China reage ao escândalo dos supostos paraísos fiscais

Jornal GGN – A censura foi o método usado pelo governo chinês para evitar a propagação do escândalo que parece envolver líderes do governo e pessoas próximas a eles. De acordo com jornais internacionais, como El País (Espanha), The Guardian (Reino Unido) e Global Mail (Austrália), o cunhado do presidente Xi Jinping, assim como magnatas, membros da Assembleia Popular Nacional e diretores de empresas petroleiras estatais possuem contas secretas em paraísos fiscais espalhados pelo mundo. As edições destes jornais de grande circulação foram proibidas no país e suas edições digitais foram bloqueadas.

Uma base de dados do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, em inglês) mostrou que pelo menos 13 parentes dos membros do alto escalão do governo local, incluindo o cunhado Deng Jiagui, o filho do ex-primeiro-ministros Wen Jiabao, Wen Yunsong, e o ex-dirigente Li Peng, além de empresários ligados a eles, como Ma Huateng, um dos mais ricos da China, possuem empresas abertas em destinos pouco conhecidos, como as Ilhas Virgens Britânicas. Não há indícios de que Jinping ou Jiabao estejam a par das atividades paralelas de seus familiares e convivas.

O jornal espanhol, o primeiro a ter acesso às informações e publicá-las, tentou ouvir a versão do governo chinês para o caso, mas os porta-vozes das autoridades locais se recusaram a comentá-los de forma oficial, de acordo com a publicação.

Os registros das chamadas “sociedades opacas” criadas no exterior pela elite chinesa foram descobertas após o vazamento de milhões de arquivos de duas empresas de gestão de capital a Portcullis TrustNet (de Cingapura) e a Commonwealth Trust Limited (das Ilhas Virgens Britânicas, que cuidam de aproximadamente 37 mil clientes da China, Hong Kong e Taiwan. O porta-voz do ministro das relações exteriores do país disse que “a lógica dos artigos publicados na imprensa é pouco convincente e não serve para apresentar questionamentos”.

O cerco apertou depois que um jornal de Hong Kong publicou no sábado passado uma carta de Wen Jiabao na qual assegurava que nunca abusou do seu poder para obter “um benefício pessoal”. A investigação volta os holofotes para a aristocracia chinesa, que vive um delicado momento de transição, com reformas anunciadas recentemente e que incluem o combate à corrupção no país e a transparência das informações para o povo chinês, ainda cerceado.
 
Enquanto isso, é notória, ainda segundos os veículos que cobrem a denúncia, a fortuna acumulada por Jinping e sua família, em seus últimos anos como mandatário. Também há suspeitas de enriquecimento ilícito das pessoas ligadas ao alto escalão partidário, mas os detalhes permanecem desconhecidos. Quem briga pelo esclarecimento é o ativista Xu Zhiyong, que, por pedir que funcionários chineses divulguem seu patrimônio ao público. pode ser condenado a até cinco anos de prisão.
 
O ICIJ planeja divulgar ainda hoje os 37 mil nomes de cidadãos da China, Hong Kong e Taiwan que figuram na base de dados.
 
 
 
 
 
 
Redação

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