Para segurar Cunha como réu no Paraná, Moro anula crime eleitoral

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

 
Jornal GGN – O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) virou réu da Justiça Federal do Paraná. O juiz Sergio Moro aceitou a denúncia contra Cunha por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Contudo, retirada a denúncia das mãos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba anularam a acusação de crime eleitoral. 
 
Cunha supostamente teria recebido a quantia de, pelo menos, R$ 5 milhões de propina e feito a ocultação desse montante nas contas de seu trust para fins eleitorais de campanha. Essa tese foi a defendida por Janot, ao encaminhar denúncia ao Supremo.
 
O processo contra Cunha estava na última instância, nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, mas teve seu caso encaminhado à primeira após a cassaçãodo peemedebista no último mês.
 
Moro aceitou a denúncia do Ministério Público Federal nesta quinta-feira (13), mas contrariou um trecho, anulando-o. A justificativa do magistrado era de que se Eduardo Cunha fosse acusado por crime contra a legislação eleitoral, seria preciso desmembrar o processo. Para que não saia de suas mãos, o juiz do Paraná confirmou que “causa certa estranheza” a necessidade de ratificação da denúncia de Janot, que é “órgão de maior hierarquia no Ministério Público Federal”, mas assim justificou:
 
“Ainda assim, considerando o deslocamento entre as instâncias da legitimidade para a persecução, após a perda do mandato parlamentar do acusado, trata-se de providência pertinente, sem olvidar evidentemente a hierarquia presente”.
 
Com isso, o ex-deputado federal teve o suposto crime eleitoral ignorado por Moro. A partir de agora, Cunha tem até dez dias para apresentar manifestação de sua defesa para a acusação de receber, pelo menos, R$ 5 milhões de propina em contas na Suíça, abastecidas com dinheiro de contratos ilegais da Petrobras na África, para exploração de petróleo no país.
 
Cunha mantem o posicionamento de que as contas não são irregulares e pertencem a trusts, que controlam as contas até então secretas na Suíça. A sua esposa, Claudia Cruz, já é ré sob a mesma acusação no âmbito da Justiça Federal do Paraná.
 
Ainda, o caso contra Eduardo Cunha estava sob sigilo da Justiça, mas Moro retirou o segredo. “A publicidade propiciará assim não só o exercício da ampla defesa pelos investigados, mas também o saudável escrutínio público sobre a atuação da administração pública e da própria Justiça criminal”, decidiu em despacho.
 
Leia a decisão:
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Explica de novo ou manda o

    Explica de novo ou manda o Dellagnol apreesentar em Power Point. A sensação que dá é de nova seletividade. Desta vez favorável ao investigado. Muito bla-bla-bla para pouca pizza.

    1. Favorecer Cunha seria deixar
      Favorecer Cunha seria deixar ele ser julgado pelo STF como Lula tenta desesperadamente que aconteça com ele. Procure pesquisar número de condenações pela Justiça Federal de Curitiba em comparação a número de condenações proferidas pelo Supremo e reveja onde as coisas acabam em pizza.

  2. Palocci está preso porque tem

    Palocci está preso porque tem recursos no exterior que poderiam viabilizar sua fuga, apesar de não se saber quanto e onde estão… Mas Cunha também não poderia utilziar os recursos, sabidos, para viabilizar sua fuga?

    Talvez queiram prender juntos, Cunha e Lula. Apesar da ausência de conexão, serviria muito bem para dar o ar de “pau que dá Chico dá em Francisco” e também para associar os crimes e os criminosos na mente da coletividade.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador