O Barão de Munchausen e o hacker de Araraquara, por Luís Nassif

Sendo hacker ou hakey, é muito mais inteligente que Sérgio Moro. O que, convenhamos, não chega a ser uma grande vantagem.

O depoimento do hacker de Araraquara – ou “hakey” no dialeto morista – merece ser melhor sopesado. Quem leu as aventuras do Barão de Munchausen ou assistiu o filme “Forrest Gump”, sabe do que estou falando. 

O que dá para acreditar:

  • Que Delgatti foi procurado pela deputada Zambelli..
  • Que foi pago para ajudar a desmoralizar as urnas eletrônicas.
  • Que foi levado ao encontro do ex-presidente Jair Bolsonaro.
  • Que o encaminhou ao Ministério da Defesa.

A partir daí, o Barão de Munchausen é pinto. A história contada por ele está à altura de Munchausen, Don Quixote e outros clássicos do gênero.

Segundo ele, não tinha autorização para penetrar na sala em que estava o sistema das urnas. E o sistema não tinha nenhuma ligação com a Internet.

Então, os— técnicos da Defesa entravam, olhavam aquele emaranhado de códigos, memorizavam uma parte, voltavam e contavam para Delgatti. Aí voltavam, olhavam de novo, memorizavam outra parte e contavam para ele. Que ia memorizando tudo e descobrindo as brechas,

Segundo ele, seu conhecimento decorria de sua ignorância. Como os técnicos da Defesa fizeram cursos de tecnologia, só conheciam o que estava certo. Como ele não fez, sabia identificar o que estava errado.

Por isso, a única lição do seu depoimento é que, sendo hacker ou hakey, é muito mais inteligente que Sérgio Moro. O que, convenhamos, não chega a ser uma grande vantagem.

Luis Nassif

7 Comentários

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  1. Não é por nada, não, mas desde 2013 a história desse país triste está sendo escrita por gente desse calibre. Esse Delgatti é melhorzinho que o Moro? Sim, sem dúvida, até o Pedro Bó é. Comédia pastelão, elenco medíocre. E por uma fração mínima, esse espetáculo poderia ter continuado em cartaz, em 2022. Sempre tem gente (muita gente) disposta a deixar seus caraminguás na bilheteria pra ver excrescências como são os governos neoliberais. Mas o que estamos descobrindo (sic) agora é que era um governo de gangsters, de bandidinhos pés-de-chinelo, burros como os Três Patetas, incapazes de raciocinar minimamente para não serem pegos. “I told you, don’t get caught”, diria o Steven Seagal, filósofo preferido dessa gente – não, não é o Olavo. Eu te disse, não deixe rastro. E antes que algum fã desses inocentes trapalhões e do porradeiro do cinema reclame da comparação, eu me adianto: perdão. Mas é que não consigo comparar essa gente com outra coisa. Até porque mesmo em comédias pastelão os maus são punidos, o que, desconfio eu, não será o caso desses comediantes depravados que entraram na barca do impeachment, e depois na barca do mentecapto do Vivendas da Barra. O Leandro Karnal certa vez postou uma foto com Sérgio Moro (posteriormente deletada) com a legenda: “É sempre bom jantar com pessoas inteligentes”. Até hoje, que eu saiba, ele não conseguiu mencionar uma coisa inteligente sequer que tenha ouvido ao seu ilustre conviva. O que, em se tratando de Leandro Karnal, deve ter algum significado. Da última vez, os verdadeiros manipuladores (o Binômio Bancos/Corporações) desses atores medíocres e descerebrados toleraram sensatez e políticas públicas no Planalto por três mandatos e umas quireras. E dessa vez? Como diriam Raul Seixas e Paulo Coelho, “Hey Lula, vê se não vai ao planalto, já sabem do teu plano para distribuir renda”. Perdão pela falta de rima, não sou poeta. Sei que, se na Argentina o idiota (não por acaso, nascido no Brasil) contratado para matar Cristina Kirchner só não o fez porque não sabia destravar uma arma, no Equador estão contratando profissionais. Malucos não faltam nesse mundo. Sicários também.

