O Rio Doce já não é doce há muito tempo!

Enviado por Rdmaestri

Como o assunto agora é o impedimento da presidente Dilma só de forma secundária se noticia algo sobre a tragédia da Samarco. Parece até que o Cunha recebeu um incentivo de grandes empresas para tirar o foco da discussão sobre o acidente que enterrou a vila de Mariana em Minas Gerais, porém como trabalho com água há algumas décadas (quase meio século), continuei olhando o que saía e procurei na rede dados concretos sobre o assunto.

Primeiro, meio perdido, procurei no site da ANA (Agência Nacional de Águas) informações sobre a evolução da lama despejada pela barragem rompida, pois segundo o próprio site da mesma a Agência Reguladora tem por objetivo “Por isso, a ANA desempenha ações de Regulação, Apoio à Gestão dos recursos hídricos, de Monitoramento de rios e reservatórios, de Planejamento dos recursos hídricos, além de desenvolver Programas e Projetos e oferecer um conjunto deInformações com o objetivo de estimular a adequada gestão e o uso racional e sustentável dos recursos hídricos.”

Para minha infelicidade a única coisa que achei foi o envio ao site da ex Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) que quer ser chamada de Serviço Geológico do Brasil, numa macaquice completa a organização U. S. Geological Survey onde aparece algumas informações incompletas de dados que estão sendo coletados por outros órgãos num boletim diário que irá se estender de 25 de novembro a 09 de dezembro numa deferência toda especial a todos aqueles que estão preocupados com o assunto.

Somente hoje me rendi à curiosidade e passando pelo site da Samarco vi referências ao trabalho realizado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) – Gerência de Monitoramento de Qualidade das Águas. Este instituto do governo Mineiro apresenta diferentemente do que a ANA e a CPRM deveriam apresentar relatórios técnicos detalhados de toda a situação do Rio Doce, foram editados dois relatórios sínteses sobre o assunto um (relatórios de 17 e de 30 de novembro de 2015), e estes relatórios para quem tiver interesse pode ser baixado no site do IGAM e podem ser lidos tanto por pessoas com conhecimento técnico como para quem não os tenha.

O primeiro alguns comentários maldosos sobre a atuação da ANA e CPRM, sendo dois órgãos responsáveis pelo monitoramento da qualidade dos rios brasileiros, poderiam ou editar algo como o que o governo mineiro está fazendo, ou recolher-se a sua insignificância e remeter as páginas acima citadas. Talvez a interpretação que possa se ter deste descaso é que como sendo os agentes da ANA, profissionais de Estado, vinculados as grandes coisas como regulamentar o uso da água no Brasil, não tendo tempo para levantar de seus belos assentos em salas climatizadas em Brasília para verificar se o que planejam no papel estejam sendo realmente sendo executado no país.

Por outro lado a CPRM(ou como eles talvez gostariam de ser chamados “Brazil Geological Survey” nome fantasia (?) da CPRM – primeira vez que vejo órgão público ter nome Fantasia, vide o blog da CPRM “O Serviço Geológico do Brasil ou CPRM, nome fantasia advindo da razão social Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, é uma empresa pública que está diretamente ligada a Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM) do Ministério de Minas e Energia.”), esquecem que formação e a origem dos geólogos norte-americanos é totalmente diferente dos brasileiros e água para eles é mais um insumo do que um objeto de trabalho e apesar de serem responsáveis por estudos hidrológicos no nosso país, não lhe dão o devido interesse. Logo deveriam deixar para outros as tarefas que lhe são atribuídas.

Passado os comentários maldosos vamos ao fato que realmente importa. Ao olhar os dados das análises de água meticulosamente apresentados e comentados nos relatórios, se constata o seguinte:

Que o Rio Doce já deixou de ser um rio doce há muito tempo, e o evento da Samarco só demonstrará com mais clareza o que realmente ocorre.

Primeiro, o rio Doce já é classificado conforme o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (Resolução nº 357, de 17 de março de 2005) como um rio de Classe 2 (que na realidade deveria ser chamado um rio de terceira categoria, pois espera-se dele uma qualidade de água pior do que os rios de classe especial e de Classe 1. Agora o que mais espanta quando se lê com cuidado os relatórios mineiros é que HISTORICAMENTE a maioria dos parâmetros mínimos de qualidade das água já foram ultrapassados antes mesmo do lodo da Samarco.

