Pedro Costa Jr.: Eleições nos EUA dificultam a expansão da guerra no Oriente Médio

Em guerra contra Gaza, Israel não deve revidar ataque do Irã por falta de apoio internacional; voto de muçulmanos nos EUA pode reeleger Biden

O presidente dos EUA, Joe Biden, ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante visita do norte-americano a Tel Aviv. Foto: Haim Zach/GPO

O programa TVGGN 20H desta segunda-feira (15) contou com a participação do cientista político e apresentador do programa O Mundo é um Moinho, Pedro Costa Jr., para analisar o contra-ataque do Irã em Israel.

No último sábado (13), o Irã disparou drones e mísseis contra Israel, como resposta à destruição do consulado iraniano da Síria, em 1º de abril. Na ocasião, o ataque das tropas de Benjamin Netanyahu vitimou civis e Mohammad Reza Zahedi, comandante da Guarda Revolucionária Iraniana.

Caso sofra um novo ataque, o Irã avisou que a resposta será ainda mais violenta – o que colocou a comunidade internacional em alerta no domingo (14), diante da escalada dos conflitos no Oriente Médio, já que Israel segue em guerra contra Gaza desde 7 de outubro. 

Diante deste contexto, Pedro Costa Jr. descarta a possibilidade de aumento de conflitos na região. Apesar da aspiração do primeiro-ministro israelense em criar um novo fato para se manter no poder, já que está isolado e sofre pressão da opinião pública pelo cessar-fogo permanente em Gaza, as eleições nos Estados Unidos em novembro devem dificultar o aumento do conflito. 

Segundo o cientista político, o voto muçulmano pode decidir as eleições nos EUA. Tradicionalmente, os muçulmanos tendem a votar em candidatos democratas, mas já se mostraram dispostos a saírem de casa para apoiar a reeleição de Joe Biden, devido ao apoio norte-americano às investidas israelenses contra os palestinos.

“Do ponto de vista prático, EUA e Europa nunca abandonaram ou abandonarão Israel. Biden e [o secretário de Estado dos EUA Samuel] Blinken criticando abertamente Netanyahu, isolaram ele”, afirma Costa Jr. “Mas do ponto de vista diplomático e da retórica, que são muito importantes nas relações internacionais, essas críticas pesam.”

Resposta

Após o ataque de Israel no início do mês, o Irã precisava dar uma resposta aos sete óbitos de civis na embaixada na Síria. “Desse ponto de vista, o Irã começa a ficar em um impasse. O regime dos aiatolás, se eles não respondem, começam a ficar desmoralizados internamente diante da população do Irã. Ao mesmo tempo, se eles respondem de maneira demasiada, eles voltam a dar legitimidade da guerra a Israel. Então, eles precisam dar uma resposta precisa”, pontua o apresentador da TVGGN. 

No entanto, Pedro Costa Jr. chama atenção para o fato de que o ataque iraniano não vitimou os israelenses. “É um ataque muito cuidadoso. É um ataque premeditado, um ataque avisado com dias de antecedência, na qual eles avisam Israel, avisam os EUA, a Jordânia e a Arábia Saudita. Grande parte dessa ofensiva, como era previsto, não tem efeito e onde ela atinge, ela atinge bases militares israelenses.”

Apesar da ofensiva, o ataque iraniano não devolve a legitimidade da guerra para Israel, ao contrário do ataque do Hamas em outubro, em que cerca de 1.200 israelenses foram mortos, quando Israel contou com a solidariedade da comunidade internacional. 

Agora, diante das pressões internacionais, manifestações populares na Europa pelo fim da guerra em Gaza e as críticas públicas de Joe Biden, que mira a reeleição, Israel não encontrou respaldo na comunidade internacional para contra-atacar.

Confira a análise de Pedro Costa Jr. na íntegra no canal da TVGGN:

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Camila Bezerra

Jornalista

1 Comentário

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  1. Essa mesma lógica pode ser usada para o voto judeu na Flórida, um estado-chave.

    Há outras questões, como o financiamento, e neste caso, os judeus detém, pelo menos até agora, um poder maior de alocação de dinheiro que os muçulmanos.

    Os grupos corporativos e grandes fortunas muçulmanas, todas ligadas à indústria extrativista de petróleo, não são lá muito leais aos palestinos, pelo contrário.

    O interesse comum de Israel e estas corporações é varrer os palestinos de Gaza para explorarem juntos o mineral líquido.

    A questão central é:

    Essa refrega atendeu às demandas bélicas do Netanyahu e dos aiatolás?

    Se a resposta for sim, fica tudo como está.

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