Wikileaks: prioridades dos EUA estão de cabeça para baixo

Jornal GGN – Apesar da absolvição da acusação mais grave “de ajudar o inimigo”, o veredito contra o soldado dos EUA (Estados Unidos) Bradley Manning revela equívoco nas prioridades do governo norte-americano sobre a segurança nacional, afirmou a Anistia Internacional na terça-feira (30). A diretora sênior para o Direito Internacional e Política da organização, Widney Brown afirmou que “as prioridades do governo estão de cabeça para baixo. O governo dos EUA se recusou a investigar alegações plausíveis de tortura e outros crimes de direito internacional, apesar das evidências esmagadoras”. 

Para Widney, o governo norte-americano decidiu processar Manning, que estava tentando fazer a coisa certa ao revelar provas plausíveis de seu comportamento ilegal. “Você investiga e processa aqueles que destroem a credibilidade do governo por envolvimento em atos, como a tortura, que são proibidos pela Constituição dos EUA e pelo direito internacional”.

Segundo a diretora da Anistia Internacional, a acusação de “ajuda ao inimigo” era muito séria, até porque não havia nenhuma evidência crível da intenção de Manning de prejudicar os EUA ao divulgar informações confidenciais para o WikiLeaks. Para Widney, “desde os ataques de 11 de setembro, temos visto o governo dos EUA usar a questão da segurança nacional para defender toda uma gama de ações ilegais. É difícil não chegar à conclusão de que o julgamento de Manning era o envio de uma mensagem. O governo dos EUA irá atrás de você, sem rodeios, se você está pensando em revelar evidências de seu [do governo] comportamento ilícito”.

A corte marcial considerou Manning culpado, na terça-feira (30), de uma série de acusações, incluindo dez encargos relacionados ao mau uso das informações secretas, sobre as quais ele já havia se declarado culpado. A Anistia Internacional insistiu que qualquer pena imposta aos demais encargos devem levar em conta as informações relativas à crença de que ele estava expondo graves violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário.

Para a entidade, o governo dos EUA é seletivo sobre quem escolhe para investigar e processar, e isso é particularmente verdadeiro quando parece ter a intenção de punir aqueles que revelam o seu comportamento ilegal e proteger aqueles que estão realmente envolvidos ou ordenaram esse tipo de ação.

As centenas de milhares de documentos que Manning entregou para o WikiLeaks inclui vídeos e dossiês que apontavam possíveis violações de direitos humanos – incluindo as do direito internacional humanitário – por tropas norte-americanas no exterior e da CIA, nos EUA. No início deste mês, a Anistia descreveu a decisão do juiz de não retirar a acusação de “ajudar o inimigo” como ridícula e como uma decisão que “faz uma paródia do sistema judicial militar dos EUA”.

Com informações da Anistia Internacional

Redação

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