Não isentando a empresa, quando passou à mancha de lodo estes parâmetros foram olimpicamente ultrapassados por alguns dias ou mesmo ainda continuam sendo recordes por algum tempo. Quer dizer a passagem da mancha de lodo transformou o Rio Doce num rio de terceira (Classe 2) num rio de quinta (Classe 4), rios que só servem para a navegação e ao paisagismo(?). Vê-se claramente que após a passagem da mancha o Rio Doce tende a assumir a ser a velha porcaria de sempre, onde fica claro que as cidades que o rodeiam com seu esgoto doméstico e industrial, estão fazendo há muito tempo o treinamento para o rio se mantenha na terceira divisão da qualidade dos rios brasileiros.

O que fica evidente com tudo isto, que além da negligência criminosa das mineradoras que matam em acidentes (este não é o único acidente com barragens em Minas!) e que as comunidades ribeirinhas contribuem em muito para a sua própria desgraça, conservando os rios que as servem em divisões inferiores e fazendo tudo para o rebaixamento.

Acho que o professor Paulo Rosman da Coppe-Rio, que contra a corrente vaticinou que o Rio Doce voltará à vida em cinco meses, tem completa razão, pois para ele retornar as condições deploráveis que já possuía no passado recentíssimo não é necessário muito. O difícil será fazer que o Rio Doce voltasse a ter características que tinha no passado remoto que provavelmente poucos que o conhece nos dias atuais sabem como era, ou seja, para voltar a ser um rio doce ou daqui há décadas ou NUNCA MAIS.

Redação

21 Comentários

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  1. outro desastre

    ‘o acidente que enterrou a vila de Mariana’ não foi um acidente mas desastre previsivel, não enterrou mas soterrou, e não foi a vila de Mariana nem tampouco Mariana é uma vila. Parei a leitura aí mesmo.

    1. Pois se lesse o resto veria exatamente que também não …

      caracterizo como um acidente não previsível. É um acidente igual a um automóvel andando em excesso de velocidade numa rua e com um motorista inexperiente, não deixa de apresentar culpa mas não deixa de ser um acidente.

      Agora esta história de que li até aqui e parei, geralmente é uma maneira de desqualificar o texto para não discutir o resto do mesmo.

      Acho que a postura de muitos será esta, pois o que questiono aqui é a responsabilidade coletiva, que todos os habitantes BRASILEIROS tem sobre a natureza. É simples colocar nas costas de uma grande imprensa toda a culpa de algo que foi agravado em muito por ela mesmo mas que foi começado e cultivado por todos.

      Dou um exemplo muito simples, muitas pessoas tem nas suas casas fossas sépticas que servem para um tratamento primário do esgoto. Essas fossas devem sofrer periodicamente a retirada do lodo e nas cidades principais tem-se pequenas empresas especializadas na retirada e manutenção das fossas. O percentual de cidadãos que fazem esta manutenção periódica das suas fossas é mínimo, e isto representa que no lugar de diminuir em 30% a 40% a quantidade de poluição se deixa passar 100%.

      Se um candidato a prefeito basear a sua campanha em saneamento ambiental ele será facilmente suplantado por outro que prometer a colocação de mais 5 centros de saúde para tratar as doenças de veiculação hídrica que seriam evitadas pelas ações ambientais.

      Se um prefeito em exercício multar os seus munícipes por estes fazerem ligações clandestinas no esgoto pluvial de esgoto cloacal ele rapidamente será acusado por ímpeto arrecadador através das multas.

      É muito mais cômodo, é muito mais simpático e é muito mais fácil fixar todas as armas contra uma empresa grande e que agiu de forma irresponsável e criminosa, porém é difícil levar a todos a pequena culpa individual.

      1. Não posso concordar com a

        Não posso concordar com a tese de acidente.

        A verdade é clara: Jogaram mais lama na barragem do que ela poderia suportar. A barragem cedeu.

        Isto não é acidente. É crime.

        Detalhe: Rio morto não tem peixes de mais de 10 kilos.

        1. Josimar, rio morto é um rio classe 4 ou pior e …

          Josimar, rio morto é um rio classe 4 ou pior e mesmo nestes rios dependendo da qualidade da poluição se pode encontrar peixes bem gordinhos. Na cidade de Porto Alegre, temos um arroio que se chama Arroio Dilúvio, é uma verdadeira cloaca a céu aberto, e moradores de rua simplesmente pescam e se alimentam de peixes deste arroio, bem gordinhos e com aparência saudável. Como estes moradores não fazem checkup anual, ninguém sabe qual é o estado de saúde dos mesmos, e quando os mesmos falecem é difícil saber do que faleceram!

          Segundo que eu li nas poucas divulgações de dados técnicos, os coeficientes de segurança das barragens da Samarco eram da ordem de 1,27 a 1,3, ou seja, estavam dimensionadas para 27% a 30% de carga maior do que receberam, eu quando projeto barragens convencionais uso coeficientes de segurança da ordem de 2,5 a 3, ou seja, 250% a 300% acima da carga máxima que elas estão submetidas.

          Supondo que as informações dos coeficientes de segurança estejam corretas, podes julgar o que ocorreu e o juiz também poderá julgar!

    1. O Tâmisa não tinha nenhum peixe, depois de um esforço …

      O Tâmisa não tinha nenhum peixe, depois de um esforço concentrado e dinheiro investido a natureza está se recuperando de uma ação de vários séculos.

      Temos mais água, temos mais superfície e por mais incrível que possa parecer a nossa situação de poluição dos nossos rios é ainda menos grave do que os rios europeus nos anos 50, logo filosofar de forma contemplativa e não fazer nada é romântico mas só agrava a situação.

      Os rios brasileiros tem cura, a cura não é tão cara assim, mas precisamos colocar as responsabilidades nos ombros de cada um, inclusive dos filósofos.

  2. rio doce

    O desastre ocorreu em  Bento Rodrigues, que é um subdistrito do município mineiro de Mariana.

    Há uns 2 anos, fui de BH a Vitória no trem de passageiros da Vale. Fiz isso como longo e ótimo passeio. A estrada de ferro acompanha o vale do Rio Doce. Observei a falta de atividade ao longo do rio: pouquíssimas aves aquáticas, um ou outro raro pescador, quase nenhuma embarcação. Talvez fosse por causa da época (outubro). Mas fiquei com a impressão de rio com pouca vida. Daí meu interesse inicial por seu artigo. Mas aí a vila de Mariana estragou minha confiança no que poderia vir depois.

      1. Procuro não

        Este excelente blog vem sofrendo com frequentes erros crassos de português, matemática, geografia, história e outras matérias do ensino fundamental. Não me refiro a errinhos óbvios de datilografia ou transcrição, esses dignos do nome errata.

  3. Quanto ao CPRM e ANA, apenas

    Quanto ao CPRM e ANA, apenas fizeram jus ao fato de serem compostos por funcionários públicos concursados que não podem ser demitidos.

  4. Frase sem sentido…

    Rogério, vc poderia aprofundar isto?

    “O que fica evidente com tudo isto, que além da negligência criminosa das mineradoras que matam em acidentes (este não é o único acidente com barragens em Minas!) e que as comunidades ribeirinhas contribuem em muito para a sua própria desgraça, conservando os rios que as servem em divisões inferiores e fazendo tudo para o rebaixamento.”

    1. O que ficou evidente, além da negligência?

    2. Comunidades ribeirinhas contribuem MUITO ? Seria tavez com suas máquinas de aterro Massey Ferguson, seus latifúndios, sua agricultura mecanizada ? Quanto seria este MUITO em comparação com o despejo de esgoto de todas as cidades, as barragens ao longo do rio, o lavagem do solo com agrotóxicos? Quais suas medidas para afirmar isto?

