“Gaza tornou-se um cemitério para milhares de crianças”, diz Unicef

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
[email protected]

Nesta segunda, a diretora-executiva do Unicef Catherine Russell implorou ao Conselho de Segurança por resolução de cessar-fogo

Unicef pediu ao Conselho de Segurança da ONU uma resolução pelo cessar-fogo sob risco de a catástrofe se estender ainda mais sobre a vida de milhares de crianças. Foto: UNICEF

A Faixa de Gaza tornou-se um “cemitério” de crianças, já que milhares delas morreram devido aos bombardeios, enquanto mais de um milhão enfrentam grave escassez de produtos básicos, disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em coletiva de imprensa em Genebra, nesta terça-feira (31).

Mais de 3.400 crianças foram mortas e, a cada dia, este número aumenta significativamente. “Gaza tornou-se um cemitério para milhares de crianças. É um inferno para todos os outros”, disse o porta-voz da agência, James Elder.

“Os nossos receios mais profundos sobre o número de crianças mortas, que se tornaram dezenas, depois centenas e finalmente milhares, concretizaram-se em apenas 15 dias”, lamenta Elder.

O porta-voz destaca que as ameaças aos menores vão além das bombas. “Mais de um milhão de crianças de Gaza também sofrem com uma crise hídrica”, disse ele, acrescentando que as mortes de crianças devido à desidratação são um perigo crescente.

“Precisamos de um cessar-fogo humanitário imediato”, insiste Elder.

Nesta segunda-feira (30), a diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Catherine Russell implorou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) uma resolução que lembre as partes das suas obrigações ao abrigo do direito internacional, exigindo um cessar-fogo e acesso humanitário seguro e desimpedido.

Pediu ainda a libertação imediata e segura de todas as crianças raptadas e que o Conselho de Segurança exigisse que as partes proporcionem às crianças a proteção especial a que têm direito.

Morticínio continuado 

O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf Al Qudra, em declarações à imprensa, anunciou nesta terça-feira (31) que a agressão israelense à Faixa de Gaza já custou a vida a 8.525 pessoas, incluindo 3.542 crianças e 2.187 mulheres.

“Parte meu coração ver crianças ao meu redor lutando por um copo de água limpa e não conseguindo encontrá-lo”, citou Elder. “E depois há o trauma”, alertou o porta-voz da agência, argumentando que quando os combates cessarem, o custo às crianças e às suas comunidades afetará as gerações futuras.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou que a sua operação militar na Faixa de Gaza entrou na sua terceira fase, que inclui a expansão das operações terrestres das Forças de Defesa de Israel (IDF).

Além disso, especificou que “a segunda fase, o bombardeio aéreo, continua o tempo todo”.

Unicef no Conselho de Segurança 

A diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Catherine Russell levou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (30) um informe sobre a situação humanitária em Gaza, no Estado da Palestina. 

“Acreditamos firmemente que o verdadeiro custo desta última escalada será medido nas vidas das crianças – aquelas que foram perdidas pela violência e aquelas que ela mudou para sempre”, assim Catherine abriu a sua mensagem aos países membros do Conselho.

Catherine ressaltou que “há dois dias, perdemos contato com os nossos colegas em Gaza quando as telecomunicações caíram. Isto deixou-os em risco ainda maior e tornou o seu trabalho para ajudar as crianças ainda mais difícil de realizar”.

Ela explicou que, depois de pouco mais de três semanas, o número devastador de crianças mortas aumenta rapidamente, com violações graves e desenfreadas cometidas contra as que sobrevivem. 

“Mais de 420 crianças são mortas ou feridas todos os dias em Gaza – um número que deveria abalar profundamente cada um de nós”, disse a diretora-executiva do Unicef.

Violência na Cisjordânia

Para o Unicef, ela explica, a violência perpetrada contra as crianças estende-se para além da Faixa de Gaza. Na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, pelo menos 37 crianças foram mortas. 

“E, claro, mais de 30 crianças israelenses tiveram o mesmo fim, enquanto pelo menos 20 permanecem reféns na Faixa de Gaza – os seus destinos são desconhecidos”, destacou.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) em Gaza, foram relatados 34 ataques contra instalações de saúde, incluindo 21 hospitais. Doze dos 35 hospitais de Gaza – que também estão a ser usados ​​como abrigos para pessoas deslocadas – já não podem funcionar.

Pelo menos 221 escolas e mais de 177 mil unidades habitacionais foram danificadas ou destruídas.

Com informações da Agência RT e assessoria de comunicação do Unicef

LEIA MAIS:

Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador