas de planejamento e gestão. Acredito que o texto venha a esclarecer algumas das dúvidas que você tem. Apenas para você não ficar completamente sem resposta (já que devo concluir esse texto só na semana que vem), diria que, apesar da excepcionalidade climática – que é verdadeira no caso do Sistema Cantareira, mas não o é, p.ex., no caso do Alto Tietê (dê uma olhada nos meus outros artigos) – certamente o problema poderia ter sido contornado a contento, inclusive sem que investimentos multibilionários fossem realizados. Só para você ter uma ideia, desde Junho de 2012 a quantidade de água que entra no Sistema (via chuvas e vazão natural dos rios) é inferior à média histórica. Se o Cantareira, por exemplo, operasse em uma lógica em que a produção de água tivesse que sofrer uma redução de 10% caso as vazões de entrada fossem inferiores à média por 3 meses seguidos, nós teríamos economizado, entre Setembro de 2012 (3 meses depois que começou a entrar menos água) até Março de 2014 (quando só então a SABESP começou a diminuir a retirada de água dos reservatórios, algo como 300 bilhões de litros se cortássemos a produção em apenas 10%. Com isso, nós teríamos, hoje, água para mais uns 4 meses se que sequer precisássemos contar com o volume morto. Enfim, pretendo desenvolver melhor essas questões mais adiante. Um abraço

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