    3. Negligência criminosa ou acidente? Vc tem que se decidir, pois um conceito não bate com a outro.

     

     

    1. Caro, Schutzstaffel (podia arrumar uma coisa melhor do que SS!)

      Já respondi em outras intervenções a esta pergunta, trabalhar com coeficientes de segurança da ordem de 1,3 em maciços de barragens de rejeitos é ainda pior do que “negligência criminosa”, não vou voltar ao assunto pois já deixei bem claro a minha opinião sobre o assunto. Agora um acidente segundo definição que peguei na Internet é: Um acidente é um evento inesperado e quase sempre indesejável que causa danos pessoais, materiais (danos ao patrimônio), danos financeiros e que ocorre de modo não intencional.

      Logo, não acredito que os donos da Samarco e demais mineradoras acordem de manhã e digam:

      – Vou construir uma barragem de rejeitos para que esta caia e mate duas dezenas de pessoas e possa até levar a minha empresa a falência.

      O raciocínio é do maior lucro possível, levando ao extremo do risco obras como a da Samarco.

      Agora, empregar o raciocínio do “bon sauvage” aos pequenos proprietários que mesmo sabendo que tatu e capivara são proibidos de caçar e ficam horas de tocaia procurando os bichinhos para fazer um bom prato, é o que me irrita.

      A diferença dos grandes proprietários para os pequenos proprietários é que os grandes promovem grandes poluições e desmatamentos, e os pequenos proprietários pequenas poluições e pequenos desmatamentos.

      Os pequenos proprietários utilizam também agrotóxicos, e se não utilizarem entram em falência, esta história de vender alface ecológica em feiras nas grandes cidades é para 1% dos que moram próximo as grandes cidades, tem um caminhanzinho para ir até a feira e compraram um espaço dos fiscais da prefeitura para vender o seu produto.

      Quanto a contribuição das grandes cidades, se olhasse nos levantamentos dos dados históricos do Rio Doce verias CLARAMENTE, que a poluição deste rio é mais intensa a medida que passa pelas grandes cidades e não nas cabeceiras onde estão as mineradoras. Isto é um dado não uma especulação. (perderam o link quando postaram o artigo, mas coloco-o aqui de novo http://www.igam.mg.gov.br/component/content/article/16/1632-monitoramento-da-qualidade-das-aguas-superficiais-do-rio-doce-no-estado-de-minas-gerais . Note-se de passagem que indicadores biológicos, como coliformes fecais e demanda bioquímica de oxigênio não estão incluídos nos ensaios, pois não é o caso.

      Para ficar mais fácil vou colocar os valores históricos para os diversos pontos de coleta, sempre de montante para jusante (montante é para cima e jusante é para baixo).

      Os demais parâmetros físicos medidos estão dentro dos limites permitidos ou bem próximo a eles, chamo a atenção que no caso do oxigênio dissolvido, quanto maior melhor.

      Nas tabelas acima destacadas que forma retiradas dos relatório supra-citado, mostra com clareza que excetuando o caso do Manganês total, que pode este sim ser produto da mineração, as demais propriedades que caracterizam a má qualidade histórica do Rio Doce são mais notáveis próximo as cidades (Ipatinga, Governador Valadares e mais a jusante no último trecho)

      Estou colocando as tabelas porque eu não ACHO NADA, eu simplesmente constato em dados reais, e quando escrevo algo que seja técnico tento basear em DADOS e não em Hipóteses Idílicas e filosóficas.

      O mais incrível é que o máximo em ferro dissolvido não está nas cabeceiras junto as mineradoras, mas sim a Jusante de Governador Valadares e dispara daí por diante mostrando que o inimaginável, que a poluição por ferro NÃO VEM DAS MINERADORAS.

      Pode ser até que a frase num primeiro momento possa parecer sem sentido, mas olhando os dados históricos medidos ela fica completamente lógica e racional (só aviso, comunidades ribeirinhas são comunidades que moram na beira dos rios, e cidades de médio e grande porte na beira dos rios, são comunidades e ribeirinhas).

      1. Caro Maestri, obrigado pela

        Caro Maestri, obrigado pela resposta.

        Não discordamos muito. Para a empresa e para as partes públicas e privadas responsáveis pela construção, operação e monitoramento da barragem, foi um acidente sim. Para quem está fora e analisa todos os procedimentos, houve negligência, imprudência e talvez imperícia. Isto gera culpa, e anula o conceito de “acidente”, ou evento inesperado. Quantos as comunidades, concordo, só quis deixar claro que a contribuição dos ribeirinhos não-urbanos, é mínima.

