Por que o Ministério Público Federal poupou Flávio Bolsonaro de uma investigação?

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
Jornal GGN – André Barrocal publicou na CartaCapital, na segunda (17), um artigo questionando o “corpo mole” do Ministério Público Federal no caso Coaf-Flávio Bolsonaro. Um ex-assessor do filho do presidente da República foi pego movimentando R$ 1,2 milhão de maneira suspeita, mas o MPF não tem demonstrado nenhum “apetite” acerca do potencial escândalo.
 
Mais do que isso: o Coaf enviou o documento ao MPF no Rio em outubro passado. Um dia antes da Procuradoria solicitar uma batida policial na operação Furna da Onça, Flávio Bolsonaro demitiu o então assessor Fabrício Queiroz, responsável pela conta com R$ 1,2 milhão, e Jair Bolsonaro também exonerou de seu gabinete a filha de Queiroz, Nathalia.
 
Desde então, há a suspeita de que o relatório do Coaf, que implica a família Bolsonaro, vazou antes da Furna da Onça (que prendeu vários deputados e assessores da Assembleia do Rio) ter sua fase ostensiva deflagrada. Isso tudo no meio da corrida presidencial.
 
Fica a questão: quem poderia ter vazado o relatório para a família Bolsonaro?
 
“O chefe da Polícia Federal, Rogério Galloro, e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) foram cobrados por deputados petistas a apurar se houve vazamento de informação e violação do sigilo funcional por parte de policiais envolvidos no caso. Um outro filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo, é da PF”, anotou Barrocal.
 
Além de ter assessorado Flávio Bolsonaro por mais de 10 anos, Queiroz ainda repassou para Michelle Bolsonaro cerca de R$ 24 mil entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
 
Quando as informações foram vazadas na imprensa, a reação do MPF foi emitir uma nota oficial dizendo que o Coaf enviou o relatório que cita o ex-assessor de Flávio Bolsonaro “espontaneamente”, ou seja, os procuradores não pediram por aquilo.
 
O relatório está em posse do MPF desde outubro, mas só agora que o suposto esquema no gabinete de Flávio Bolsonaro veio à tona é que a Procuradoria enviou os dados para investigação no Ministério Público do Estado. Só com a cobrança diária da imprensa por alguma movimentação.
 
Até agora, os indícios divulgados dão conta de que Queiroz era o assessor responsável por arrecadar uma parte do salário de outros 9 funcionários de Flávio Bolsonaro. Eles depositavam o dinheiro em espécie na conta de Queiroz, que sacava também em espécie depois de alguns dias. As datas dos depósitos são próximas ou coincidem com a data de pagamento na Assembleia do Rio.
 
“Se a PF tem pistas do esquema de cobrança de caixinha e se há indícios de que Queiroz poderia ser um arrecadador destas comissões para a família Bolsonaro, via Flávio, por que o MPF, no pedido de prisões e outras medidas cautelares levado à Justiça de 16 de outubro [na operação Furna da Onça], não incluiu a dupla entre seus alvos?”, indagou o repórter.
 
“Estaria a chefe do MPF, a ‘xerife’ Raquel Dodge, interessada em ser reconduzida por Bolsonaro para mais dois anos no cargo? Ou de ao menos tentar salvar a lista de três candidatos eleitos corporativamente pelo MPF como método de escolha do ‘xerife’, a chamada lista tríplice?”, acrescentou.
 
O GGN já havia entrado em contado com o MPF para saber por que a força-tarefa da operação Furna da Onça não investigou Flávio Bolsonaro, ou ainda se haveria algum procedimento em aberto em relação ao senador eleito.
 
Em resposta, a redação recebeu a mesma nota oficial enviada a toda a imprensa, a dizer da “espontaneidade” do Coaf e que a Procuradoria não pode confirmar nem negar qualquer apuração em andamento.
 
Leia o artigo completo aqui.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. E o Lula preso!

    Se a procuradora-geral da republica ja esta “negociando” com bolsonaro nesse nivel de comprometimento, então ela se coloca no mesmo nivel que essa escumalha.  

    So refundando as insituições brasileiras para que um dia elas funcionem como deveriam. 

  2. O cabaré pegou fogo

    Muita gente fala que o Brasil está anestesiado. Está errado. A anestesia tem efeito rápido. Desaparece à medida que o tempo passa. Na realidade o Brasil hoje é um pais idiotizado e assim permanecerá por muito tempo mais. Essa idiotização é levadoa a cabo pela  mídia. e pelas redes sociais. O povo perdeu a referência do que é certo ou errado do que é útil e do que é inútil. As autoridades e as elites cientes disso, tiram proveito da situação para se locupletarem às custas do dinheiro público e das negociatas. A coisa se banalizou de tal modo, que nada mais os faz parar para pensar no mal que nos causam. O cabaré pegou fogo de vez. Talvez só a auto-destruição dessa raça na luta pela nossa carcaça os façam sumirem do mapa.

  3. Credibilidade

    O MPF não investigou porque é parcial, logo, totalmente seletivo nas suas “investigações”. A delimitação do início do período a investigar (janeiro de 2003) mais do que justifica o apelido de Farsa Jato na operação apoiada por 10 entre 10 golpistas e milhões de minions criados pela mídia hegemônica. A vista grossa contra crimes comprovados de um lado, aliada ao festival de denúncias contra Lula, sem provas objetivas porque sem crime, por parte de  alguns procuradores, acabaram de vez com a credibilidade do MPF e da PGR.

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