Depois de atacar a ONU, governo de Israel chama Anistia Internacional de “antissemita”

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Ataque ocorre depois da entidade de direitos humanos ter denunciado os crimes de guerra perpetrados por Israel e pelo Hamas

Governo de Israel promove uma campanha agressiva contra qualquer organização internacional que questione seus métodos na Faixa de Gaza. Foto: Reprodução/Al Jazeera

Israel acusou a Anistia Internacional de ser uma “organização antissemita tendenciosa” depois da entidade de direitos humanos ter denunciado os crimes de guerra perpetrados por Israel e pelo Hamas, além de apelar por um cessar-fogo imediato.

Num comunicado divulgado nesta quinta-feira (26), a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, disse que a organização registrou provas de “violações dos direitos humanos e crimes de guerra por todas as partes” no conflito. 

Para a ativista, a cessação imediata das hostilidades é a forma mais eficaz de proteger os civis e aliviar o desastre humanitário.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Lior Haiat, disse que a Anistia Internacional “carece de autoridade moral para se autodenominar uma organização de direitos humanos”. Afirmou que as denúncias da organização são “subjetivas” e que ela “trabalha para o Hamas”. 

Este é mais um pronunciamento do governo de Israel contra organismos internacionais que criticam e apontam os crimes perpetrados pelo país não apenas na reação ao ataque terrorista do Hamas, mas também às sucessivas negativas israelenses de seguir resoluções das Nações Unidas. 

Ataques contra as Nações Unidas 

Anteriormente, um discurso do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, causou indignação entre as autoridades israelitas, afirmando que o ataque massivo do Hamas “não surgiu do nada”.

Após estas palavras, o embaixador israelense na organização internacional, Gilad Erdan, anunciou que o seu país anularia os vistos dos funcionários da ONU. 

“Já negamos visto ao subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths”, afirmou o diplomata. “Chegou a hora de lhes dar uma lição”, acrescentou Erdan.

“Trabalha para o Hamas”

Nesta linha, Haiat acusou a Anistia Internacional de permanecer em silêncio após as atrocidades cometidas pelo Hamas no último dia 7, quando mais de 1.400 israelitas foram mortos e 229 seguem como reféns. Assim, o Haiat concluiu que se trata de “uma organização de propaganda que trabalha para os terroristas do Hamas”.

Desde então, a resposta militar das Forças de Defesa de Israel deixou mais de 7 mil mortos, em números atualizados, incluindo pelo menos 2.913 menores, e mais de 18 mil feridos na Faixa de Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave palestino. 

Metade da população, por outro lado, foi deslocada de maneira forçada de suas casas na região, conforme as Nações Unidas. 

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

5 Comentários

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  1. Avalio que, em geral, chega a ser impressionante o que determinados governos causam a imagem, a credibilidade e a reputação do país que governam. Lembrando que governos passam, mas as chagas dos graves erros, das decisões abusivas, das infrações aos acordos humanitários, das críticas condenatórias, da desonra e da insana e gratuita demonstração de poderio bélico e militar, irão, essas chagas, gravarem e deixarem registrada na história e na alma ferida do mundo, o nome do governo e principalmente do país, para sempre. No caso específico da resposta de Israel, ao ataque condenável que sofreu do Hamas, penso que já extrapolaram, em muito, as
    demonstrações desumanas de extermínio de uma população civil, indefesa e totalmente indefesa. Também entendo que não existe qualquer justificativa que convença a qualquer ser humano normal e equilibrado, sobre a necessidade de continuar aniquilando fria e barbaramente, pessoas inocentes e indefesas. Bombardeiam, explodem seguidamente e sem trégua, uma região diminuta, que está totalmente acuada e cercada por um exército que além de ser absurdamente superior no quantitativo de combatentes, ainda possui um poderio bélico estupidamente maior e igualmente devastador. Segundo dados estatísticos estimados, aproximadamente 95% da população são civis inocentes (crianças, idosos, mulheres e jovens). Dados também recentes estimam que dentre as 7.000 mortes de cidadãos e cidadãs palestinas, 3.000 sejam crianças e das 4.000 85% são pessoas inocentes, que nenhuma relação tem com o ataque ou com o tetrorismo. Os dados que estão sendo divulgados, goste Israel ou não, os coloca como sendo, sim, o lado cruel, perverso, bárbaro e desumano. Provoca, culposamente, a perda de grande parte do apoio que recebia, pela condenável acusação de usar a vitimização, para oportunizar um possível ambicioso desejo de fazer uma limpeza étnica e tomar posse, de assalto, de toda a região do território palestino e todas as riquezas abaixo do solo. Parece não se importar com a depreciação de um álibi verdadeiro, pela troca da acusação de oportunismo e ambição. Acredito que quando o pensamento coloca o equilíbrio das razões na gaveta para promover um interesse menor, que se tornará uma prioridade maior que o respeito e o orgulho exigido com a imagem do país e da sua bandeira, já está passando da hora de se substituir o foco de toda essa desonrosa traição.

  2. Vai ser cada vez mais difícil esse negócio de “Israel e Estados Unidos contra o mundo”. E se a gente pensar bem, dá para juntar esses dois num único nome: oligarcas do dólar, magnatas do dinheiro privado… empresários da iniciativa privada usurpando prerrogativa de uso de armas que só estados nacionais detém. Já dizia o barba: “luta de classes”. Capitalismo, bah… vício de masoquistas e conformados.

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