Janot e as jaboticabas, por Mauro Santayanna

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Mauro Santayanna

Janot e as jaboticabas

O Procurador Rodrigo Janot, festejando, ontem [11/11/2016], a decisão da Suprema Corte de permitir a prisão de réus já a partir da condenação em segunda instância, citou a Inglaterra, a França os EUA e a Alemanha para explicar que a possibilidade de recorrer várias vezes – como as jaboticabas – só existe, ou existia, no Brasil.

Seria interessante que alguém lembrasse ao nobre Procurador Geral que não dá para misturar alhos com bugalhos, e comparar a situação e os direitos de presos brasileiros aos de detentos desses países ou o nosso admirável sistema jurídico e penal ao deles.

Em sua particular aula de botânica política, o Senhor Janot se esqueceu de citar outras “jaboticabas”, de amargo sabor, destes nossos trópicos, das quais, para sua sorte e dignidade,  estão livres os indivíduos que cumprem penas de prisão nas nações  desenvolvidas que citou.

A possibilidade, extremamente alta, de detenção, por meses, anos, sem julgamento ou assistência jutídica, é tipicamente tupiniquim.

O risco de morte ou de agressão, por parte de outros presos ou de agentes do Estado, durante o cumprimento da sentença é, também,  tão brasileiro quanto a peteca ou o acarajé, no país que carrega a duvidosa honra de ser aquele em que mais se mata, em números absolutos, em todo o mundo.

E, por último, mas não menos importantes, ao lado de pérolas requintadas como a quase que absoluta ausência de perspectiva de trabalho ou de educação; a proibição prática do acesso a jornais e revistas; e as humilhantes revistas a que são submetidas as famílias dos presos, nos dias de visita, há também as animalescas condições das celas brasileiras – até recentemente havia, por exemplo, presos guardados em conteiners, dentro de galpões –  como a superlotação, que também são  “jaboticabas” que só crescem por aqui, nesta terra de palmeiras onde canta o sabiá.

Em condições assim, como lembramos há pouco em artigo recente, o cidadão tem todo o direito, ao menos moral – a partir de agora – de tentar postergar ao máximo uma prisão, que, na maioria das vezes, no Brasil, envolve muito mais penas e riscos do que a mera restrição de liberdade.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. Janot é o que é. Não tem

    Janot é o que é. Não tem verniz. Não é diabólico porquê não é religioso, como se o Diabo o fosse. Não é tucano, porquê é apartidário, mas engaveta todas do Aécio. Bate em Chico, porquê não gosta de Francisco. Ama o Brasil dedodurando maus brasileiros à Justiça americana.

    Afinal, que diabo é Janot? Candidato a Regente da Capitania do Pau-Brasil?

  2. Afinal, que diabo é Janot?

    Resposta:

     

    -que ou a pessoa que finge ter determinados princípios, ideias, opiniões ou sentimentos

    -que age com sarcasmo e hipocrisia; sarcástico

    -que revela falta de escrúpulos; traiçoeiro

    –   que exibe comportamento,velhaco, mal-intencionado

    -que demonstra crueldade; feroz

    -que tem prazer em fazer mal

    -que é desumano, implacável

    Pode ser uma ou mais do que uma das alternativas acima, ou também pode ser todas.

     

                

     

  3. Estamos há 9 anos esperando

    Estamos há 9 anos esperando que o assassino que atropelou minha irmã em uma faixa de pedestre aqui em Brasília seja preso. Ele estava a 120 km, embriagado, foi considerado homicídio doloso, foi julgado na primeira e segunda instância é considerado culpado, agora recorreu ao STJ. Muito fácil para o autor considerar uma jabuticaba, porque não é ele e sua família que há anos esperam justiça.

  4. estava repleto de razão quem disse que criaram um monstro…

    criaram ao mesmo tempo uma santa com futuro e uma puta com passado

    como o tempo tudo confirma, tempo ao tempo, aguardemos

    1. realmente impressionante…

      deixar crimes de lado para criar escândalo político

      o que criaram afinal, se muda tanto de governo para governo?

      outra mídia? porque, pelo que sei, escândalo político sempre foi matéria prima da mídia

       

  5. Pupilos rastejantes dos púlpitos mais rastejantes ainda!

    A elite burocrática brasileira é demasiadamente bizarra, está armada de um arsenal de prerrogativas para combater o crime e parece empenhada em usá-las, teatralmente, como uma escada para seus projetos pessoais e de casta; sendo que, algumas vezes, articulada com o que deveria combater! Pelo fundamentado nas defesas de Lula e da democracia, parece pusilânime o tratamento com que o MP e Supremo arbitram os desmandos constitucionais da Lava-Jato, acompanhado de perto pelo TSE. Constatamos tantas omissões, comissões e protelações que sou obrigado a deduzir termos uma elite judicial crédula na própria capacidade de judicar as situações em que as Leis da Lógica, do bom senso, da Física e da Probabilidade deverão vir ao caso. Agora, devem estar a lamentar-se que uma dessas leis estabeleça a fuga da informação de seus controles sem ela precisar de vazadores profissionais com carteira funcional prostituídos; de raríssimos heróis planetários, como o realmente cidadão norte americano Snowden (e este não é o último moicano por lá!); ou, de algum ministro que destoe do padrão que incomodou a ONU, como parece ser o Herman Benjamin, o que relata sobre o cheque dado ao Temer e “espetado” na conta do PT pelo empreiteiro Otávio, coagido na Lava-Jato. Não adianta: a verdade aparecerá; seja pelos motivos bíblicos de Lucas 12:2, ou Marcos 4:22; ou, seja pela lei da Entropia, que desconcentra a informação da mesma forma que a energia, conforme a constatação pela Bell Labs ao estudar os ruídos da comunicação e com o agravante de que essa informação acabará por alcançar um público de esquerda, alavancado nesses tempos de Internet, o qual guarnecerá as trincheiras da democracia com o coração de estudante, visto nas heroicas ocupações de nossas escolas que já anda  apavorando os propositores da “Escola sem Partido”. Até minha avó (da Galícia, discriminada como burra pelos numerosos “pseudo ingleses” entre os argentinos com perfil de eleitores do Macri) intuía esse efeito entrópico e estatístico de Esperança Matemática que expõe o escondido quando a galega ponderava que “tantas vezes vai o cachorro ao moinho que, lá, acaba deixando o focinho”. Os fatos já vazados fora do controle dos “patrões” da informação e os que ainda o serão pela Mãe Natureza remetem-nos à pergunta: até onde irá a destruição do que de melhor, inteligente e generoso existe na sociedade (nossos ativistas sociais de esquerda); quais serão as consequências e quanto tempo mais funcionará a lavagem cerebral midiática que, desde os púlpitos eletrônicos viabiliza a preleção dos fariseus “globalitários TTT” (de togas, tailleurs e ternos), os quais se esmeram no convencimento da massa “PPP” (pretos, pobres e putas), cretinizada pela baixa autoestima, de que ela não tem porque não merece: escola, saúde, educação, moradia, transporte, segurança, seguridade social, direito à autoimagem positiva, justiça, cultura, lazer, trabalho, informação jornalística e política ao pregarem, do púlpito patrocinado pelo crime; naturalizando a ideia que o futuro só ao deus mercado pertence? Ao fim e ao cabo, não adiantará o Janot e assemelhados terem 13 projéteis “hollow point” nas suas pistolas “ponto 45”, pois tanta “marra” por parte deles só tornará dramaticíssima a tragédia em que nos meteram, devido aos desdobramentos- fogo amigo e danos colaterais-  da Lava-Jato, mas que deveria chamar-se “Delenda Esquerda”.

  6. O JANOT virou JABOT

    Jabot vem de Jabot icaba.

    Os Juizes levam Jabot (em frances), é o babador branco da Toga.

    O Jabot  é um babador ( “bavette”).

    Limpa sua boca antes de falar, Jabot!

  7. Jano(t)icabas

    Já que antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória a pessoa é considerada culpada, porque o Janot não entra com uma ação direta de inconstitucionalidade pedindo ao $TF que declara a inconstitucionalidade da constituição?

  8. Será que esqueceram dos esquemas do aecio ?

    Já faz uns 6 meses que pediram investigação de 90 dias do aecio, será que esqueceram ou a investigação caiu em algum fichário errado, foi para baixo do tapete ou alguma gaveta emperrou no mp ? Escolha ou faça uma alternativa para explicar situação tão brasileira.

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