As delações premiadas na investigação do cartel do Metrô

Do Estadão

Delações ajudam PF a investigar cartel dos trens

FAUSTO MACEDO – Agência Estado
 
A Polícia Federal está incentivando os investigados no caso do cartel dos trens a fazerem acordo de delação premiada – em troca de eventual redução de pena e outros benefícios, eles se tornam “investigados colaboradores” e revelam o que sabem dos acertos entre empresas do setor metroferroviário em contratações feitas durante os governos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB, entre 1998 e 2008.
 
A estratégia tem dado certo. Ela tem respaldo na Lei 12.850, de agosto passado, que define organização criminosa, dispõe sobre os meios de obtenção da prova e autoriza expressamente todo delegado de polícia, nos autos do inquérito, a requerer ou representar ao juiz pela concessão do perdão judicial ao colaborador. Dois executivos de multinacionais já aceitaram os termos da proposta, homologada pela Justiça Federal.
 
A PF mantém sob rigoroso sigilo a identidade dos colaboradores e, adotando outras modernas técnicas de investigação, avança rapidamente no intrincado caminho para descobrir todos os reais beneficiários de suposto esquema de licitações forjadas e corrupção.

 
Um investigado “confirmou a existência do cartel entre as empresas participantes das licitações relacionadas ao Metrô de São Paulo”. Ele informou que “o representante de uma dessas empresas deixou clara a necessidade do pagamento de propinas para a consecução do projeto”. Expôs que a Procint Consultoria e a Constech Consultoria “seriam utilizadas apenas para viabilizar repasses de valores de propina ao cliente”.
 
Consultoria
 
Ao pedir o bloqueio de bens de uma célula da organização criminosa que acredita ter feito parte do cartel em contratos com a CPTM, a PF anexou o relato de um colaborador, segundo o qual “representantes da Alstom e da Mitsui disseram quanto sua empresa deveria pagar a título de propina disfarçada de ?consultoria?”. Ele afirmou que “nenhum serviço de consultoria foi prestado pela Procint e Constech”.
 
A Procint pertence ao engenheiro Arthur Teixeira, de quem a Justiça confiscou R$ 9,7 milhões. Ele teria repassado pelo menos US$ 200 mil para uma conta em Zurique, de titularidade do ex-diretor de Operações da CPTM João Roberto Zaniboni – ele atuou nos governos Covas e Alckmin.
 
Outro colaborador foi taxativo ao jogar luz nos bastidores do projeto Linha 5 Lilás do Metrô – trecho no extremo sul da capital (Capão Redondo/Largo 13) -, executado pelo Consórcio Sistrem, integrado por multinacionais como Alstom, Siemens, CAF e Bombardier.
 
O depoimento do executivo é dividido em 12 tópicos que a PF considera reveladores. Ele contou que sua empresa firmou contratos de consultoria com a Procint, a Constech, a Leraway e a Gantown relativos à licitação da Linha Lilás – 9% dos valores recebidos pela empresa deveriam ser pagos a título de consultoria, sendo 3% para a Gantown, 5% para a Leraway, 0,5% para a Constech e 0,5% para a Procint.
 
“Os pagamentos das comissões eram condicionados ao recebimento dos pagamentos por parte da CPTM”, relatou. Ele disse que “ouviu dizer que os valores dessas comissões eram destinados a funcionários públicos”. “Um funcionário de outra empresa e um assessor da Presidência da CPTM confirmaram essa informação.”
 
O executivo acusa Teixeira de o “confrontar” porque ele teria questionado uma assessora da presidência da CPTM sobre o valor da comissão. Ele afirmou que as firmas de consultoria “eram colocadas como muralhas entre as interessadas na licitação e a CPTM, de forma que somente a Procint e a Constech é que organizavam os projetos voltados ao cartel e fraude à licitação a pedido das empresas estatais de transporte”.
Redação

6 Comentários

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  1. Quem duvida que o STF nao vai

    Quem duvida que o STF nao vai acatar denúncias porque são de delação premiada e podem ser viciadas, toca aqui o/  o/ o/ o/ o/ o/ 

  2. E a imprensa segue chamando a

    E a imprensa segue chamando a “roubalheira tucana no Metrô” de cartel. Ao invez de reportar fatos, os jornalistas estão a produzir péssima literatura laudatória dos ladrões. 

     

  3. “A estratégia tem dado certo.

    “A estratégia tem dado certo. Ela tem respaldo na Lei 12.850, de agosto passado, que define organização criminosa, dispõe sobre os meios de obtenção da prova e autoriza expressamente todo delegado de polícia, nos autos do inquérito, a requerer ou representar ao juiz pela concessão do perdão judicial ao colaborador. Dois executivos de multinacionais já aceitaram os termos da proposta, homologada pela Justiça Federal”:

    Nao foi essa lei cujo texto apareceu aqui ha menos de dois meses, e eu nao disse que bastava bater o olho nela pra se ver que ela eh toda a respeito de delacao premiada PARA RICOS?

    Notem quem ja aceitou os termos de proposta:  dois executivos CENTRAIS ao esquema.

  4. uma coisa leva a outra….
    demo tucanalhas, através de seus cúmplices no judiciário, decretaram a prisão dos petistas da AP470, mesmo antes do julgamento dos recursos,… é uma forma de pressão contra as investigações do cartel do Metrô e do escândalo do ISS na gestão Serra/Haddad…   o PT não deve se intimidar e tem de redobrar os esforços  na apuração dessa roubalheira… 

  5. Um conhecido do PT

    Logo logo aparecerá na “Foia” (o Estadão está comatoso e a Veja ainda no Camarote) que um conhecido do primo do irmão do cunhado de um Vereador do PT recebia uma mesada para que, na eventual vitória de Padilha ao Governo de SP, fosse incluído em cargo sde direção. E aí o PT, de Padilha, de Lula, de Dilma, e de quem mais seja, será o responsálvel pelo “trensalão”.

    Estampará a “Foia” uma foto de Agnelo – o Governador – relativo ao trem do Metro de Brasília, e uma de Jaques Wagner – o Governador – em alusão ao Metrô de Salvador (que nunca sai do papel, é verdade, mas já deve ter trem). Eles sabiam.

    Virá o Cesar Tralli num vazamento exclusivo com a declaração do delator premiado que tem a “possibilidade” de provar que entregava o dinheiro na garagem, jogava o pacote dentro do carro do Governador(es). Talvez no subsolo do Ministério dos Esportes (como no caso do Ministro Orlando Silva, daquele ex-PM delator dos panetones de Arruda)

    (E o Arruda, será preso? E os outros Carecas, hein?).

     E a “Foia” repercutirá a cerca da “possibilidade” de prova numa matéria contundente, no dia seguinte, entre anúncios da Alstom e da Siemens, da Tejofran e da Mitsui, etc. no seu Caderno Poder.

    O mesmo filme.

  6. O crime avalizado pela velha e carcomida imprensa brasileira

     

    Esse tenebroso episódio tem sido revelador de como a velha e carcomida imprensa brasileira – a Folha a frente – está envolvida até a cutícula com a roubalheira dos tucanos em São Paulo. 

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