Dodge: rápida e implacável com Favreto, omissa com a República de Curitiba

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Raquel Dodge já representou contra o desembargador que concedeu liberdade a Lula em duas frentes. Numa delas, no Conselho Nacional de Justiça, pede a pena máxima para Rogério Favreto: a aposentadoria compulsória. Enquanto isso, as denúncias sobre a polêmica indústria da delação premiada repousam na mesa da comandante do Ministério Público Federal. Dodge notabiliza o uso de dois pesos e duas medidas quando o assunto é Lula e os abusos da República de Curitiba.
 
Até o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, já cobrou publicamente a procuradora-geral sobre uma investigação contra os procuradores de Curitiba, pela suspeita de que eles escolhem os advogados com quem fecham acordos de colaboração. 
 
Gilmar lembrou e citou nominalmente o caso do procurador Diogo Castor de Mattos, cujo irmão advogado, Rodrigo Castor de Mattos, atuou na defesa do marqueteiro João Santana. O que Dodge já fez a respeito? À época das declarações de Gilmar, a grande mídia divulgou que petistas estudariam representar contra a PGR por prevaricação – o mesmo crime que agora ela imputa a Favreto.
 
A indústria da delação premiada na Lava Jato já foi objeto de reportagens especiais no GGN em parceria com o Diário do Centro do Mundo, e vem há muitos meses ocupando espaço em vários jornais.
 
Recentemente revelou-se, por exemplo, que uma das maiores bancadas de advocacia do País supostamente teria vendido “proteção” a doleiros. Fica a dúvida: teve algum membro do Ministério Público ou do Judiciário participação em esquema do gênero? Essa delação será apurada ou não interessa a Dodge mexer nesse vespeiro?
 
Foi no Superior Tribunal de Justiça que Dodge pediu uma investigação criminal contra Favreto por prevaricação. A notícia sobre a representação saiu menos de uma semana após o plantonista travar (e perder) uma guerra jurídica em torno do habeas corpus de Lula.
 
Enquanto é rápida e implacável com Favreto, Dodge é lenta e omissa em relação à República de Curitiba. 
 
A reclamação pública de Gilmar, endereçada a Dodge, ocorreu em abril deste ano. No mesmo dia, o ministro também narrou a história de outro advogado que foi praticamente expulso da banca de Antonio Palocci por causa do suposto esquema em Curitiba. 
 
Gilmar também cobrou posição contra Marcelo Miller, ex-procurador da República, ex-braço direito de Rodrigo Janot, que somente agora foi denunciado à Justiça por causa de sua participação no acordo de colaboração de empresários da J&F.
 
Por que Dodge não foi ao Conselho Nacional de Justiça pedir uma investigação quando Sergio Moro saiu em defesa de Carlos Zucolotto, acusado pelo advogado Rodrigo Tacla Duran de cobrar propina de 5 milhões de dólares para melhorar um acordo de delação que estava sendo negociado com os procuradores liderados por Deltan Dallagnol? 
 
Por que não pediu investigação ao Conselho Nacional do Ministério Público contra os procuradores que participaram das negociações fracassadas com Duran – que, aliás, já apresentou indícios de que o Ministério Público no Paraná, de fato, ofereceu um acordo no molde prometido por Zucolotto. 
 
Indícios só servem aos procuradores quando é Lula quem está no banco dos réus? Investigações só são solicitadas quando o magistrado foi favorável ao ex-presidente, à revelia ou mascarando os fundamentos de sua atuação?
 
Leia mais aqui: O dia em que Gilmar Mendes repercutiu a indústria da delação premiada
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

17 Comentários

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  1. Barrabas pratica crimes mas Cristo êh quem paga o pato

     Alguém esperava que a Poncia Pilatas fosse poupar Jesus Cristo e entregar Barrabas?

  2. Suspeita de traição ?

    O jurista Fábio Konder Comparato afirmou que “Moro é um agente do EUA”.

    Se Raquel Dodge (que sobrenome curioso) silencia sobre Moro, então podemos perguntar: Raquel Dodge participa do mesmo esquema de Moro ?

    1. Sim. Participa faz tempo. Tem

      Sim. Participa faz tempo. Tem compromissos tanto com o entreguismo representado pelo juiz de Moro quanto com o “clube dos top” no Direito, os que não querem largar o osso do poder elitizado nem a pau, que crêem que democracia é apenas um argumento de venda que a elite usa contra o que chamam de “as massas”. Em sua capivara tem até passagem por escola estadunidense…

      Veja a quem essa senhora protege e a quem ataca, “aos inimigos, a lei”.

  3. PGR de lista…
    Não parece razoável supor que a atual PGR tenha tido, na essência, diferencas de outros “de listas” nonque se refere a ações e omissões. Ademais, não entendo, não se justifica a comparação entre fortes indícios de procuradores, delegados e até de juízes por má conduta, talvez criminosas, com o caso do desembargador. O juiz desembargador de plantão agiu dentro da lei, da tradição juridico democrática. Desde as camisetas do PT, passando por compra de segundo mandato presidencial, abafamentos de investigações como Banestado, Satiagraha, grampo sem áudio, dossie Vedoim, o escracho da AP 470, apontava para um final ou um começo. Quem representa contra essa gente tão poderosa numa democracia? O Senado Federal tem constitucionalmente poder para tanto. É simples assim. Se a urna não se fz presente, quem o fará?

  4. Na pior das hipóteses

    Na pior das hipóteses Favretto cumpriu a Constituição Federal: prisão só após tranzito em julgado.

    Art. 5, inciso LVII da Constituição Federal;

    “Ninguém será considerado culpado até trânsito em julgado de sentença penal condenatória”

  5. Tem feito o serviço esperando dessa banca

    Se não tivéssemos essa imprensa de m… essa pantomima escancarada não seria possivel. E nos que tentamos dar um crédito à essa senhora quando de sua indicação à frente da PGR por Temer. Lembrando que ela ficou em segundo lugar na eleição interna da procuradoria geral da Republica.  

  6. O aparato do Estado foi
    O aparato do Estado foi tomado ostensivamente contra povo a partir do vertice. A decisão de depor uma presidente eleita nao foi nada gratuita nem fortuita.

    O que existir de funcionarios “fora linha” são logo vistos como “amantes de negros e pobres” e truculentamente enquadrados como “petistas”, “esquerdopatas”.

    Já era, tá dominado, precisam continuar acreditando que os privilegios que têm sao derivados somente do proprio esforço e talento. Nada pode ameaçar isso. Até deus é invocado pra reforçar isso. Estas coisas estao articuladas.

    E preciso entender que pra essa turma se trata de uma luta do bem contra o mal, se não…

  7. Ela dorme com a CIA.

    Ao acordar pela manhã, queriam o que? Que se tornasse pessoa justa, correta, democrática, defensora das leis, dos fracos, dos oprimidos e não fosse entreguista?

    Danou-se. Burro não se encosta em vaca, dizia uma velhinha que conheci. Em um casal não tem a metade boa e a metade ruim. Se estão juntos, estão na mesma vibe. PGR necessita de uma letra a mais na sigla: PGRB – Procuradoria Geral da República do Brasil. EUA não precisa de procurador geral aqui, mas o Brasil precisa!

  8. Lula livre
    Só o PT acreditava no Republicanismo barato. Temer escolheu PGR de sua confiança, assim como o fez FHC.
    Acho que na próxima vez que o PT ocupar a Presidência não cometerá os mesmos erros.
    Dilma e Zé Cardozo ajudaram o Golpe a ser desferido. Ela, talvez por ingenuidade, ele, por dolo.
    #HaddadNoGovernoLulaNoPoder

  9. Isso vale pra Raquel DOJ,
    Isso vale pra Raquel DOJ, Carmem Lucia e cia….

    VAI MALANDRA

    Laurita Vaz soltou vårios presos, dentre eles assassinos, traficantes e estupradores, jå tendo participado de campanha de desencarceramento e ė a favor de regime aberto e semi aberto para réus, em especial para réus primários……tudo bem, sou a favor do desencarceramento….mas no entendimento da malandra, dar direito liquido e certo a Lula, o suposto “criminoso do triplex”, gera “insegurança juridica”….o problema é que o STJ juntamente com STF, TCU, Globo, DOJ, Legislativo, MPF e Executivo formam um só bolo fecal e, para eles, Lula, preso do Impėrio, ė inimigo e não cidadão: objetificado, aplique-se ao réu o Direito Penal do Inimigo: a Shell e os EUA agradecem…

    https://www.conjur.com.br/2017-jan-11/reu-primario-condenado-trafico-cumprir-pena-regime-aberto

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