  2. O cenário de ópera bufa é completado pelo tenente-coronel que vendia joias porque estava cumprindo ordens do ex-presidente, como se o ex-presidente pudesse ser o comandante em chefe do Batalhão de Muambeiros do Exército brasileiro. Esse hacker de Araraquara certamente aprendeu a contar histórias espetaculares e do “arco da velha” com os militares, Nassif.

  3. Minha opinião sofre o fonte é tão isenta que sequer o vi para não sofrer influência.

    Mas soube que eles usam muito “if” o que mostra dúvida.

  4. Delgatti, o Mitômano. Em agosto de 2022, há 1 ano, o hacker de Araraquara desabou em Brasília, a bordo da pistoleira espanhola. Na época, em uma publicação aqui no GGN, publiquei o comentário que vai abaixo. Na ocasião, o cientista político Cláudio Couto, do canal no You Tube Fora da Política não há salvação, publicou no Twitter, ipsis litteris: ” O hacker de Araraquara é tão hacker quanto o ET de Varginha é ET”. A seguir, o comentário de 1 ano atrás: O herói nosso de cada dia nos dai hoje

    Que o Brasil é o país da jabuticaba todos já sabem. Porém, uma das maiores jabuticabas, das grandonas, é a nossa necessidade de ter sempre um herói de ocasião, sempre à mão, disponível numa prateleira. É uma verdadeira obsessão patológica, uma adicção.
    Basta alguém ajudar uma velhinha atravessar a rua, pronto, temos um herói, principalmente no efeito manada das redes sociais. Até o próximo herói surgir amanhã cedo.
    O Caso Delgatti, o hacker de Araraquara, é um clássico. Dane-se o moleque que aos mais de vinte anos de idade jamais tinha votado e era jogador de Counter Strike, um alienado grau máximo, e, veja só, fez tudo sozinho, não dividiu o “achado” com ninguém. E tome explicações mirabolantes.
    Todo o comportamento problemático foi relativizado, afinal era o “nosso herói”.
    O “solitário” e alienado Delgatti teve a sofisticação incompatível com a sua condição simplória de procurar o The Intercept, que em 2019 ninguém sabia quem era, para divulgar seu “achado”. Ah, mas foi indicação da Manuela. Outra sofisticação improvável, no mínimo, uma deputada do RS (!!!), para quem nunca tinha votado na vida ou se interessado por política.
    Se uma dúzia de pen drives caíssem na minha cabeça em 2019, com o conteúdo “apurado” pelo jogador de Counter Strike depois dos 20 anos, procuraria o Jornal GGN, o DCM, A Forum ou o Brasil 247. Mas foi o Intercept. Impressionante.
    Explode a Vaza Jato. As revelações se sucedem. No auge, Glenn declara que nem tinha começado, ainda havia uma enormidade de revelações que seriam divulgadas.
    Depois de alguns dias dessa declaração, muda tudo, baixa o silêncio. Pouco tempo depois, Glenn deixa o Intercept. E leva junto o silêncio. Nada mais lhe é cobrado. Explicações dispensadas.
    Manuela D’Ávila e Glenn Greenwald devem explicações. Muitas.
    Quem vai jogar luz sobre esse Vale de Sombras?
    PS (1): Oliver Stone, o cineasta norte-americano que está fazendo um documentário sobre Lula, a esta altura já está convencido que lhe venderam gato por lebre.
    PS (2): O “solitário” Delgatti é um rematado pilantra.

  5. Recorro a Silvio Romero para traduzir o estado lastimável a que chegamos, na terceira semana de agosto de 2025. IGUAL ou PIOR que em 1908:
    “É um fato positivo, claro, evidentíssimo por todos reconhecido e proclamado, que as três classes que têm mais de perto dirigido a vida mental e pública do povo brasileiro – os políticos, os jornalistas e os literatos, levaram a um tal grau de confusão, pessimismo e desanimo, que nem eles mesmos tomam mais pé no meio dos desatinos que acumularam.”
    (ROMERO, Silvio. O Brazil Social – 1 – O problema. Revista do IGHB, volume LXIX, parte II, pp.106/107, 1908)
    ‘G-zuis da goiabêra’!

  6. Pra fazer justiça, Munchausen também virou filme:
    As Aventuras do Barão de Münchausen – 1988
    Menos famoso, tão divertido quanto Forrest. Tem no YouTube.

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