Noruega deve ter 15 mil carros elétricos até o fim deste ano

Jornal GGN – Um dos países europeus que já vinham se destacando nos últimos anos no uso de veículos movidos a energia elétrica, a Noruega deve registrar, até o último dia deste ano, a marca de 15 mil carros elétricos circulando nas estradas do país – taxa dez vezes maior que a dos vizinhos Dinamarca e Suécia. A estimativa é calculada pelos números recentes de aquisições desse tipo de veículo, que, pelo segundo mês consecutivo, supera o de veículos movidos a combustíveis derivados de petróleo. Além do exemplo do príncipe herdeiro do país, que passou usar um carro elétrico, o governo também proporciona incentivos para a população comprar carros elétricos.

“A Noruega está mostrando o caminho para sair da dependência do petróleo, ou mesmo vício”, afirma Snorre Sletvold, presidente da Associação Norueguesa de Carros Elétricos. Ainda que representem uma pequena fração, na comparação com toda a frota de veículos do país, os carros elétricos têm aumentado em quantidade a cada mês. Os veículos desse tipo foram responsáveis por 7,2% das vendas de automóveis da Noruega em outubro, em comparação com 3,4% das vendas no mesmo período do ano passado.

Nos dez primeiros meses de 2013, foram vendidos 5.200 unidades de um modelo Volkswagen (incluindo a versão elétrica do famoso Golf). Fabricantes como BMW e Renault deverão lançar seus veículos elétricos nos próximos meses. Em setembro, o modelo Tesla S foi a escolha pessoal do príncipe herdeiro Haakon, tornando o carro um dos mais vendidos da categoria. Entre os incentivos do governo para a aquisição de carros elétricos, está, por exemplo, a isenção de IPVA e de taxas em estacionamentos públicos. Além disso, os elétricos são autorizados a usar as vias exclusivas de ônibus.

“O sucesso duradouro desses carros vai depender da decisão das autoridades de manter esses incentivos no longo prazo”, avalia Paal Bruhn, executivo de uma entidade rodoviária norueguesa. No momento, um acordo entre os vários partidos políticos garante os incentivos pelo menos até o final de 2017 – data em que a estimativa de carros elétricos no país chega a 50 mil unidades.

Sem impostos

As políticas de incentivo têm colocado no mesmo patamar carros elétricos de diferentes portes e preços. Modelos de luxo, como o Tesla S usado pelo príncipe, que chega a custar o equivalente a US$ 100 mil, também se beneficiam de isenções. O modelo gera críticas. Uma entidade independente calcula que as isenções fiscais para veículos elétricos mais populares somam um valor maior que o próprio preço do carro, gerando dúvidas sobre se o país não estaria, na verdade, pagando para que a população trafegue em carros elétricos.

“Graças a políticos que não sabem o que estavam fazendo na indústria automotiva da Noruega, que têm seguido cegamente os seus fornecedores, agora estamos assistindo a uma invasão de carros elétricos, o que não tem um caráter muito social”, afirma um especialista do setor de automóveis ao site Bil Norge. Mas as autoridades norueguesas afirmam serem indispensáveis as políticas de incentivo aos carros elétricos. Segundo eles, o modelo “desmascara” equívocos de que carros elétricos “são feios, inseguros e com uma autonomia limitada”.

Bjart Holtsmark, pesquisador da Statistics Norway, também critica a política de incentivos, principalmente por conta de eventuais perdas financeiras para o Estado. Para ele, a política de incentivos vai levar as famílias a comprar um segundo carro, em vez de usar o transporte público, o que reduziria a quantidade de veículos nas ruas. “Os carros elétricos não devem ser subsidiados em tudo”, afirma. “Seria mais inteligente usar esse dinheiro em pesquisas para desenvolvimento de baterias melhores”.

Redação

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