Lula é “líder internacional nas alterações climáticas”, diz Instituto Internacional

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Em artigo, o instituto apontou o avanço do crime organizado na Amazônia, a importância da diplomacia internacional e pediu apoio dos demais países

Lula se encontra na floresta amazônica com lideranças políticas e indígenas para discutirem Desenvolvimento Sustentável, em Manaus (AM). Foto: Ricardo Stuckert

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi destacado pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), que tem sede no Reino Unido, pelo protagonismo do combate às alterações climáticas e a proteção da Amazônia.

O IISS chamou Lula de “liderança internacional nas alterações climáticas, em amplo alinhamento com os líderes dos outros países amazônicos”, em artigo que traz os riscos do crime organizado, que ameaça e afeta diretamente o desmatamento da gigante floresta tropical.

O instituto lembrou que Lula, em seu primeiro ano de governo no Brasil, também atuou para a “diplomacia regional” e ressaltou a cúpula regional da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), realizado em agosto, em Belém, Pará.

“Durante a cúpula da OTCA em agosto – o primeiro evento deste tipo após um hiato de 14 anos –, os países participantes tentaram elaborar políticas ambientais comuns e uma agenda regional para proteger a floresta tropical. Embora o processo não tenha produzido compromissos específicos sobre o fim da desflorestação até 2030 e a interrupção da produção de petróleo na Amazônia, como muitos esperavam, afirmou a importância da diplomacia regional. Também destacou o crime ambiental como um desafio fundamental para a proteção da floresta tropical e a importância da cooperação internacional nesta questão.”

O avanço do crime organizado na Amazônia

O artigo também destacou a decisão de criar, neste ano, um centro de coordenação para todos os 8 países amazônicos em Manaus, no Brasil. A importância deste centro, apontou o IISS, está nos quadros atuais do crime organizado ligado ao tráfico de drogas na região, que é transnacional e, por isso, palco de entrada e saída de drogas e armas com facilidade de fugir das fiscalizações nacionais.

“Dada a natureza transnacional da floresta amazónica, os países da região há muito reconhecem a necessidade de abordagens regionais e ações coordenadas”, trouxe.

Com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o instituto britânico indicou que “as condições de segurança na região Amazônica têm piorado devido à prevalência e força de grupos armados não estatais e à fraqueza da governança tradicional, especialmente na aplicação da lei e nas fronteiras nacionais.”

“A taxa de homicídios nos estados amazônicos do norte do Brasil aumentou 260% de 1980 a 2019 e, em 2020, a taxa nas áreas urbanas desses estados foi 10 pontos percentuais superior à média nacional. Isto se deve, em parte, ao facto de as organizações do tráfico de droga terem desenvolvido novas rotas de exportação que transitam pela bacia do rio Amazonas. Cerca de 40% de toda a cocaína produzida na Colômbia, Peru e Bolívia flui agora para o Brasil, seja para satisfazer a procura interna, seja para ser traficada posteriormente para a Europa, África e Ásia.”

“Os grupos criminosos na Amazônia lucram com o tráfico de drogas e envolvem-se em atividades abrangentes para lavar dinheiro e explorar os territórios que controlam. Algumas destas atividades causam sérios danos à floresta tropical e à sua biodiversidade, por vezes chamados de ‘narco-desflorestação’, e incluem a exploração madeireira, a apropriação e desmatamento de terras, a mineração e a agricultura ilegais (incluindo a pecuária)”, continuou.

Diante do cenário, o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos pediu “apoio global”, de outros países além dos amazônicos, para “equipar melhor com os recursos necessários para reforçar as instituições existentes e as capacidades de combate ao crime, e para criar novas oportunidades de desenvolvimento sustentável como alternativas às economias criminosas”. E recomendou que os países utilizem como modelo o Fundo Amazônia.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador