China vai flexibilizar política do filho único

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O Partido Comunista da China vai flexibilizar o controle de natalidade da população, vigente há 34 anos no país. A decisão foi tomada durante a reunião do Comitê Central do partido, iniciada no último sábado (09), e foi a primeira reunião geral sob o comando do presidente Xi Jinping.
 
De acordo com informações da agência de notícias Xinhua, os casais estão autorizados a ter dois filhos se pelo menos um dos cônjuges é filho único. Antes, todos os que tivessem mais de um filho eram, na teoria, obrigados a pagar uma multa. Em algumas regiões rurais, a regra era flexibilizada caso o primogênito fosse uma menina.
 
Segundo informações do site norte-americano Business Insider, o repórter de economia do Canal 4 do Reino Unido, Faisal Islam, coloca a decisão em perspectiva, e explica que a política do filho único representou uma redução de 400 milhões de nascimentos no país desde a sua adoção, e o envelhecimento da população poderia comprometer a competitividade econômica do país. E pela tradição chinesa, o filho acaba sendo uma espécie de “investimento” para os pais, uma vez que ele acaba sendo responsável por cuidar da família na velhice.
 
O governo chinês também determinou o fim dos campos de trabalho forçado, uma forma usada para punir os criminosos e presos políticos do país. Segundo o partido, a decisão integra “um esforço para proteger os direitos humanos”, e foi tomada após uma série de críticas da comunidade internacional.
 
As autoridades também vão rever a lista de crimes sujeitos à pena de morte, e eles também tem a intenção de banir as confissões sob tortura e abuso físico, além de aumentar a fiscalização sob a obtenção ilegal de provas.
 
O governo prevê ainda o aumento da aplicação de penas alternativas, como o serviço comunitário, e o aumento dos esforços para prover a defensoria pública a seus cidadãos. O documento foi aprovado em uma reunião, em que foram cobrados resultados “decisivos” das determinações até 2020.
 
 
Com agências de notícias internacionais
Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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  1. População chinesa envelhece

    Um bom artigo para entender mais um pouco da demografia chinesa. O artigo do pesquisador José Estáquio Diniz Alves, “A população da China em 2100”, conectado ao final da matéria, é mais rico em detalhes.

     

    População chinesa envelhece

    Postado por on mai 6th, 2013 em Mundo.

     

    Número de idosos aumenta e taxa de natalidade cai, trazendo preocupações sobre o futuro econômico do país

    Caroline Braga

    Os chineses estão envelhecendo: a população com idade superior ou igual a 60 anos aumentou 3,3% nos últimos dez anos e agora engloba 13,3% dos habitantes do país. Aliada a uma baixa taxa de fertilidade, – 1,6 filhos por mulher, menos que nos Estados Unidos ou Reino Unido – o aumento no número de idosos traz vários problemas para o país e se coloca como um empecilho no crescimento econômico.

    O processo de envelhecimento da China teve início com a instalação da política do filho único, adotada por Deng Xiaoping em 1979. De acordo com ela, casais que vivem na área urbana podem ter um filho e casais que residem no campo podem ter dois. No entanto, os chineses estão tendo menos filhos atualmente. Para o pesquisador titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (ENCE/IBGE), José Eustáquio Diniz Alves, essa política foi bem sucedida em reduzir as taxas de fecundidade e aumentar as taxas de crescimento da economia, fazendo com que o país crescesse economicamente e retirasse a maior parte da população da situação de pobreza. No entanto, ele afirma que a política do filho único não serve de exemplo para outros países, uma vez que é autoritária e não respeita os direitos sexuais e reprodutivos.

    13,3% dos chineses têm 60 anos ou mais. (FOTO: Ng Han Guan/AP Photo)

    A cartilha cultural mandarim, baseada na filosofia de Confúcio, dita que o filho homem deve cuidar financeiramente de seus pais, enquanto que o bem estar dos mesmos é função da nora. O processo de urbanização, porém, possibilitou maior mobilidade social, já que os pais ficaram nos vilarejos rurais, enquanto os filhos foram trabalhar nas cidades, e a mulher entrou no mercado de trabalho. Não há, portanto, tempo para a mulher cuidar dos sogros.

    Previsões

    Segundo previsão do Escritório Nacional de Estatísticas da China, o país terá 220 milhões de pessoas com idade acima dos 60 anos até 2015 e, em 40 anos, esse número irá mais do que dobrar, o que agravará ainda mais a situação do sistema de previdência e seguridade social chinês, que já são precários e não conseguem dar a assistência necessária para um terço da população atual de idosos.

    É o que lembra José Eustáquio, afirmando que os “idosos não contam com o apoio adequado do Estado, pois o governo chinês dá preferência aos investimentos em crianças e jovens e na criação de empregos para a população em idade ativa”.

    Pirâmide etária chinesa em 2000 e previsão para 2050. (IMAGEM: BBC)

    Um número cada vez maior de idosos e uma diminuição da taxa de natalidade significa, a médio e longo prazo, uma diminuição da população adulta, em idade economicamente ativa. Isso, segundo analistas, significaria um grande empecilho no veloz crescimento econômico chinês. “O país precisa se preparar para a situação de menos pessoas trabalhando e mais pessoas idosas necessitando de apoio e cuidado do resto da sociedade”, conclui o pesquisador.

    Leia mais:

    Artigo do pesquisador José Estáquio Diniz Alves: “A população da China em 2100”.

    1. A população da China em 2100

      Anexo aqui o  artigo de José Eustáquio Diniz Alves.

       

      “A população da China em 2100”.

       

       

      população da China em 2100

       

      [EcoDebate] A China tem a maior população nacional entre todos os países do mundo, desde o início dos registros históricos das civilizações. O “Império do Meio” foi também a maior economia do mundo até o século XVIII. Agora, no século XXI, a China volta, em um patamar mais elevado, a disputar a hegemonia econômica mundial.

      A população da China era de 550,8 milhões de habitantes em 1950 e chegou a 1,34 bilhão em 2010. Mas não deve ultrapassar 1,4 bilhão de habitantes e, provavelmente, será ultrapassada pela Índia a partir do ano 2025. A divisão de população da ONU estima, para o ano de 2050, uma população de quase 1,5 bilhão de habitantes na hipótese alta, de 1,29 bilhão na hipótese média e de 1,13 bilhão na hipótese baixa. Para o final do século as hipóteses são: 1,59 bilhões de habitantes, na alta, de 941 milhões, na média, e somente 506 milhões na hipótese baixa.

      Ou seja, a população da China pode variar entre 506 milhões e 1,59 bilhão de habitantes em 2100, dependendo fundamentalmente do comportamento das taxas de fecundidade e um pouco menos da migração. No caso da hipótese baixa, a China pode chegar em 2100 com uma população menor do que a que tinha em 1950.

      A China tem uma área de 9.596.960 km2, maior do que a área territorial do Brasil. A densidade demográfica em 2010 era de 140 habitantes por km2, bem superior do que a densidade brasileira de 23 hab/km2, mas bem abaixo da densidade demográfica da Índia que estava em 373 hab/km2 em 2010.

      Depois de um longo período de declínio econômico, de invasão estrangeira e de guerra civil que empobreceu o país, o Partido Comunista tomou o poder na China continental em 1º de outubro de 1949, enquanto o partido Kuomintang (KMT), que estava no poder desde a instauração da República, migrou para a ilha de Formosa (Taiwan).

      No quinquênio 1950-55 a taxa de fecundidade total (TFT) estava em 6,1 filhos por mulher e caiu para 5,4 filhos por mulher no quinquênio seguinte. Porém, com a desorganização econômica e política da Revolução Cultural a TFT voltou a crescer e ficou em 6 filhos por mulher no quinquênio 1965-70. O timoneiro Mao Tsé-Tung chegou a dar várias declarações favoráveis ao crescimento demográfico e à utilização da população como uma arma do poderio do país.

      Porém, o alto crescimento populacional se tornou insustentável. Como dizem os chineses: “Ren tai duo!” (demasiada gente!). No iníco dos anos 70 – ainda na época de Mao Tsé-Tung – o governo adotou uma política para incentivar a a redução do número de nascimentos por meio de três objetivos: a) uma fecundidade menor, b) retardar o nascimento do primeiro filho e c) aumentar o espaçamento entre os nascimentos. Esta política ficou conhecida como: “fecundidade menor, mais tardia e com maior espaçamento entre os filhos” (fewer, later, longer). Com isto, a TFT caiu para 4,8 filhos por mulher em 1970-75 e para 2,9 filhos por mulher em 1975-80.

