Protesto reúne 500 mil em Israel

Por Assis Ribeiro

Do Brasil 247

A ruiva que lidera a massa de 500 mil. Em Israel

Jornalista, Stav Shaffir anunciou no Facebook que iria acampar em uma praça em Tel-Aviv para protestar contra a política econômica; dois meses depois, manifestação reuniu meio milhão

Roberta Namour

Seus cabelos ruivos ondulados esvoaçam no ar enquanto ela percorre as ruas de Tel-Aviv em uma bicicleta. O chapéu na cestinha da garupa é providencial nos dias quentes do verão de Israel. A primeira vista, quem vê a jovem Stav Shaffir passar não imagina que seu ar angelical esconde uma pessoa determinada que conseguiu mobilizar um País. Aos 26 anos, a jornalista israelense decidiu compartilhar no Facebook um protesto contra o preço abusivo dos aluguéis. Dois meses depois, meio milhão de israelenses se juntou a ela e saiu às ruas para protestar contra a política econômica do governo.

O movimento começou no dia 11 de julho. Stav Shaffir descreveu no jornal em que trabalha, o Xnet, as dificuldidades encontradas por dez amigos, que foram discutidas num encontro.  “Um pequeno apartamento de dois cômodos miserável custa 720 euros por mês”, disse um deles. “Eu não vejo futuro aqui. Eu não tenho dinheiro nem para comprar e nem para alugar um apartamento. Como vou fundar uma família ?”, completou outro. “Trabalhava em tempo integral em uma revista. Paguei meu mestrado em diversas parcelas, mas não consegui pagar o aluguel. Tive que dividir um apartamento com várias pessoas”, testemunhou a própria Stav. Sem encontrar outra alternativa, as dez pessoas ali reunidas tomaram uma decisão que foi divulgada pelo Facebook: “Depois de uma jornada de dez horas de trabalho, irei à praça Habima, com a minha barraca. Lá será minha nova casa”.

A aposta deu certo. A corrente passou de um grupo de jovens ao resto do País. Após a armação da primeira tenda, eles se tornaram milhares a exigir justiça social a todos. Mais de 50 acampamentos estão espalhados pelos quatro cantos de Israel. Desde então, Stav Shaffir se tornou a referência do movimento. Seu telefone marca 20 chamadas perdidas a cada dez minutos. Ela é abordada constantemente na rua, seja por famílias desamparadas ou por pessoas que querem fazer uma contribuição financeira ao movimento.  

Por ora, Stav suspendeu seus estudos para se dedicar inteiramente ao “trabalho”. “O que está acontecendo é grande demais”, julga ela. De fato. Israel conhece a maior mobilização social da história. ‘Pela primeira vez nós vemos as pessoas acordarem e sairem de seus abrigos apesar dos mísseis contra Gaza que passam por suas cabeças”, disse Stav. Segundo ela, o governo israelense não pode resolver a questão da Palestina se não consegue em soluciar os problemas internos.  

Recentemente o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu criou um comitê para examinar os pedidos de reforma, em resposta às reivindicações populares. No entanto, afirmou que não poderá atender a todas as demandas dos manifestantes.

Luis Nassif

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