Entenda o que é o peronismo, movimento que influencia as eleições na Argentina

Movimento político criado na década 1940 continua sendo uma força significativa entre os hermanos, ainda que seja composto de correntes distintas.

No último domingo (22), muitos ficaram surpresos com a vitória de Sergio Massa (União Pela Pátria) no primeiro turno das eleições presidenciais na Argentina. Isso porque o candidato de extrema-direita Javier Milei (A Liberdade Avança) liderava as pesquisas de intenção de voto.

É curioso ainda que Massa esteja em vantagem na disputa eleitora, tendo em vista que ele era o ministro de Finanças do governo de Alberto Fernández, gestão em que a inflação chegou a 138% ao ano.

Ainda que o pleito não esteja definido e existe a possibilidade de vitória de Milei, a explicação por trás do fenômeno Massa é o peronismo, movimento político que surgiu na década de 1940, liderado por Juan Domingo Perón, caracterizado pelo nacionalismo popular, pelo forte Estado interventor na economia e na sociedade, e pela defesa dos direitos dos trabalhadores.

O peronismo surgiu como uma reação à Década Infame, um período de ditadura e fraude eleitoral que dominou a Argentina entre 1930 e 1943. Perón, militar e ex-ministro do Trabalho no governo de Ramón Castillo, liderou um movimento de trabalhadores que exigia melhores condições de vida e de trabalho.

Ascensão ao poder

Em 1946, Perón foi eleito presidente da Argentina. Durante seu primeiro governo, ele implementou uma série de políticas que atraíram o apoio das classes trabalhadoras, incluindo a reforma agrária, a nacionalização das empresas estrangeiras, a criação de sindicatos e a expansão dos direitos trabalhistas.

Em 1955, Perón foi deposto em um golpe militar. No entanto, o movimento que iniciara continuou a ser uma força política importante na Argentina, tanta que ele foi eleito novamente presidente em 1973. Seu segundo governo foi marcado por conflitos internos e violência política e foi curto, tendo em vista que o líder morreu no ano seguinte.

Correntes

Complexo e multifacetado, o peronismo incorporou elementos de diferentes correntes políticas. São elas:

Nacionalismo: defesa da soberania nacional e a independência da Argentina em relação às grandes potências.

Populismo: apela às massas populares, prometendo melhorar as condições de vida dos trabalhadores e dos pobres.

Estado interventor: defesa de um Estado forte e interventor na economia e na sociedade.

Direitos dos trabalhadores: defesa dos direitos dos trabalhadores, incluindo o direito à sindicalização, à negociação coletiva e a condições de trabalho justas.

Governos posteriores

O peronismo continua sendo uma força significativa na política argentina, com diversos governos e presidentes identificando-se com o movimento ou sendo influenciados por suas ideias. Entre eles estão:

Héctor Cámpora (1973)
Isabel Perón (1974-1976)
Raúl Alfonsín (1983-1989)
Carlos Menem (1989-1999)
Néstor Kirchner (2003-2007)
Cristina Fernández de Kirchner (2007-2015)
Alberto Fernández (2019-presente)

No entanto, a natureza e as políticas do peronismo podem variar consideravelmente entre diferentes líderes e momentos da história argentina, mas todas elas compartilham um forte nacionalismo e um compromisso com os direitos dos trabalhadores.

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Camila Bezerra

Jornalista

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