A importância da política econômica para o desenvolvimento de longo prazo

Por Clever Mendes de Oliveira

Comentário ao post “Falta visão estratégica ao país

Tenho manifestado com frequência, e aqui no seu blog não tanto contra você, na contramão da maioria dos comentaristas que, em meu entendimento, superdimensionam a importância do planejamento.

Considero o planejamento importante, mas avalio como o fator mais importante de longo prazo para o desenvolvimento de um país é a adoção da política econômica correta. E o cerne da adoção da política econômica é o estabelecimento de um câmbio que assegure, no caso do Brasil, algo em torno de 25 bilhões de saldo na Balança Comercial. Estabelecer o câmbio não precisa de muito planejamento, mas o manter é sim uma atividade estratégica.

Outra questão que deve ser levada em conta para avaliar a capacidade de influência do planejamento é o modelo econômico, no caso do Brasil, o capitalismo, e o modelo político, no caso do Brasil, a democracia. Se o Brasil conseguisse adotar o câmbio bom, como fez a China, talvez não o conseguisse manter como fez a China em razão do modelo político que adotamos.

Falo em se levar em conta o capitalismo porque o considero um sistema econômico um tanto refratário ao planejamento. É claro que a medida que os gastos públicos crescem e eles se aproximam no mundo para representar cerca de 35% do PIB, a economia torna-se mais previsível e é maior a influência do planejamento na economia capitalista. No Brasil, por exemplo, os gastos públicos são planejados na lei orçamentária, nas leis de diretrizes orçamentárias e nos Planos Plurianuais. O capitalismo como sistema flexível que é adapta-se cada vez mais ao planejamento e torna-se cada vez mais menos capitalista.

Em outros posts aqui no seu blog e em outros em que discuto a importância do planejamento além de considerar a questão do capitalismo, eu menciono também o meu descrédito de que um governante possa trazer pela capacidade própria dele muita diferença na condução de um país. No extremo, um governante absolutamente competente faria uma grande diferença quando comparado com um governante absolutamente incompetente. No entanto, esses extremos não existem. Para se chegar a um cargo de governante em sistemas políticos não hereditários é preciso de um nível mínimo de competência. Pequenas diferenças nesses níveis mínimos de competência não se traduzem em grandes diferenças na condução da máquina pública que move em um ritmo próprio e que pela inércia é de difícil alteração.

E então a adoção da política econômica correta é que acaba sendo mais relevante. Assim um governante mais competente com a política econômica inadequada traria menos ou menores resultados do que um governante menos competente com a política econômica correta. De todo modo, a política econômica correta não é só o câmbio e mesmo o câmbio é uma ideoligização minha. Há que se considerar a inflação, a taxa de desemprego, a questão ambiental. Enfim a política econômica correta depende da avaliação ideológica de cada um.

Essa questão eu venho discutindo há um bom tempo e penso ser válido deixar aqui uma sequência de quatro posts em que eu tenha me manifestado mais ou menos dentro do que eu já expus. O primeiro é o post “O Brasil policêntrico” de sexta-feira, 04/11/2011 às 11:31 aqui no seu blog com destaque da matéria de Lilian Milena no Brasileianas.org e intitulada “País não tem plano para superar desequilíbrios” em que se abre espaço ao especialista em desenvolvimento regional e reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Célio Campolina Diniz, convidado para falar no 16º Fórum de Debates Brasilianas.org. O endereço do post “O Brasil policêntrico” é:

https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-brasil-policentrico

O segundo post é “O estilo Dilma” de quinta-feira, 24/11/2011 às 16:39 e que pode ser visto no seguinte endereço:

https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-estilo-dilma-0

Na segunda página do post “O estilo Dilma” de quinta-feira, 24/11/2011 às 16:39, há um comentário meu enviado sexta-feira, 25/11/2011 às 08:05 para junto do comentário de Wannabe, enviado quinta-feira, 24/11/2011 às 17:55. Nele eu insisto na tese que apesar da diferença entre os estilos de governar de Lula e da presidenta Dilma Rousseff, não se poderia esperar grandes mudanças, ainda mais que ideologicamente eles pertencem ao mesmo grupo.

Lembro ainda que há aqui no seu blog outro post com o mesmo título e endereço semelhante, mas para o qual eu não mandei comentário. Trata-se do post “O estilo Dilma” de quinta-feira, 18/08/2011 às 19:44, trazendo um comentário de Joaquim Aragão que fora transformado no post. Não fiz comentário mas gostos dos comentários de Joaquim Aragão ainda que com freqüência eu discorde dele, exatamente pela superdimencionamento que ele dá ao planejamento. No caso de Joaquim Aragão, como engenheiro que ele é, não chega a haver superdimencionamento, mas sim não dar muita importância a dificuldade de se fazer planejamento em democracias e no capitalismo. O post “O estilo Dilma” de quinta-feira, 18/08/2011 às 19:44 e originado de comentário de Joaquim Aragão pode ser visto no seguinte endereço:

https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-estilo-dilma

O terceiro post é “O debate sobre o desenvolvimento regional do Brasil” de terça-feira, 24/04/2012 às 16:14, contendo a matéria “O paradoxo do desenvolvimento regional” de Bruno de Pierro, no Brasilianas.org, da Agência Dinheiro Vivo. O endereço do post “O debate sobre o desenvolvimento regional do Brasil” é:

https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-debate-sobre-o-desenvolvimento-regional-do-brasil

E o quarto e último post é “A lenta adaptação do país aos novos marcos” de sexta-feira, 16/08/2013 às 08:00, trazendo a sua Coluna Econômica daquela data. O endereço do post “A lenta adaptação do país aos novos marcos” é:

https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-lenta-adaptacao-do-pais-aos-novos-marcos

Os comentários ainda não foram migrados, mas lembro que fiz referência ao truísmo do título. No mundo inteiro é assim: a adaptação aos novos marcos é lenta.

Por fim menciono certa concordância com você em relação a ausência no Brasil de agências para pensar o futuro. Creio que nós acabamos copiando os Estados Unidos de forma errada e não construímos os órgãos próprios para desempenhar o papel de desenhar cenários futuros e construir os mecanismos que permitissem que os cenários se realizassem. Talvez a tradução dos termos “investigation” e “intelligence” que nos Estados Unidos estavam vinculados a órgãos relacionados com investigação ou espionagem nos tenha levado a erros. Uma agência brasileira de inteligê3ncia deveria estar voltado para a prospecção de cenários e seu alcance enquanto as agências de investigação ou de espionagem teriam outro interesse.

 

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador