Rússia acusa Ucrânia de desviar armas recebidas do Ocidente ao mercado ilegal

Victor Farinelli
Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN
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Representante do Kremlin na ONU assegura que países aliados de Kiev são conscientes dessa situação, mas evitam expô-la ou tomar providências

Foto Governo da Ucrânia

A reunião desta quinta-feira (8/9) do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) foi marcada por uma denúncia feita pelo representante da Rússia no organismo, Vasily Nebenzya, sobre um suposto esquema de desvio de armas por parte da Ucrânia para o mercado paralelo global.

O dossiê apresentado pelo diplomata russo sugere que o governo ucraniano estaria vendendo parte das armas que tem recebido gratuitamente dos países aliados do Ocidente para o mercado paralelo, o que explicaria, segundo ele, porque o grande volume de armamentos enviados à Ucrânia não tem tido um papel preponderante no conflito, onde a Rússia ainda parece estar se sobressaindo.

A denúncia de Nebenzya também aponta para os líderes militares dos países aliados da Ucrânia, que, segundo ele, são conscientes dessa situação, mas evitam expô-la à opinião pública, para não minar o apoio à Ucrânia por parte da opinião pública em seus respectivos países; e tampouco tomam providências para frear o esquema ucraniano.

“Os chefes militares dos países ocidentais admitem abertamente que não são capazes de descobrir de quem são as mãos que recebem essas armas, em seu destino final, mas inevitavelmente sabem que os ucranianos corruptos já estabeleceram canais para o fornecimento de armas ao mercado paralelo global”, acusou o funcionário russo.

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Moscou também afirmou que os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia estão “violando seus próprios regulamentos internos, que proíbem a emissão de licenças de exportação de armas quando essas desrespeitam os tratados internacionais nessa matéria, os quais exigem uma avaliação objetiva sobre se as armas transferidas podem prejudicar a paz e a segurança”.

Além da acusação sobre o possível desvio de armas por parte da Ucrânia, Nebenzya também criticou a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), por estar, supostamente, minando a possibilidade de um acordo negociado entre Rússia e Ucrânia para colocar fim à guerra.

“O cessar fogo seria desvantajoso (para os países da OTAN), cujo objetivo é satisfazer os interesses das grandes empresas armamentistas de seus países, que estariam por trás desse envio massivo de armas”, comentou o diplomata, que afirmou que Washington gastou, somente em 2022, mais de 20 bilhões de dólares em apoio militar à Ucrânia, e que pretende aprovar uma quantidade igual ou maior somente para o primeiro semestre de 2023.

Em resposta, os representantes dos Estados Unidos e do Reino Unido afirmaram que as acusações russas são “tentativas cínicas de desviar a atenção do papel de Moscou no conflito”, que seus governos continuarão a armar Kiev, e que estão orgulhosos dessa postura.

De acordo com Richard Mills, embaixador interino dos Estados Unidos na ONU, os países da OTAN “levam muito a sério a responsabilidade de impedir a proliferação ilícita de armas”. Também afirmou que o governo ucraniano mostrou sinais positivos no que diz respeito ao controle de armas recebidas, e mencionou a criação de uma comissão de monitoramento do equipamento recebido.

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Victor Farinelli

Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN

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