Janot diz que entrega um Ministério Público com “mais prestígio no Brasil e no exterior”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
 
Jornal GGN – Rodrigo Janot escreveu em carta de despedida aos servidores da Procuradoria Geral da República que deixa o comando da instituição com a certeza de que o Ministério Público Federal hoje tem “mais prestígio no Brasil e no exterior”.
 
“Ao fim desses dois mandatos que me foram outorgados pelos meus pares, entrego-lhes um Ministério Público diferente do que o que recebi dos meus antecessores. Trabalhamos intensamente para melhorias. Temos mais estruturas institucionais, mais membros, mais servidores, mais atribuições, mais prestígio no Brasil e no exterior”, afirmou.
 
Na carta, Janot fez um discurso político, colocando o Ministério Público Federal como um instrumento para resgatar o país dos corruptos. “O Brasil é nosso! Precisamos acreditar nessa ideia e trabalhar incessantemente para retomar os rumos deste país, colocando-o a serviço de todos os brasileiros, e não apenas da parcela de larápios egoístas e escroques ousados que, infelizmente, ainda ocupam vistosos cargos em nossa República”, disse.
 
O ex-PGR ainda disse que “nas minhas decisões, nunca levei em conta conveniências pessoais ou conforto transitório. Devo ter errado mais do que imagino, mas de uma coisa me orgulho profundamente: nunca falhei por omissão, por covardia ou por acomodação. Fiz o que me pareceu certo fazer. A história dirá a medida desses acertos e erros no tempo próprio.”
 
Ao final, ele desejou sorte à nova procuradora-geral Raquel Dodge e diz que voltará ao cargo de subprocurador-Geral perante o Superior Tribunald e Justiça. “De meu posto, ainda como sentinela, seguirei a promover a agenda anticorrupção. Este não foi o mote do meu mandato. É mote do meu País.”
 
Leia, abaixo, a carta completa.
 
Colegas servidores e servidoras,
 
“Há algo de podre no Reino da Dinamarca” é uma das frases célebres em Hamlet. Segundo Amanda Mabillard, profunda conhecedora da obra de Shakespeare, a Dinamarca apodrecia com a corrupção moral e política. Poderia ser o Brasil deste século.
 
Há duzentos anos, os dragões da Independência, que formam o 1º Regimento de Cavalaria de Guardas, são protetores de símbolos e princípios. São sentinelas da democracia. Foi um alferes deste regimento que entregou ao Marechal Deodoro o cavalo baio 6, que ele montava ao extinguir o Império e proclamar a República. Os dragões guarnecem as instalações da Presidência da República e não podem descansar durante sua guarda.
 
O Ministério Público tampouco pode esmorecer, enquanto a Constituição lhe cobra serviço; é também um guardião da República.
 
Este 17 de setembro marca o fim de uma sentinela de quatro anos. Hoje encerra-se oficialmente meu mandato à frente da Procuradoria-Geral da República. Tenho pouco a acrescentar a tudo que já foi dito ao longo dessa jornada.
 
Estivemos todos alertas, pelo Brasil, por suas leis e por sua Constituição. Ao fim desses dois mandatos que me foram outorgados pelos meus pares, entrego-lhes um Ministério Público diferente do que o que recebi dos meus antecessores. Trabalhamos intensamente para melhorias.
 
Temos mais estruturas institucionais, mais membros, mais servidores, mais atribuições, mais prestígio no Brasil e no exterior. Tais avanços estão retratados nos vários relatórios de gestão publicados pelas diversas secretarias e assessorias da PGR nos últimos dias.
 
Resta-me tão-somente agradecer a todos vocês que, de variadas formas, ajudaram-me a chegar aqui. Os críticos alertaram-me dos perigos e ajudaram-me a desviar do abismo da soberba; os incentivadores lançaram luz na estrada e aplainaram caminhos, tornando a jornada mais leve e suave.
 
Foram quatro anos intensos. Abracei o projeto de chefiar essa instituição não pelo simples propósito de coroar minha carreira de 33 anos como membro do Ministério Público, mas principalmente pela certeza de que poderia e deveria colocar minha experiência a serviço do País. Construí, com um grupo de colegas, o projeto que foi submetido, em 2013, ao crivo da lista tríplice. Os membros do MPF confiaram em mim e nas ideias de inovação que minhas propostas representavam. Fui então o primeiro da lista tríplice.
 