        Vc não é o primeiro a brincar com as iniciais dos meus sobrenomes de origem português e italiano. É relevante? Vc tem saudades da SS? Minha participação no Blog lembra algo da SS?

        1. Olha, SS, na minha família tenho um tio que morreu em ….

          combate na segunda grande guerra (grande aviador, era grande não em tamanho, pois era baixinho, segundo maior em missões de toda a FEB), logo, é uma tradição familiar matar nazistas.

        2. Mais um comentário.

          No norte do Rio Grande do Sul, na bacia dos rios Pelotas e Uruguai há grandes criações de porcos, estes geravam e jogavam no passado (agora a coisa melhorou) o equivalente a 3 vezes a poluição dos moradores da região metropolitana de Porto Alegre (um porco come e defeca que é uma desgraça). E eram ribeirinhos, pequenos proprietários e não urbanos.

          Orientei um trabalho de TCC sobre resíduos da suino-cultura e posso dizer, além de feder um bocado os bichões são uma fábrica de poluição.

          1. Os gaúchos, de modo geral,

            Os gaúchos, de modo geral, acabaram com os recursos naturais do Estado, e de vários outros do país, na conquista do Norte-Oeste. São blockbusters da (e por) natureza. É onde a perda do solo produtivo é mais grave em todo o Brasil. Seria um caso para um grande combatente pra reverter isto, como seu tio. SQN…

          2. Sérgio, se queres discutir perda de solo, posso também …

            Sérgio, se queres discutir perda de solo, plantio direto e outras cositas, posso também discutir, porém vai ficar chato para os demais.

            Agora não esqueça que o Pampa nunca teve matas é um campo imenso com pequenas manchas de mato, logo um gaúcho chega naquele mato todo, não ve nenhum lugar para andar a cavalo, o resultado: Só pensa em moto-serra!

  5. Uma boa discussão.

    Não se trata de constatar que o Rio Doce está morto.  Todos os principais rios do Sudeste e Sul do Brasil estão em total degeneração, alguns mais do que os outros. Trata-se de iniciar políticas públicas que levem a médio prazo  à regeneração destas bacias hidrográficas, pois a intervenção tem que ser a nivel de bacia para que tenha algum resultado.  Se não se pode fazer tudo de uma vez, que se crie uma escala de ação.  O que não se pode é culpar a população, em particular os ribeirihos, pelo mal destes rios.  Eles não tem culpa, pois fazem parte do sistema e sua ação não é a principal causa do problema.  Eles devem ser vistos como parte do problema, pois suas vidas são severamente afetadas pela degeneração das águas, que eles sempre usaram como fonte de água potável, irrigação, laser e fonte de proteínas. 

    1. Políticas públicas não depende da vontade dos políticos.

      No Brasil há uma espécie de herança do Sebastianismo que consiste em esperar um “iluminado” que nos traga soluções prontas e mágicas sobre tudo. Nada é de nosso alcance, temos que esperar as “políticas públicas” que sairão da inspiração divina de algum mago-governante e de preferência com dinheiro vindo do nada resolver todos os problemas.

      Claro, aqueles que moram na beira dos rios não tem culpa, mesmo que lancem esgotos neste rio, logicamente os que moram longe dos rios também não tem culpa, pois eles moram longe dos rios, em resumo ninguém tem culpa de nada, mas a poluição aumenta.

      Quando surge uma indústria, algo que deve ser de alguém de outro planeta, esta é a culpada de tudo, mesmo que ela utilize a água em circuito fechado. Não interessa se ela tem ou não preocupação ambiental, se ela tem ela está fazendo a sua obrigação, se ela não tem ela é a origem do mal.

      Caro José, o meu discurso é simples, todos os que moram, trabalham ou se divertem num determinado rio são ribeirinhos, utilizo a definição do dicionário: “Ribeirinho são aqueles que se encontram ou moram próximo de um rio ou ribeiro.” não diferencio o grande que poderia ser o ribeirão, o médio o ribeiro e o pequeno que seria o ribeirinho. Isto não existe, assim como não podemos esperar que venha Don Sebastião para nos livrar dos espanhóis.

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