Governo Lula acredita que Israel quis chamar atenção dos EUA ao provocar Irã

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Apesar da posição pública dos EUA contra o Irã, o governo americano teria deixado claro a Israel que Washington não quer um conflito contra Teerã

Presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. | Foto: Haim Zach, GPO/ Via Fotos Públicas

Há 15 dias, Israel resolveu atacar o consulado iraniano em Damasco. Neste final de semana, o Irã respondeu a ofensiva, o que gerou alarme sobre grandes conflitos no Oriente Médio. Na avaliação do governo brasileiro, encabeçado pelo presidente Lula (PT), a ação inicial de Israel foi a estratégia encontrada por Benjamin Netanyahu para tentar “reconvocar” o governo dos Estados Unidos à guerra.

Segundo o jornalista Jamil Chade, em reportagem publicada no Uol, “a análise circula entre a cúpula do governo brasileiro, que acredita que não existia interesse nem de americanos e nem de iranianos para que um confronto fosse estabelecido”.

Isso porque, nas últimas semanas, o presidente estadunidense Joe Biden subiu o tom contra Israel, diante da ofensiva sobre Gaza. O governo americano, por exemplo, não vetou uma resolução no Conselho de Segurança da ONU pedindo um cessar-fogo, como fez por diversas vezes. 

De acordo com Chade, “o gesto foi considerado como um divisor de águas e um sinal claro da distância que existia entre os líderes dos dois países” e “ainda que as armas americanas continuassem a fluir para os israelenses, a mudança de tom por parte de Biden criou uma tensão extra sobre Netahyanu”, já isolado no cenário internacional.

Diante deste cenário, “avaliação interna no governo, portanto, é a de que os israelenses sabiam que precisavam “reconvocar” os americanos para um engajamento na proteção de Israel e, acima de tudo, não deixar Netanyahu sozinho neste momento” e “para isso, precisavam de um novo fato e um envolvimento que deslocasse a lógica da guerra. O alvo, portanto, era o Irã, visto pelos EUA de fato como uma ameaça”.

Contudo, apesar da posição pública dos EUA contra o Irã, o governo americano teria deixado claro ao líder israelense, nos bastidores, que Washington não iria se envolver numa ofensiva contra o Teerã.

Na reunião de emergência do Conselho de Segurança, ontem, o embaixador dos EUA, Robert Wood, afirmou que os americanos “não buscam um conflito”. A delegação iraniana respondeu no mesmo tom, “indicando que se mostrou moderada ao aceitar o papel dos militares americanos para interceptar seus mísseis contra Israel”.

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Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

1 Comentário

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  1. Santa ingenuidade, Batman…

    Como se Israel desse um passo sem antes obter permissão dos EUA.

    Ora, claro que Biden precisa de uma guerra, ou ao menos uma grave ameaça nesse sentido, para dar coesão ao seu eleitorado.

    Como não é mais possível a Biden massacrar palestinos (o “momentum” já passou), eles optaram por um novo coadjuvante, o Irã…

    Que, por óbvio, mordeu a isca como previsto, aliás, não é nada mal para Teerã ter um inimigo externo também…

    Não se sabe se estas conclusões, verbalizadas pela metade, do Brasil são só medo dos EUA mesmo, ou burrice…

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