Hoje, olhando para trás, percebo o quanto mudamos nesses quatro anos de caminhada. Eu mesmo quase não me reconheço. Cheguei carregado de certezas e saio imerso em dúvidas. Estou certo apenas de que dei o melhor de mim, chegando muito além de onde achava que minhas forças permitiriam. Nas minhas decisões, nunca levei em conta conveniências pessoais ou conforto transitório. Devo ter errado mais do que imagino, mas de uma coisa me orgulho profundamente: nunca falhei por omissão, por covardia ou por acomodação. Fiz o que me pareceu certo fazer. A história dirá a medida desses acertos e erros no
tempo próprio.
 
Espero que a semente plantada germine, frutifique e que esse trabalho coletivo de combate à corrupção sirva como inspiração para a atual e futuras gerações de brasileiros honrados e honestos. O Brasil é nosso! Precisamos acreditar nessa ideia e trabalhar incessantemente para retomar os rumos deste país, colocando-o a serviço de todos os brasileiros, e não apenas da parcela de larápios egoístas e escroques ousados que, infelizmente, ainda ocupam vistosos cargos em nossa República.
 
Agradeço profundamente a todos os membros e servidores de minha equipe, que ofereceram meses e anos de suas vidas, às vezes com sacrifícios pessoais e financeiros, para dedicar-se a uma penosa missão republicana. Todos vocês, meus colegas, fizeram menos pesado o meu fardo. A solidão da cadeira de PGR foi menor graças à dedicação de tantas pessoas que seria impossível nominar, entre servidores da casa e contratados, terceirizados, estagiários, membros da ativa e aposentados, deste ministério público e de outros ramos.
 
Meu tributo de infinita gratidão a todos vocês. Hoje eu passo – como de resto todos nós passaremos –, mas o Ministério Público deve seguir altaneiro e intimorato singrando mares tormentosos, em todo o País, meus colegas, sem nunca perder a esperança e a proa do seu destino. Sinto que ainda estamos longe do nosso ideal, mas tenho convicção de que deixo o leme dessa nave em ponto mais próximo do porto seguro do que quando o assumi há um quadriênio.
 
O MPF de 2017 é diferente do MPF de 2013. Mas o norte e os desafios são os mesmos: a luta pelo Direito e pela Justiça, de forma incansável, de olhos abertos e prontidão constante. Por motivos protocolares, não poderei transmitir o cargo a minha sucessora, mas desejo-lhe sorte e sobretudo energia para os anos que virão. Que a nova PGR encontre alegria mesmo diante das adversidades e que seja firme frente aos desafios. De meu ofício de Subprocurador-Geral perante o STJ estarei torcendo pelo sucesso da gestão 2017-2019, pois o êxito da colega Raquel Dodge será a vitória de todos nós.
 
De meu posto, ainda como sentinela, seguirei a promover a agenda anticorrupção. Este não foi o mote do meu mandato. É mote do meu País.
 
Forte abraço!”
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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  1. Parvo, ignóbil, néscio,

    Parvo, ignóbil, néscio, provinciano, deslumbrado, vendilhão. Passaria horas adjetivando tal figura. 

  2. Que prestígio o asshole está

    Que prestígio o asshole está comemorando? A comunidade internacional sorrindo diante das câmeras enquanto dá altas gargalhadas nos bastidores quando comentam as imbecilidades cometidas por Janot? E ninguém duvida por um segundo da incompetência e da falta de caráter desse sujeito mesmo quando sorriem e apertam a mão dele em público.

  3. Ilusão é teu nome…

    Tal como o moro…

    Que exalta ter grampeado e ter dado publicidade a grampo de um presidente mundo a fora!

    Nos EUA ele seria condenado!

    É um tolo…

    O valor que ele acredita ter vem do lucro que eles dão a outros países!

    Do jeito que ele fala parece que nos tornamos o lugar numero 1 para investidores!

    A terra prometida!

    Livre de corrupção e com escolas sem partido…

    Obras de arte já são cobertas em museus, por atentado violento ao pudor!

    E tem gente que acredita que a economia vai recuperar…

    Dificilmente o brasil se recupera desta – e o pior, perdemos décadas de nacionalismo!

    Um atentado violento contra nosso nacionalismo!

    Cresceremos apenas se nos tornarmos país TERCEIRIZADO!

    E ai para quê forças armadas, judiciário e políticos?

    Ter exército para defender terras de estrangeiros, empresas de estrangeiros, pré-sal de estrangeiros?

    Não vejo porta aberta!

    A globo, o itaú, a ambev pagariam por seus desvarios golpistas?

    A raquel dodge prenderia algum deles?

    Estariam dispostos a devolver bilhões que deixaram de pagar em impostos, multas ou que ganharam ou ganharão em privatizações fraudulentas?

    A nossa ingenuidade tem que entender que eles estão avançando sobre bilhões que pertencem ao povo e se alguém acha que eles vão devolver de boa vontade – esqueça…

     

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