      Mas a despeito da grande queda da fecundidade nos anos 70, o governo comunista adotou a política de controle da natalidade mais draconia já adotada no mundo. A política do filho único, começou em 1979, e a taxa de fecundidade caiu para 2 filhos por mulher em 1990-95 e chegou a 1,6 filhos em 2005-10. O resultado é que a população continuou aumentando apenas porque a estrutura etária era jovem (crescimento pela inércia demográfica), mas o ritmo de incremento tem se desacelerado rapidamente e a população deve começar a diminuir antes de 2030. Segundo a Agencia official Xinhua, o 18o Congresso do PCC, de novembro de 2012, dicutiu um relatório propondo mudanças na política populacional, pois os dirigentes estão preocupados com o rápido processo de envelhecimento do país.

      A divisão de população da ONU estima, na hipótese média, que a TFT vai ficar em 1,8 filhos por mulher em 2050 e em 2 filhos em 2100. Na hipótese alta se acrescenta 0,5 filho para cima e na hipótese baixa se reduz 0,5 filho. Ou seja, se a TFT chinesa ficar em torno de 1,5 ou 1,6 filho por mulher nas próximas décadas, a população da China pode seguir a hipótese baixa e ficar com um montante na casa dos 500 milhões de habitantes em 2100.

      A redução da fecundidade na china possibilitou uma mudança na estrutura etária gerando um bônus demográfico que foi bem aproveitado e criou as condições para se retirar cerca de 600 milhões de chineses da situação de pobreza extrema. Porém, a política de filho desrespeita os direitos reprodutivos e gerou um grande desequilíbrio na razão de sexo, pois como a população tem preferência por filhos do sexo masculino, exite muito fetocídio feminino (e femicídio), tendo como resultado um superávit de 52 milhões de homens a mais do que mulheres. Na idade de casar, o excesso de homens (ou a falta de mulheres) torna inviável todos encontrarem uma parceira para casamento. Não é raro homens comprarem ou sequestrarem uma esposa, reforçando as desigualdades de gênero no país.

      A China tem sido o país que apresentou o maior crescimento econômico da história, com uma taxa anual de variação do PIB em torno de 10% entre 1980 e 2011. A taxa de mortalidade infantil caiu de 122 mortes por mil nascimentos em 1950-55 para 22 por mil em 2005-10 e a esperança de vida subiu de 44,6 anos para 73 anos no mesmo período. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) subiu de 0,4 em 1980 para 0,68 em 2010. Mas a China, que já disputa o título de primeira potencia econômica mundial, ainda tem muito que avançar na área social.

      Em termos ambientais os desafios são ainda maiores, pois o país sofre com a desertificação, a poluição dos rios e lagos, a falta de saneamento básico e a poluição do ar nas cidades. Segundo o relatório Planeta Vivo 2012, da WWF, a China possui uma pegada ecológica per capita de 2,13 hectares globais (gha), mas possui uma biocapacidade per capita muito menor, de somente 0,87 gha. Portanto, o déficit ambiental do país era superior a 200%, em 2008.

      Ou seja, a pegada ecológica era mais de 3 vezes a biocapacidade do país. A pegada ecológica total da China (2,13 gha per capita vezes 1,359 bilhão de habitantes) é de 2,89 bilhões de hectares globais (gha), enquanto a pegada ecológica total dos Estados Unidos (7,19 gha per capita vezes 305 milhões de habitantes) é de 2,19 bilhões de gha. A China era responsável pela emissão de 2,4 bilhões de toneladas de CO2 em 1990, passou para 8,3 bilhões em 2010 e 8,9 bilhões em 2011, sendo o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo.

      Por isto, a China é atualmente o país que mais impacta o meio ambiente global e tem investido no mercado de commodities e comprado alimentos e matérias-primas de outros países do mundo com maior biocapacidade e com superávits ambientais. Portanto, o país mais populoso do mundo afeta não só o seu próprio meio ambiente, mas tem um impacto negativo no resto do mundo.

      O decrescimento da população da China nas próximas décadas vai aliviar um pouco a pressão ambiental, mesmo porque os níveis de poluição tornam impossível manter o crescimento dos últimos anos. Mas o país terá que fazer um esforço muito maior para mudar o padrão de produção e consumo no sentido de fazer a pegada ecológica caber dentro da disponibilidade de sua biocapacidade, respeitando as fronteiras planetárias da China e da Terra.

      José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: [email protected]

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