Primeira quinzena de setembro registra inundações em quatro continentes do Planeta 

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Em 50 anos, até 2021, as inundações mataram quase 60 mil pessoas pelo mundo. Apenas na Líbia, nesta semana, mortes podem chegar a 20 mil

Em 50 anos, as inundações ceifaram a vida de quase 60 mil pessoas. Apenas na Líbia, no último domingo (10), foram 20 mil. Foto: Reprodução vídeo BBC News

A primeira quinzena de setembro chega nesta sexta-feira (15) com um dado alarmante: quatro dos seis continentes do Planeta Terra foram afetados por inundações catastróficas, deixando milhares de mortos e desabrigados. 

Com exceção da Oceania e da Antártida, a devastação pelas águas provocada por furacões, ciclones e tempestades inesperadas afetou a América, a África, a Ásia e a Europa. 

Quem ainda não acredita nas mudanças climáticas provocadas pelo modo de produção adotado pela humanidade, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que se trata apenas do começo. 

Para piorar o quadro alarmante, segundo artigo publicado pela revista Nature, o número de pessoas expostas a danos e morte pela elevação das águas aumentou em mais de 34% neste século.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu que “o colapso climático já começou”. “O nosso clima está a implodir mais depressa do que conseguimos aguentar, com fenômenos meteorológicos extremos a atingir todos os cantos do planeta”, disse.

A atmosfera contém mais vapor de água – 7% para cada grau adicional – com o aquecimento global, o que aumenta as chances de eventos de precipitação intensa. Algumas partes do mundo sofrem mais com relação às outras, principalmente na Ásia, na Europa Ocidental e na América Latina. 

O relatório de abril deste ano da Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta que os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados. Além disso, o aumento do nível do mar e o aquecimento dos oceanos atingiram novos recordes.

Tempestades simultâneas

De forma simultânea, as enchentes atingiram vários países ao mesmo tempo nestes primeiros 15 dias de setembro. Nos últimos dias, o Brasil, a Grécia, a Espanha, a Turquia, a Bulgária e Hong Kong, que registra as piores chuvas em 140 anos, contam as mortes em meio às inundações.

Nos últimos 50 anos até 2021, de acordo com estudo da Organização Meteorológica Mundial, o tempo, o clima e a água estavam envolvidos em 50% de todos os desastres de qualquer tipo; em 45% de todas as mortes relatadas e 74% de todas as perdas econômicas. Neste período de cinco décadas, as inundações ceifaram 58.700 vidas conforme o OMM.

Só na Líbia, norte da África, as enchentes do último domingo (10) podem ter matado 20 mil pessoas mortas (11 mil estão confirmadas), segundo autoridades locais – não muito menos que a metade de mortes acumuladas nos 50 anos anteriores.

As águas romperam duas barragens e derrubaram quatro pontes na cidade portuária de Derna, a mais afetada, que praticamente submergiu quando o furacão Daniel atingiu o país.

O prefeito de Derna disse à emissora de TV saudita Al Arabiya que estimou que entre 18 mil e 20 mil morreram quando as duas barragens romperam, liberando um tsunami de água enquanto as pessoas dormiam. A população da cidade era de cerca de 100 mil habitantes.

“Embora seja difícil estabelecer um vínculo direto entre um único evento extremo e a mudança climática, está claro que precisamos estar preparados para enfrentar com mais frequência outros episódios hidrometeorológicos extremos devido às mudanças climáticas”, diz Pascal Peduzzi, diretor do Banco de Dados de Informações Globais de Recursos do PNUMA em Genebra.

Brasil: ciclones em série

As chuvas intensas e os ventos fortes provocados por ciclones que atingiram o Rio Grande do Sul afetaram no total 70 municípios, mais de 52 mil pessoas e deixando cerca de 50 mortos. As autoridades também informaram que mais de 5,3 mil pessoas tiveram que deixar suas casas.

A lista de países afetados pela violência das enxurradas tem: Síria, Hong Kong, Grécia, Espanha, Índia, Brasil, Bulgária, Turquia, Omã, Guatemala e México.  

Na Ásia, em Hong Kong, ruas e estações de metrô foram totalmente inundadas e as escolas, fechadas, depois das chuvas mais intensas já registradas desde 1884 nessa ex-colônia britânica. 

A menos de uma semana, o território foi atingido pela passagem de um supertufão. As autoridades locais falam que a precipitação na cidade pode ser equiparada ao despejo de água de quatro banheiras em apenas uma.  

Sudeste da Europa

Na Europa, a região sudeste enfrenta chuvas torrenciais, que atingiram a Grécia, a Turquia e a Bulgária. Na Espanha foram encontrados os corpos de duas pessoas desaparecidas na região de Madri após as fortes chuvas que atingiram a região.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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