A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu uma mudança na forma como a natureza deve ser avaliada em termos de políticas públicas, para que a prioridade seja colocada no valor trazido pela natureza, e não no custo de sua preservação.]
“A natureza tem valores que, muitas vezes, a forma e o estágio em que nos encontramos ainda não conseguiram alcançar. Em algum momento, vamos descobrir que esses valores existem e que talvez possam ser precificados”, disse a ministra durante painel no Fórum Econômico Mundial, finalizado nesta sexta-feira, 19 de janeiro, em Davos, na Suíça.
Como exemplo, a ministra citou a produção hídrica da Amazônia, que evapora diariamente um total de 20 bilhões de toneladas de água, o equivalente a 20 trilhões de litros que se dispersam na natureza e na atmosfera. Esse fenômeno regula o regime de chuvas da América Latina e afeta cerca de 75% do PIB do continente.
“Se fôssemos bombear essa água, precisaríamos de 50 mil Itaipus. Alguém consegue imaginar um investimento como esse? A natureza faz isso apenas usando a terra, seus nutrientes, a floresta, o sol e o vento. É um serviço ecossistêmico incalculável”, explicou Marina.
Em linhas gerais, a definição de serviços ecossistêmicos se dá pelos benefícios que a humanidade consegue obter dos ecossistemas de forma direta ou indireta, como a obtenção de madeira, a regulação do clima ou o ciclo da água.
Serviços ecossistêmicos serão uma das quatro prioridades do grupo de trabalho (GT) de Sustentabilidade Ambiental e Climática da presidência brasileira do G20, coordenado pela pasta de Marina Silva e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE). Os outros tópicos são: adaptação preventiva e emergencial a eventos climáticos extremos, resíduos e economia circular e oceanos.
Metas ambientais
Em painel realizado na terça-feira com a participação do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, Marina comentou as metas ambientais mais importantes adotadas pelos governos brasileiro e colombiano para a Amazônia: zerar o desmatamento até 2030, no caso do Brasil, e encerrar a extração de petróleo e gás, no caso da Colômbia.
“O Brasil tomou uma decisão corajosa de desmatamento zero. A Colômbia tomou decisão em relação a petróleo zero. Em algum momento nós vamos nos encontrar, a Colômbia vai dizer que é desmatamento zero e a humanidade vai ter que dizer que é petróleo zero”, afirmou a ministra.
Marina ainda destacou a necessidade de se debater o fim do incentivo ao uso de combustíveis fósseis e mencionou subsídios de US$ 7 trilhões para o setor em todo o mundo durante em 2022.
A ministra destacou ainda que a transição deve ser liderada pelos países industrializados, maiores responsáveis pelas emissões históricas, em um contexto em que o financiamento climático ainda está aquém do necessário.
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